“Nós queremos aprender. Não só vós – eu também” (Doc. De Pré-Fundação)
Karen Bueno – No I Congresso Internacional Schoenstatt de Educação, o Prof. Dr. Nelson Pedro Silva tem a missão de analisar o Documento de Pré-Fundação de Schoenstatt sob a ótica construtivista de Jean Piaget. “Qual não foi minha surpresa ao descobrir que existem inúmeros pontos em comum. É um documento curto, mas de grande preciosidade”.
Essa é a primeira vez que o professor e pesquisador se deteve sobre um texto do Pe. José Kentenich. “Confesso que foi uma surpresa, para mim, deparar-me com palavras tão interessantes e modernas, escritas por um Padre que – sem recorrer aos teóricos da Pedagogia – ofereceu as linhas gerais para a construção de uma ciência pedagógica avançada e que até hoje, suponho, apresenta dificuldades para a sua operacionalização”.
“Piaget considera que a educação deve ter como objetivo o pleno desenvolvimento da personalidade do educando. Isso significa que os educadores devem auxiliar os seus educandos para que se desenvolvam física, afetiva, intelectual e moralmente”. É isso – diz Nelson – que o Pe. Kentenich propõem no Documento de Pré-Fundação.
No sentido da proximidade com o aluno, ele aponta: “O fato de ele ir ao encontro do aluno evidencia ser defensor de uma concepção psicológica interacionista. Para ele, ao proceder dessa forma, em outras palavras, indicia que o conhecimento é construído a partir da interação que o aluno estabelece com seu meio físico e, sobretudo, social. Esse aspecto é de suma importância e moderno, pois julga que o segredo do desenvolvimento, seja ele qual for, está na interação”.
Metodologia de ensino
Baseado no Documento de Pré-Fundação, Nelson comenta o método de ensino do Pai e Fundador: “Notem que ele não espera, simplesmente, ser compreendido. Ele espera que ‘nos compreendamos bem’, e isso o inclui, ele e os alunos, evidenciando, mais uma vez, como ele compreende a relação de ensino-aprendizagem como resultado da interação. Mais ainda, ele começa a dar mostras de que essa interação deve basear-se no respeito mútuo. Essa maneira de agir, insisto, está em perfeita consonância com aquilo que Piaget defende”.
“Outro aspecto que muito se assemelha a Piaget, diz respeito ao modo como o Padre [Kentenich] se coloca diante dos alunos. Ele diz assim: ‘Estou inteiramente à vossa disposição, com tudo o que sou e tenho: com o que sei e o que não sei, com todas as minhas capacidades e incapacidades, mas, sobretudo, com o meu coração’. Veja, além de lindo o que ele disse, ele se coloca, claramente, como um auxiliar de produção de conhecimentos. Com isso, evidencia, mais uma vez, que o conhecimento é construído pelo próprio educando”.
Nelson observa outras característica do Documento: “O Padre [Kentenich], nessa primeira aula, acaba nos informando que para a ocorrência do ato educativo é necessário nos colocarmos como seres humanos em processo de educação, levando em conta as nossas emoções. Ele aponta qual o objetivo de sua aula e retoma o conteúdo que já foi passado. Ele não espera simplesmente ser compreendido, mas que se compreendam bem, que se compreendam mutuamente”.
A palestra é seguida pela apresentação de trabalhos e por uma palestra sobre captação de recursos como “soluções sustentáveis”.
Nota: O sistema pedagógico do Pe. Kentenich e a linha construtivista de Jean Piaget não se apoiam mutuamente, ambos são trabalhos e propostas isolados. O conteúdo da palestra é um diálogo entre ambos, visando a contextualização acadêmica e aprofundamento sobre a pedagogia Kentenichiana.