“Homens e mulheres que tenham um olhar respeitoso frente a si mesmos e misericordioso frente aos demais”.
Karen Bueno – O penúltimo dia do Congresso Internacional Schoenstatt de Educação, em Londrina/PR, traz como questionamento “Quem sou eu?”. A reflexão diária aponta o homem como imagem e semelhança de Deus, preparando os congressistas para o primeiro ciclo de palestras, que trata justamente de diversidade e ideologia de gênero.
O primeiro a discutir o tema é o Prof. Dr. Pe. Rafael Solano, que mantém uma postura dura e convicta em relação ao que ele chama de ‘agenda de gênero’. “O que é ideologia ou agenda de gênero para mim? É um projeto que desconfigura a relação familiar. É uma situação que desconstrói”. Ele aponta a intenção de muitos que estão nos governos nacional e municipal em inserir essa corrente no ensino básico. “A questão não é tirar o termo ‘ideologia de gênero’ do projeto de educação. O problema é que há muitos programas para infiltrar essa ideologia em todos os âmbitos”.
Pe. Rafael fala sobre a ‘eliminação da pessoa’: “A pessoa é constituída pela integral maneira de expressar sua intimidade. Somos pessoas com identidade, dignidade e sexualidade. Eu olho no espelho e vejo uma única coisa: eu! Não olho o que eu quero ser, mas aquilo que sou, feito à imagem e semelhança de Deus. A pessoa está sendo desconstruída”.
Como proposta para enfrentar a ideologia de gênero, ele sugere o resgate da antropologia cristã, uma nova pastoral familiar e não só de casais, também uma renovada preparação para o sacramento do matrimônio. “A identidade da família é desconstruída. Nós não estamos dando o devido valor à família. Uma pessoa precisa urgentemente da figura paterna e da figura materna e não há como substituir isso. Se queremos enfrentar a ideologia de gênero, temos que mudar a forma com que preparamos os casais para o sacramento do Matrimônio”.
Na sequência, fala sobre o tema a Prof. Dra. Ir. M. Elena Lugo, de Porto Rico. Ela indica os aspectos filosóficos e culturais da ideologia de gênero. “O desafio principal, a nível pedagógico, é não esmorecer ante o subjetivismo moral. Não podemos assumir uma atitude melancólica, lamentando pelo passado que já foi, mas temos que compartilhar as vivências, com linguagens compreensíveis, escutando a voz e o coração do homem contemporâneo”.
Ir. M. Virgínia Pereira comenta, em seguida, sobre a Educação em resposta aos desafios da ideologia de gênero. “Há hoje um reducionismo da natureza humana à sua dimensão biológica somente. Como se nossa materialidade, o nosso corpo, fosse uma coisa que pudéssemos manipular”.
Ela salienta: “A graça [divina] tem que entrar, penetrar e poder passar por todas as esferas da natureza individual e social. Para a eficácia dessa graça, se faz indispensável a nossa cooperação. Toda célula humana está marcada pela sexualidade (XX ou XY), que é específica no homem e na mulher. Isso quer dizer que na estrutura corpórea há um significado profundo. O respeito à natureza começa com o respeito ao corpo”.
Ela conclui questionando: Que tipo de homens e mulheres queremos deixar à nossa sociedade no futuro? “Homens e mulheres que não se coloquem no lugar de Deus, mas que, pelo contrário, se reconheçam parte de um projeto superior que tem a responsabilidade de compreender e completar. Homens e mulheres que tenham um olhar respeitoso frente a si mesmos e misericordioso frente aos demais, que não julguem a ninguém, mas que ensinem a respeitar o que nos foi dado: o meio ambiente, o próprio corpo e o corpo do outro”.
A última a se pronunciar é a ginecologista e obstetra Elisabeth Kipman, que integra a Comissão de Bioética da CNBB. “Gênero e diversidade: entre a perplexidade e o sentido da vida” é o tema de sua palestra. Ela cita vários trechos de autores pró-ideologia de gênero, que têm entre seus objetivos principais – diz ela – a desconstrução da família. “Precisamos mais do que pedagogia, precisamos da verdade, precisamos ser dóceis ao Espírito, como foi Maria”, conclama aos educadores presentes. Clique para ler a palestra de Elisabeth Kipman.