Encerra-se o ano de graças e começa a missão de transmitir a misericórdia para os novos tempos.
Karen Bueno – O encerramento do Ano Santo da Misericórdia no Santuário Tabor da Permanente Presença do Pai, em Atibaia/SP, reúne cerca de 5.900 peregrinos nesse domingo, 13 de novembro. Com guarda-chuva na mão e o desejo de conquistar uma vida renovada, os peregrinos não medem esforços para atravessar, pela última vez, a Porta Santa desse Santuário em um dia chuvoso e marcado por muitas contribuições ao Capital de Graças.
Durante todo o dia permanece a fila de pessoas para entrar no Santuário. Muitas buscam a graça da transformação e o alento para as dores, como Pedro C., de São Paulo/SP, que filialmente se coloca no papel do filho pródigo (Lc 15, 11-32), buscando a misericórdia do Pai: “Tenho muitos problemas com a bebida, o álcool, as brigas em casa. Espero que passando pela Porta Santa eu possa mudar meu comportamento, deixar de brigar e não beber mais”, revela emocionado.
O casal Claudia e Marcelo Delgado Bon, de São Roque/SP, participa em família da peregrinação: “Foi um ano muito abençoado, no qual recebemos várias graças em família. É uma graça fechar este Ano na casa da Mãe de Misericórdia, experimentando essa misericórdia em família. Levamos o ensinamento de Jesus para perdoar e ser mais misericordioso com o próximo”.
“Levantar-me-ei e irei a meu pai”
A maioria dos peregrinos pertence à Diocese de Osasco/SP, como a Sra. Maria Aparecida Soares, de Mairinque/SP, que conta: “Eu tenho muitas provações em minha vida e quem me dá forças é somente Jesus e a Mãe. Eu aprendi nesse Ano Santo que sem Deus, sem a misericórdia dele, a gente não consegue viver e essa misericórdia começa na família”,
Pela manhã todos acompanham a inauguração de uma nova via, chamada ‘caminho do peregrino’, que é uma passagem desde a entrada do terreno até o Santuário. Durante toda a manhã eles acompanham a catequese sobre a misericórdia, descobrindo o lugar que ocupam no coração do Pai e o convite à ‘correr-lhe ao encontro’. A adoração e bênção do Santíssimo coroam essa vivência. À tarde, os integrantes de vários grupos do Terço dos Homens Mãe Rainha rezam essa oração com os peregrinos na Tenda.
“Levamos, nesse Ano da Misericórdia, mais união e o cuidado com o próximo que está distante de Deus, levamos mais amor. Deu para aprender muito [com o Ano Santo], durante o mês de outubro houve oração todos os dias em nossa paróquia, foi uma celebração abençoada, que uniu a todo mundo”, compartilha a Sra. Maria Lasdenas, de Cotia/SP.
“Correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou”
A Santa Missa de encerramento é presidida por Pe. Ricieli Primo Carvalho, de Atibaia/SP, com a Tenda repleta de peregrinos. “O Senhor nos ama sem limites, ele não tem critérios para amar. Mesmo com nossas falhas e pecados, Deus nos ama – e ama muito”, enfatiza o sacerdote na homilia. Ele questiona: “Qual o desafio para depois desse Ano Santo e para o resto de nossas vidas? – e responde – Seguir os passos do Pai e amar todas as pessoas, nos seus limites, nos seus pecados, nos seus desafios. Não desistir delas e amá-las cada vez mais. Quando a humanidade aprender a amar e perdoar ao outro, o reino [de Deus] estará instalado”.
Sobre a experiência proporcionada pelo Ano Santo, ele aponta: “Passando pela Porta Santa, nós damos um grande passo com Deus, mas agora temos que dar um segundo passo, de fazer a experiência da misericórdia com o próximo, que é a imagem e semelhança de Deus. Eu quero a misericórdia de Deus em minha vida, mas sou capaz de dar essa misericórdia para o meu irmão? Ou eu continuo como uma criança mimada que tudo quer e nada faz? O mundo só se transforma por essa experiência de amor e perdão. Não tenham medo de amar até o fim e de perdoar ao outro”. Ele conclui a reflexão indicando Maria como modelo de misericórdia.
“Filho, tu estás sempre comigo”
A caminhada até o Santuário é permeada de muita alegria e gratidão pelas graças derramadas ao longo do Ano Santo. Nos momentos finais, algumas pessoas se aglomeram para atravessar a Porta Santa antes de ela ser fechada e, apesar da chuva, muitos peregrinos acompanham a cerimônia. Num ato simples, mas repleto de significado, Pe. Ricieli fecha a Porta da Misericórdia e a mantém fechada por alguns momentos, para ressaltar o sentido desse ato. Assim, o Santuário de Atibaia encerra esse tempo de graças e abre uma nova etapa para a Igreja, marcada pelo desafio de transmitir a misericórdia por todos os tempos.