Gratidão e festa marcam os 75 anos de história.
Karen Bueno – O azul-marinho era quase um uniforme: pais, mães, filhos, avós, tios… “vestiram a camisa”, literalmente, para celebrar e partilhar a alegria da Aliança de Amor. O jubileu de 75 anos da Obra das Famílias de Schoenstatt no regional Sudeste reúne cerca de 1.100 pessoas, entre casais e filhos dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, à sombra do Santuário de Atibaia/SP, numa grande festa de família para família.
Liga, União e Instituto: as três comunidades da Obra Familiar formaram uma só comunidade nesse domingo, 16 de julho, unida em Aliança. “O nosso lema era ‘Família, despertai na alegria da Aliança de Amor’, e todas estão despertas e com alegria, todas juntas partilhando do mesmo desejo de resgatar as famílias, custe o que custar”, comentam Valquiria e Luiz Roberto dos Santos, da Liga Apostólica. Vários casais da Campanha da Mãe Peregrina também participaram, somando a experiência de um trabalho fecundo juntos aos lares de tantos brasileiros.
Mergulhando na herança
Passado e presente se complementam na ‘hora festiva’, apresentada pela manhã na Tenda dos Peregrinos. A história da fundação da Obra Familiar de Schoenstatt é recordada com danças, textos, surpresas… Um pequeno caixote, alguns travesseiros e a imagem da MTA foram se juntando para reproduzir a cena que ocorreu há 75 anos, no campo de concentração de Dachau. Em 16 de julho de 1942, na sala 3 do bloco 14, o Pai e Fundador, Pe. José Kentenich, se uniu ao Dr. Friedrich Kühr, esposo de Helene Kühr, para a fundação da Coluna Familiar do Movimento.
Os flashes da história, em seguida, dão lugar aos cenários da “Dachau atual”, da guerra que as famílias enfrentam atualmente, como a ideologia de gênero, o aborto, a corrupção. A tudo isso vem uma resposta firme e imperativa: a alegria da Aliança de Amor, para salvar as famílias “custe o que custar”. E uma grande festa que se reproduz na Tenda, com orações, diálogos, brincadeiras. A alegria da Aliança contagia a todos e se transporta até o público pelas bolas que são lançadas e arremessadas de um lado para o outro.
Toda essa alegria é experimentada no dia a dia da família de Ana e Adir Silva, casados há 32 anos, da Liga de Famílias do Jaraguá, em São Paulo/SP. “A Obra das Famílias trouxe muita claridade em nossa vida. Dentro de casa começamos a fazer orações, conversar com os filhos. Aprendemos muitas coisas. Aprendemos a conviver melhor com as pessoas. Não precisamos gritar com os filhos ou um com o outro, mas usamos a voz firme e conseguimos ter respeito. Estamos muito felizes de estar aqui, encontrar as pessoas, ouvir as lições de amor de todos esses casais”.
Ouvir as lições de amor
A Santa Missa, pela manhã, é o ápice do jubileu. “Hoje celebramos a família, a Obra das Famílias, aqueles rostos concretos: pai, mãe, avô, filho… as pessoas que semearam no nosso coração o amor incondicional de Deus”, diz o Pe. Ailton Brito Alves, do Instituto dos Padres de Schoenstatt, na homilia.
“Família, despertai! Jubileu é missão. Celebrar é também missão de mostrar ao mundo que a Obra das Famílias, que as famílias do mundo inteiro são como uma planta, que nasce, cresce, dá frutos mas, se o amor na família não é cuidado, ele morre”, reflete o Pe. Ailton, que indica alguns meios para ‘regar’ essa planta: aprender a dizer, uma e outra vez: obrigado! Desculpa!; Renunciar a ter razão para estar em paz com aqueles que se convive; falar de si mesmo, e não somente de coisas; realizar programas em casal, entre outros.
“Que esse jubileu, essa festa nos lembre que a vida é curta para ser pequena. A grandiosidade do mundo, da minha profissão, dos meus sonhos, está em cultivar as coisas simples dentro de casa e anunciá-las para as outras pessoas no silêncio de um exemplo. São os pequenos gestos – pegar o telefone e ligar para os pais idosos; ajudar os filhos com as lições da escola – que fazem com que outros casais de fora olhem e digam: ‘Nessa família pulsa algo diferente’. O exemplo e o carisma tão profundo e rico do nosso Pai e Fundador começa com a vivência na nossa própria família para, assim, evangelizar outras famílias”, indica o Pe. Ailton, que também orienta: “Família, desperta! Mas também sonha, porque só é capaz de amar quem é capaz de sonhar”.
É a certeza do céu já aqui
“Sempre que olhamos para os nossos irmãos de Curso, pensamos: ‘Onde é que se encontram famílias, no mundo de hoje, para rezar juntas no dia a dia, fazendo tudo o que a gente faz?’. A Obra das Famílias é isso, é a presença da Mãe de Deus, de Deus na nossa vida, no dia a dia, a toda hora. É a certeza do céu, já aqui, na nossa vida”, diz Alexandre Santolino, da União Apostólica, de Araraquara/SP. Andreia Santolino complementa: “A Mãe está atenta a nós, mas nos deixa a liberdade de escolha. E, dessa escolha, nós vemos os frutos, que são os filhos. Quando vemos um filho testemunhando o quanto é bom estar na Obra das Famílias, é muito bom. Essa alegria não é só do casal, não é só da família, mas precisamos passá-la aos irmãos, aos casais que convivem conosco”.
Ronaldo e Angelica Hashimoto, superiores do Instituto de Famílias no Brasil, recordam o papel fundamental do Dr. Kühr e da Sra. Helene Kühr no contexto desse jubileu: “Ele foi protagonista nessa história, se não fosse ele, talvez a Obra não tivesse sido fundada naquela ocasião; e a dona Helene soube ser fiel ao Dr. Kühr mesmo em situações muito adversas, passou muito tempo sozinha, sem ter notícias do marido. O que será que Deus nos quer dizer com isso? Talvez, que o matrimônio é sagrado, que ele é um caminho de santidade, que, apesar da adversidade do dia a dia, das dificuldades que cada família passa, com Deus podemos superar”.
Na parte da tarde a atenção é toda direcionada aos testemunhos, em um programa estilo talk-show, com depoimentos de casais das três comunidades de famílias e também dos filhos. A celebração encerra-se no Santuário, com a renovação da Aliança de Amor diante da Mãe e Rainha e com o compromisso de rezar e lutar pelas famílias, pois “o bem da família é decisivo para o futuro do mundo e da Igreja” (Papa Francisco, AL 31).
Fotos: Karen Bueno / Alex Formigoni