“Então avancemos! Sim, avancemos na pesquisa e na conquista do nosso mundo interior”
Karen Bueno – Com a reflexão “Sejam luz para o mundo”, iniciam os trabalhos do terceiro dia do Congresso Internacional Schoenstatt de Educação, em Londrina/PR. A palestra da Prof. Dra. Silvia Márcia Ferreira Melleti abre a manhã de palestras no teatro Mãe de Deus. Ela apresenta sua pesquisa quantitativa e qualitativa sobre o quadro contextual da educação especial no Brasil.
“A medida da qualidade passa pelos indicadores sociais”, salienta. O objetivo de seu trabalho é analisar a política educacional brasileira no contexto da educação para todos; analisar os indicadores demográficos e educacionais relacionados à pessoa com deficiência no Brasil.
“Os números são uma expressão da carência nacional”, diz Sílvia, que mostra, pelos dados oficiais, a urgência de melhorias no acesso ao ensino regular para crianças e jovens com necessidades especiais.
Ela aponta, segundo números de 2012, que 2.600.000 pessoas, aproximadamente, têm deficiência no Brasil. Um quarto dessas são crianças e jovens em idade de formação regular.
“Quando a gente trata da inclusão de pessoas com deficiência no ensino regular, os dados oficiais mostram como esse sistema é precário e não alcança seu objetivo. Destacando que eu me refiro a todos os tipos de deficiência, seja ela física ou intelectual. Não há o que justifique isso”.
Analisando o quadro de acessibilidade ao ensino especial no Brasil, seja no ensino público ou privado, Sílvia mostra que “a política de acessibilidade para pessoas com deficiência é assumida muito mais nas esferas públicas do que no ensino de esfera privada”, ou seja, analisando os números, as escolas públicas estão mais preparadas para receber os alunos especiais do que as particulares. Ela recorda que não há diferença entre classes sociais no número de pessoas com deficiência.
“O aluno não pode ir à escola para passear. A escola tem o papel definido de transmissão de conhecimento, dando ao aluno condições de construir novos conhecimentos”, salienta.
Reflexo da realidade
A professora Edlene Fredegotto, que acompanha a palestra, trabalha em uma ‘sala de recursos’ num colégio estadual de Londrina, ou seja, uma sala de aula adaptada para alunos com necessidades especiais – eles recebem um reforço estudantil adaptado, fora do horário habitual de aulas.
Edlene reforça que as pesquisas da Prof. Sílvia vão de encontro à realidade cotidiana do trabalho com alunos especiais. “Trabalhamos com uma realidade que demanda mais investimento no acesso, nos recursos aos alunos, porque a gente tem uma capacidade física restrita. Muitos alunos acabam fora da escola porque precisam trabalhar”. Para ela, é fundamental investir numa educação adaptada e integradora: “Temos um acompanhamento individualizado, tanto com os alunos como com a família, por isso muito deles conseguem se inserir no mercado de trabalho, isso é fundamental para o desenvolvimento psicológico, para a autoestima de cada um, para a vida”.