A Família de Schoenstatt no Brasil tem muito a oferecer ao mundo
Ir. M. Nilza P. da Silva – Em visita ao Brasil, na semana passada, Pe. Juan Pablo Catoggio, Superior Geral do Instituto dos Padres de Schoenstatt concede uma entrevista na qual discorre sobre sua comunidade, suas perspectivas para os próximos anos de Schoenstatt e a contribuição do Brasil para todo o mundo.
O que o senhor veio fazer no Brasil?
Nós tivemos um encontro com o Conselho da Direção dos Padres no Brasil e representantes do Conselho da Direção Geral e o Conselho da Direção da Província Pentecostes, do Chile. Estivemos durante toda esta semana juntos, para conversar, sobretudo para conhecer mais de perto Schoenstatt no Brasil, a vida e a realidade do desenvolvimento atual que é muito impactante.
Quantos Padres de Schoenstatt há no mundo?
Nós somos em um pouco mais de 350 em 18 países. Somos poucos e nossa Fundação é jovem, recém completamos 50 anos.
Qual a missão dos Padres de Schoenstatt?
É uma missão muito específica, inteiramente a serviço do Movimento. Nossa missão é continuar o que viveu o Pai e Fundador (Pe. José Kentenich) fazê-lo estar sempre presente, continuar a obra que ele começou, como ele fez, como ele faria agora, por meio de nós. Com isso, sermos instrumentos da Mãe e Rainha, como ele foi sempre foi. Com isso, estarmos a serviço da Família de Schoenstatt: servir, sustentar, apoiar e inspirar. Ser uma força de inspiração, de educação e, em muitos casos, dependendo do país e das circunstâncias, também dar a condução, sermos guias do Movimento. Porém, sobretudo é fortemente na matéria de inspirar, alimentar e dar formação.
Como Superior Geral dos Padres de Schoenstatt, o também coordena a Equipe da Presidência Geral da Obra de Schoenstatt. Quais são as suas perspectivas para Schoenstatt nessa nova etapa da história?
Em primeiro lugar, devemos nos abrir para as surpresas do Espírito Santo. Porque neste novo século de nossa história a Igreja está mudando e vai mudar muito mais. Em Schoenstatt, se formos abertos para o Espírito Santo e continuarmos nas correntes da Igreja vamos mudar muito também.
O que penso quando digo que vamos mudar muito? Toda a Igreja está em um grande crescimento assimétrico. Na Europa ela está diminuindo, na América Latina a Igreja continua crescendo de modo moderado. Na África e Ásia, especialmente em alguns países, a Igreja cresce de forma explosiva. Contudo, Schoenstatt está muito pouco presente ali. Os Padres e as Irmãs estão presentes na Índia, na África do Sul, em Burundi, nós padres temos muitas vocações na Nigéria. Mas, nos próximos anos esse crescimento será cada vez maior.
Então, o desafio é abrir-nos para novas correntes de vida, novas formas de expressão, talvez para novas formas de expressão para que o carisma de Schoenstatt tenha expressão e seja fecundo para toda a Igreja. É assim que eu penso, vai ser um Schoenstatt muito mais universal e mais multi cultural.
Em segundo lugar, Schoenstatt deve ser muito mais missionário, por isso, mais aberto e mais livre. Não temos que perder nossas comunidades dirigentes, porque sem elas o Movimento se apaga. Mas, o Movimento tem que ser muito mais amplo, universal, talvez mais flexível. Acima de tudo, um Movimento mais missionário de todos os modos, para que se projete nos diferentes âmbitos da Igreja, do social, do pedagógico.
No primeiro século Schoenstatt esteve mais concentrado na Europa e na América Latina. No segundo século, vai correr pelo resto do mundo. Penso que no primeiro século, Schoenstatt se concentrou, especialmente, nas comunidades organizadas: comunidades dirigentes, uma Liga mais organizada… Mas, eu creio que nesta segunda etapa, vai ser mais forte o popular, o amplo, e Schoenstatt vai se concentrar mais em certas áreas, como colégios, educação, projetos sociais, também com uma maior presença na vida paroquial.
Que contribuição a Família de Schoenstatt no Brasil pode dar para isso?
A Família de Schoenstatt do Brasil vai ter um papel muito especial. Eu creio que Schoenstatt, aqui no Brasil, tem muito dessas características e pode oferecer isso ao Movimento no mundo inteiro. A Campanha da Mãe Peregrina é o maior exemplo disso. Já tem uma história comprovada, graças a santidade e ao testemunho de Pozzobon. Mas, essa Campanha já transcendeu do Brasil, na Argentina – minha pátria – a Campanha é muito forte, também no Paraguai, assim como atualmente em muitíssimos países, em todos os continentes. Também é incrível o fenômeno do Terço dos Homens Mãe Rainha.
Eu creio que fenômenos assim são formas como Schoenstatt, no futuro, vai se estender facilmente por toda a Igreja no mundo inteiro. Porque esta forma de Schoenstatt – como a Campanha da Mãe Peregrina e o Terço dos Homens – em lugares da Igreja, como exemplo, na África – eu estive dois anos na Nigéria – vai ter um sucesso extraordinário.
Mas, a segunda razão é porque o Brasil, em sua identidade, é acentuadamente multicultural. Nenhum outro país é assim. Aqui há descendentes de portugueses, alemães, polacos, japoneses, africanos… e todos são 100 % brasileiros. O Brasil tem uma identidade multicultural muito forte e isso vai facilitar muito para que Schoenstatt, daqui, possa expandir e chegar a outros continentes. Eu creio que será assim, porque o Espírito Santo é que conduz a Igreja, que conduz a Obra de Schoenstatt e, aqui no Brasil, penso que o Espírito Santo tem uma criatividade muito especial e cria todas essas formas. Então, temos que estar abertos para apoiá-los.