“Levem a Mãe de Deus aos lares e eles se tornarão pequenos Santuários”
Karen Bueno – “É com humilde compreensão que a Igreja quer chegar às famílias, com o desejo de acompanhar todas e cada uma delas a fim de que descubram a saída melhor para superar as dificuldades que encontram no seu caminho” (Amoris Laetitia, 200).
É fato que a Igreja está cada vez mais comprometida com o desenvolvimento e fortalecimento dos lares: “Um olhar especial merece a família […]. Tamanha é sua importância que precisa ser considerada um dos eixos transversais de toda a ação evangelizadora e, portanto, respaldada por uma pastoral familiar intensa, vigorosa e frutuosa” (Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, 2011-2015).
Schoenstatt, da mesma forma, também abraça a missão de renovar as famílias, em especial no Ano Mariano. Nesse sentido, Ir. Maria da Graça Sales Henriques indica algumas das reflexões sobre a vida e a família que ganham destaque hoje e os caminhos que o Movimento Apostólico de Schoenstatt procura percorrer nesse sentido:
Entre os desafios atuais da família, qual a senhora destacaria?
Os desafios hoje podem ser, por exemplo, a sociedade consumista. O consumismo muitas vezes leva a um excesso de trabalho profissional, tanto do pai como da mãe, o que acaba desagregando a família. Ele rompe os laços, o contato e, sobretudo, muitas vezes rompe o diálogo. As consequências do consumismo impossibilitam o diálogo tanto do casal – que é uma coisa fundamental para sua estabilidade – como também entre pais e filhos; os pais acabam sem saber os que os filhos estão fazendo o dia todo, ou quais são os seus interesses, preocupações e até problemas. Há muitos jovens que caem nas drogas, em certos tipos de grupos e práticas que não são bons para eles por falta de acompanhamento e de diálogo com os pais.
O que é mais complicado e preocupante nisso tudo é que enfraquece o vínculo familiar. O adulto desvinculado ou o jovem desvinculado fica muito vulnerável a qualquer tipo de influência negativa ou positiva e, a gente sabe, por exemplo, que nos países com um elevado nível de vida há um considerável número de suicídios entre os jovens.
É importante ajudar as famílias a enfrentarem esse desafio, reservando espaço, tempo e forças para o valor da família em si. Isso é um desafio enorme para nós, em Schoenstatt, justamente porque o foco principal do nosso trabalho é a família. O Fundador sempre disse que o principal é salvar a família, porque se temos ela de forma sadia, equilibrada e vinculada, temos também os homens em equilíbrio, as mulheres em equilíbrio, os jovens equilibrados mais facilmente. E, nesse sentido, o trabalho da Mãe Peregrina é essencial e fundamental e está dando muitos frutos.
Já há anos que o nosso Fundador, Pe. Kentenich, alertava para a crise da paternidade, falando sobre as consequências graves que a falta de pais autênticos traria para a sociedade. Na sua visão, essa crise continua em nosso tempo presente ou vivemos outra crise?
Eu acredito que a situação de hoje é fruto daquela realidade e daquele tempo. Inclusive, já na década de 1930, ele falava do enfraquecimento da identidade masculina e feminina e que isso era um grande problema para a cultura moderna. O caminho de resgate da identidade, segundo nosso Pai, era formar personalidades femininas e masculinas com equilíbrio, resgatando o valor da família. A gente sabe que as influências são muitas – tem a mídia, todos os meios de comunicação, algumas políticas de educação que muitas vezes não favorecem a estrutura de família tradicional… – isso é um desafio e coloca novas tarefas para nós como Família de Schoenstatt.
Por quais caminhos podemos seguir diante dos desafios atuais?
O que podemos fazer hoje? Justamente levar a Mãe de Deus às famílias e as famílias à consagração à Mãe de Deus. Nós sabemos que uma das formas mais intensas e mais vivas é o que nós chamamos de Santuário Lar, que é o convite para a Mãe de Deus vir morar em nosso lar. Como dizia o Pe. Kentenich: “Levem a imagem da Mãe de Deus aos lares e lhe deem um lugar de honra em seus lares, assim eles se tornarão pequenos Santuários”. Há muitas experiências e provas de que a Mãe atua nos lares e junto das famílias. Então, a nossa missão é levá-la; como dizia o Diác. João Pozzobon: “Basta levá-la aos lares e ela faz o resto”.
As missões schoenstattianas também vão nessa linha e é interessante o entusiasmos com que os jovens abraçam as missões, em praticamente todos os regionais onde existem as Juventudes Feminina e Masculina de Schoenstatt. Isso é uma forma de levar a Mãe de Deus de porta em porta.
O que temos a oferecer para as famílias no Ano Mariano?
Uma intensificação, eu penso. Esse Ano Mariano coincidiu com a corrente de ‘Schoenstatt em saída’, ou seja, Schoenstatt em perspectiva apostólica. Então é como que uma definição desse caráter do apostolado, que é mariano. O nosso desejo e a nossa intenção é reforçar esse apostolado mariano, reforçar o trabalho da Campanha da Mãe Peregrina, o vínculo das pessoas com o Santuário, seja convidando para irem até ele, seja conduzindo, acolhendo – extraordinariamente, portanto, a dimensão da acolhida às pessoas que chegam ao Santuário, qualquer que seja a sua condição de vida ou situação pessoal. Se elas vão ao Santuário é porque procuram alguma coisa, elas não vão até ele como vão ao cinema ou a qualquer outro lugar, mas procuram alguma coisa. Então é muito importante a forma como são acolhidas, ouvidas, orientadas se for o caso, isso é um aspecto que estamos acentuando, pois ajuda a vincular e dá vivência de abrigo no Santuário.
Também a maneira como nós próprios, dentro do Movimento, vivemos o ser Família vai contribuir para revitalizar a família e fazer compreender o valor do que é uma vida familiar.