“Nada mais nos poderá abalar: estamos como numa fortaleza, qual um pássaro em seu ninho, seguros, também na tempestade” (Rumo ao Céu, 88).
Karen Bueno – Um Santuário sem telhas, com paredes danificadas, mas com os alicerces firmes em meio à tempestade. Os olhos de vários schoenstattianos de todo o mundo se dirigiram, no começo da semana que passou, para a costa sul-leste dos Estados Unidos, atingida pelo furacão Harvey. As imagens do Santuário de Lamar, no estado do Texas, logo ganharam as redes sociais e as orações daqueles que se depararam com as notícias partilhadas pela Família de Schoenstatt local.
“Antes do Senhor, porém, veio um vento impetuoso e forte, que desfazia as montanhas e quebrava os rochedos. Mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento houve um terremoto. Mas o Senhor não estava no terremoto. Passado o terremoto, veio um fogo. Mas o Senhor não estava no fogo. E depois do fogo ouviu-se um murmúrio de uma leve brisa” (1Rs 19, 11-12).
Vendo as fotos do Santuário de Lamar antes do furacão, encontram-se lindos jardins e árvores ao redor. Contudo, a passagem de Harvey deixou uma rota de destruição e estragos, mas o Santuário continua em pé, apesar de tudo ao redor ter ido abaixo. O Pe. José Kentenich sempre estimula a ler os sinais da Providência em cada pequeno detalhe do dia a dia, então, como não buscar a mensagem do Bom Deus em tão amplo furacão?
O Santuário é pequenino, uma singela construção, que poderia muito bem ter se arrastado junto com a tormenta. Mas as raízes fincadas bem abaixo da terra deram-lhe sustentação. Mais firmes ainda se mostraram os alicerces espirituais, que sustentaram o trono de graças da Mãe e Rainha. Foi justamente nos Estados Unidos, também num Ano Mariano, que o Pe. Kentenich dizia à Família de Schoenstatt: “Se nos consagrarmos diariamente com os nossos, com todo o nosso povo à querida Mãe de Deus, se selarmos assim diariamente a Aliança de Amor, teremos, com todo o nosso país, direito de abrigo sob o seu manto” [i]. Recolhidos sob o manto e o abrigo da Mãe, Rainha e Vencedora, impera a paz e a segurança de seu coração.
O furacão Harvey lembra ainda outro momento histórico que ameaçava os arredores do Santuário Original, durante a Segunda Guerra Mundial. O Pe. Kentenich, visitando o Brasil, contava: “Em 1943 chegou perto de Schoenstatt um enorme bombardeio. Começou a voar em círculo sobre a Casa da Aliança, parece que tinha uma avaria. Se tivesse caído, todo o Schoenstatt e Vallendar estariam perdidos. Viu-se que se esforçava por ultrapassar as casas e acabou por cair no terreno acima. Só se encontraram destroços. Foi um dom visível do céu Schoenstatt ter sido salvo”.
Muitas vezes, não só diante de ameaças físicas ou climáticas, a Mãe se mostrou Vencedora a partir do Santuário. Passado e presente juntos fazem aumentar a certeza de que ela escolhe a dedo os lugares onde vai habitar e cuida dos seus que estão ao redor, daqueles que são fiéis ao compromisso selado pela Aliança. Como o Santuário está “em rede” – Santuário Lar, Paroquial, Coração… – todos podem se sentir amparados sobre o seu manto.
Além disso, pela Aliança de Amor cada pessoa assume a missão de ser um Santuário Vivo, fazer do coração um local sagrado onde a Mãe habita. Esse é o sinal de que ela cuida dos seus filhos. Como no Texas, muitas vezes vêm ventos fortes contrários, que exigem força e resistência. Mesmo com a pequenez pessoal, a presença da Mãe e a vivência da Aliança garantem a força para responder aos ventos e furacões que se atravessa: “Nós acreditamos em sua tarefa, em sua vitoriosidade. Vemos sempre de novo nossa pequenez, mas a verdadeira confiança começa justamente quando não existem apoios humanos” (Pe. José Kentenich, Rio Negro/PR, 09.04.1947).
Fotos: schoenstatt-texas.org
[i] Pe. José Kentenich. Maria, Mãe e Educadora. 2º Sermão. Versão reeditada, Sociedade Mãe e Rainha, 2017, pág 72.
Pe. José Kentenich. Tabor nossa missão. Sociedade Mãe e Rainha. 1ª edição, 2007.