O tempo de misericórdia continua.
Karen Bueno – Na Carta Apostólica Misericordia et misera, publicada no final do Ano Extraordinário da Misericórdia, o Papa Francisco dá várias orientações à Igreja para os próximos anos. Dentre toda a riqueza de conteúdo que traz esse texto, ele oferece dois presentes especiais relacionados ao sacramento da Reconciliação:
Os Missionários da Misericórdia continuam
“Quero expressar a minha gratidão a todos os Missionários da Misericórdia pelo valioso serviço oferecido para tornar eficaz a graça do perdão. Mas este ministério extraordinário não termina com o encerramento da Porta Santa. De fato desejo que permaneça ainda, até novas ordens, como sinal concreto de que a graça do Jubileu continua a ser viva e eficaz nas várias partes do mundo” (Misericordia et misera, 9).
Os sacerdotes missionários enviados especialmente para o Ano Santo, com a possibilidade de perdoar os pecados reservados à Sé Apostólica, seguem nesse ministério. Esse o caso do Pe. Marcelo de Souza, capelão do Santuário de Curitiba/PR, que comenta: “Fiquei muito surpreso com a notícia! Não esperava mesmo… Isso mostra que o Ano Santo já deu frutos e um deles é esse, continuar exercendo o serviço de Missionário da Misericórdia. O Papa percebeu que existe a grande necessidade desse serviço, por isso, ao encerrar o Ano Santo, ele tomou a decisão de manter os missionários, dizendo a todos que o tempo da Misericórdia não chegou ao fim. Fico agradecido à Igreja por poder continuar exercendo esse serviço que fez e que continuará fazendo tão bem a todos”.
O perdão para o aborto agora mais acessível
Em outro trecho da Carta Apostólica (nº 12), o Papa indica: “Para que nenhum obstáculo exista entre o pedido de reconciliação e o perdão de Deus, concedo a partir de agora a todos os sacerdotes, em virtude do seu ministério, a faculdade de absolver a todas as pessoas que incorreram no pecado do aborto. Aquilo que eu concedera de forma limitada ao período jubilar fica agora alargado no tempo, não obstante qualquer disposição em contrário”.
A absolvição para o aborto somente era concedido pelos Bispos ou confessores autorizados. Porém, durante o Ano Santo, os sacerdotes em geral puderam perdoar o atentado contra o nascituro. Essa concessão permanece agora, segundo o Santo Padre.
O Papa Francisco explica sua decisão: “Quero reiterar com todas as minhas forças que o aborto é um grave pecado, porque põe fim a uma vida inocente; mas, com igual força, posso e devo afirmar que não existe algum pecado que a misericórdia de Deus não possa alcançar e destruir, quando encontra um coração arrependido que pede para se reconciliar com o Pai. Portanto, cada sacerdote faça-se guia, apoio e conforto no acompanhamento dos penitentes neste caminho de especial reconciliação”.
Tudo isso se dá porque “termina o Jubileu e fecha-se a Porta Santa. Mas a porta da misericórdia do nosso coração permanece sempre aberta de par em par” (Misericordia et misera, 16).