Lugar de lutas e heroísmo.
Karen Bueno – Poucas pessoas e pouca agitação, mas muita riqueza histórica. Assim é a vida ao redor do Santuário da Unidade, em Cambrai, na França. Mais do que um lugar de graças, onde a Mãe e Rainha habita, a região guarda a herança dos últimos momentos de José Engling, o jovem congregado da geração fundadora de Schoenstatt que ofereceu sua vida pela Aliança de Amor na Primeira Guerra Mundial.
Por ser uma região distante do Centro Internacional de Schoenstatt, Cambrai é pouco visitado pela Família Internacional do Movimento Apostólico. Por isso, uma jovem brasileira, da Jufem, compartilha as impressões e histórias desse importante local da história de Schoenstatt. Bárbara Sthéfani Caldas pertence à Juventude Feminina de Schoenstatt de Ibiporã/PR e atualmente mora em Grenoble, na região de Rhône-Alpes, no sul da França. Ela teve a oportunidade de conhecer o Santuário da Unidade, no norte do país, descobrindo o espírito de Cambrai e sua importância para a Obra Internacional.
Esse Santuário foi inaugurado no dia 12 de setembro de 1965, perto do lugar onde José Engling caiu durante a Primeira Guerra Mundial. Ele foi construído por alemães e franceses, logo, leva a missão de promover a “Unidade”. Além disso, o Santuário foi uma oferta da Família Internacional de Schoenstatt para a liberação do Fundador, Pe. José Kentenich, durante o exílio em Milwaukee (EUA).
Terra de batalhas
Bárbara conta que é um local bem simples, cuidado por poucas pessoas. “Há um monumento para Engling com suas últimas palavras, antes de morrer, à Mãe de Deus. Todo esse espaço era um campo de batalha na Primeira Guerra Mundial. Ao lado há um cemitério, que já existia antes da Guerra e foi onde Engling ficou escondido com seu batalhão, eles se esconderam atrás dos túmulos. Ali foi a última refeição de José Engling e depois eles [os soldados] foram marchando até outro campo para, cumprindo ordens, verificar como estava”.
No cemitério militar que há ali – diz ela – tem corpos de muitos jovens que lutaram na guerra, cerca de 3.000 pessoas enterradas, segundo indica uma senhora do Movimento. Há russos, franceses, alemães, pessoas de várias nacionalidades. Há alguns anos, os Irmãos de Maria de Schoenstatt e outras pessoas do Movimento fizeram escavações nessa região, pois, apesar de se saber o lugar exato onde o jovem congregado morreu, seus restos mortais nunca foram encontrados. Eles não descobriram com exatidão os ossos de Engling, mas é muito provável que estejam enterrados ali.
A Mãe de Deus está lá
As palavras do memorial, ao lado do Santuário, recordam os últimos momentos do jovem soldado, que, ali, “pela última vez cozinhou batatas, colhidas num campo próximo”. Perto do Santuário, à sua frente, há um campo aberto, que é o lugar onde José Engling faleceu. É o cenário perfeito onde se deu a Aliança de Amor em seu nível mais elevado, de um jovem coração que se lançou como semente para a constituição da Obra de Schoenstatt.
“Foi muito importante, para mim, ter visitado esse lugar e espero que todos os schoenstattianos possam um dia sentir a mesma coisa que eu senti. É um lugar que, de certa forma, remete a coisas tristes, mas que também dá muita alegria de poder visitar, porque apesar da dor que ocorreu ali, sabemos que a Mãe de Deus está lá e isso nos faz muito felizes”, conclui Bárbara.