Um chamado, uma resposta de amor.
Karen Bueno – Os sinos tocam ao longe e os passos se dirigem para a Igreja Santa Maria de La Trinidad. A Família de Schoenstatt se reconhece entre abraços, sorrisos, saudações… alguns não se viam há certo tempo, outros se encontram pela primeira vez. Os idiomas, os traços são diversos, mas a experiência traz uma única impressão: são todos parte da mesma Família.
Assim começa a manhã ao redor do Santuário Nacional de Tupãrenda, no Paraguai, nesse sábado, 8 de julho. É dia de festa, é dia de gratidão a Deus, que chama por novas vocações sacerdotais, e de gratidão a 21 jovens, que respondem ao convite com alegria e convicção: eis-me aqui!
Cerca de 180 brasileiros acompanharam a cerimônia de “Tomada de Túnica” dos noviços dos Padres de Schoenstatt, na celebração que marca o ingresso público dos jovens no noviciado. Entre os 21 vocacionados, de dez diferentes nações, três brasileiros fazem parte do curso: Gustavo Ceccon Guimarães, de Campinas/SP, Lucas Botassio, de São Paulo, e Luiz Joaquim da Silva, de Olinda/PE.
O ingresso no noviciado abre caminho para um trabalho mais profundo de conhecimento pessoal e de descoberta do plano de Deus na vida de cada um deles, como explica o Pe. Pablo Mullin, mestre dos noviços: “É Jesus que nos chamou, que nos chama porque nos ama e nos escolhe, não porque somos grandes ou poderosos, mas porque queremos ser pequenos e servir a todos. Ele é o mestre dos noviços. No noviciado, são dois anos aqui [em Tupãrenda] e tem um tempo de seis meses de trabalho social. Trata-se de um período em que eles descubram e aprendam a buscar e a discernir a vontade de Deus”.
Entre os noviços, além dos brasileiros, recebem a Túnica de Sião os jovens: Benjamín Alcázar (Chile), Bernado Roche e Melo (Portugal), Carlos Licona (Estados Unidos), Christopher Boardman (Estados Unidos), Cristhian Silva (Paraguai), Cristián Smith (Chile), Federico Ibañez (Paraguai), Gergely Ferenc Paláshty (Hungria), Gonzalo Valenzuela (Chile), Héctor Islas (México), Johannes Korn (Alemanha), Jorge López (Equador), Joshua Parker (Estados Unidos), Juan Oviedo (Paraguai), Lucas Meireles (Paraguai), Marcelo Romero (Argentina), Mario Conti (Argentina) e Rodrigo Fernández (México).
Por que a mim?
A Santa Missa é presidida pelo superior geral dos Padres de Schoenstatt, Pe. Juan Pablo Catoggio, e concelebrada por Dom Francisco Javier Pistilli Scorzara, bispo de Encarnación/Paraguai e membro da comunidade dos Padres de Schoenstatt, junto com diversos sacerdotes deste Instituto. Do Brasil participam o superior regional da comunidade, Pe. José Fernando Bonini, o Pe. Severino Araújo e o Pe. Julio Fabiano Rodrigues.
“A vocação sacerdotal e a vocação à vida consagrada são a prova mais concreta de como Deus segue atuando. Deus não falou uma vez há dois mil anos, para sempre, e depois se calou, mas ele segue tocando nossas vidas, nos chamando de forma muito pessoal. Ele segue chamando, uma e outra vez”, diz o Pe. Juan Pablo na homilia.
Uma pergunta que sempre inquieta os noviços diante do chamado vocacional é: Por que a mim? “Não há respostas e razões humanas para responder a essa pergunta. Porque Deus nos ama, porque ele quis assim. Este é o mistério da eleição de Deus, que somente se fundamenta em seu amor, e um amor absurdamente rico, gratuito e cheio de misericórdia. E esse amor, esse chamado, é sempre primeiro, Deus se adianta, é o primeiro a chamar-nos e a presentear-nos seu amor”, indica o superior geral.
Sobre a Túnica de Sião, Pe. Juan Pablo recorda que ela “simboliza o seguimento a Jesus, este tomar parte da vida de Jesus, segui-lo, unir-nos a ele e nos colocarmos inteiramente a sua disposição”. E acrescenta que, por essa vestimenta, “estão chamados a representar, a ser presença viva de Jesus, a fazê-lo presente”. Além disso: “Nós seguimos sendo pequenos e, no entanto, representamos alguém muito maior do que nós. Revestir-se da Túnica não simboliza que queremos desaparecer, mas que queremos que Jesus apareça por nós”. Pe. Juan Pablo aconselha os noviços a “revestir-nos de Cristo no exterior, mas, principalmente, no interior; ter o amor, o sonho de Jesus, o amor que ele tem a cada um, entregar a vida como Jesus e com Jesus pelo Reino”.
Além disso, a Túnica de Sião é o símbolo de pertença à comunidade dos Padres de Schoenstatt: “Foi o Pe. Kentenich que nos deu o nome e a missão de Sião, esse monte de Deus, essa cidade de Deus, esses homens de Deus. Essa Túnica simboliza aquilo a que estão chamados, a participar do carisma e missão do Pai e Fundador, a seguir seu caminho, a fazer nossa a sua missão, seu carisma, seu espírito. Ela nos recorda a graça da missão à qual somos chamados”.
Nos sentimos pequenos, mas muito, muito felizes
Na sequência da homilia, cada noviço recebe do superior geral a Túnica de Sião e o cíngulo – a corda que envolve a veste. Por um breve momento eles deixam a igreja e seguem para a sacristia. Os familiares, amigos e pessoas presentes cantam enquanto esperam o retorno dos jovens. Após serem revestidos com a Túnica da comunidade, os noviços retornam e são, por um longo período, saudados e aplaudidos: é a imagem de Cristo que passam a transmitir para o mundo por essa Túnica.
Como uma tradição da comunidade, os noviços se reúnem para reproduzir um cântico que expressa as vivências do curso. Entre todos eles, as faces se fixam emocionadas na grande imagem da Sagrada Família – que leva traços indígenas e caracteriza o povo paraguaio – os olhos buscam o olhar da Mãe e, com força, todos cantam: “Mãe, forma tu nossos corações; reveste-nos hoje de sua paz”. O sorriso e o brilho no olhar revelam toda a entrega desse momento especial na vida de cada jovem.
A Santa Missa segue com o rito normal e no final todos peregrinam ao Santuário para a consagração e renovação da Aliança de Amor para que – como disse o Pe. Juan Pablo na homilia – “Maria seja a Rainha da vocação de cada um de uma maneira muito especial, com seus cuidados, com sua sabedoria, com seu amor”. As lágrimas e a emoção se fazem presentes entre pais, filhos e familiares que se abraçam comovidos após a cerimônia.
“É uma sensação muito forte. Toda sua história passa sobre seus olhos. Ficou muito marcado, durante toda a Missa, como eu via minha história de vida, ou seja, como Deus me conduziu até esse dia. É um caminho feliz, estar reunido com toda a comunidade de Sião e também com toda a Família de Schoenstatt do Brasil, ficamos muito felizes por esse momento”, conta Luiz Joaquim.
Para o Lucas Botassio, a primeira palavra que surge é gratidão: “O chamado é muito grande e nunca vamos ser dignos de tudo isso, nunca seremos merecedores de tanto carinho, de tanto amor. O sentimento é de alegria, de amor, de poder sentir esse amor visível. Depois de três meses fechado no noviciado, ver os nossos amigos, poder reencontrar a família e hoje se revestir de Cristo é uma emoção muito grande, estamos muito felizes”.
Já mais tranquilo após a cerimônia, Gustavo compartilha: “Acho que o que nos define a todos é uma alegria muito grande por começar esse caminho, agora público com a Tomada de Túnica, na comunidade dos Padres de Schoenstatt. A gente sabe que não é chamado por merecimento, estando aqui nos sentimos muito pequenos, mas muito, muito felizes de ter escutado a voz de Deus e começar esse caminho”.
Fotos: Karen Bueno
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