José Engling: 5 de janeiro de 1898 – 4 de outubro de 1918
Ir. M. Nilza P. da Silva – No dia 4 de outubro de 1918, a umas meras cinco semanas do fim da guerra, no meio da noite, uma granada inimiga perdida aterrou a poucos passos do jovem José Engling durante uma marcha perto de Cambrai, na França. Morreu instantaneamente. Ninguém duvidou que ele tivesse merecido a sua recompensa no céu e em Schoenstatt foi evidente que este sacrifício era o mais difícil que a guerra tinha pedido a qualquer um deles. Seu corpo foi sepultado às pressas, em vala comum para soldados, e até hoje não foi possível identificá-lo. O Fundador, Pe. José Kentenich, recebe seus pertences com a nota: tombado em campo de batalha!
A perfeição de seu exemplo
Mas, o que há para se celebrar disso? Como pode uma Família fazer questão de comemorar os cem anos desse acontecimento tão trágico? As palavras do Fundador da Obra de Schoenstatt, Pe. José Kentenich, colocam luz sobre essas questões: “Engling foi o Documento de Fundação vivido! Na história deste jovem herói encontra-se alguém que viveu segundo o Documento de Fundação e que, com a perfeição do seu exemplo, antecipou a história da nossa fundação com os seus três pontos de contato”: (O Fundador, o Santuário e a Mãe Três vezes Admirável).
Seu exemplo é uma luz que ilumina caminhos
Não celebramos o fim de José Engling, mas fazemos memória à sua vida e nos alegramos que seu espírito está vivo, que ele intercede junto a Deus, por todos os que, como ele, selam a Aliança de Amor e se empenham para vivê-la santamente. As granadas destruíram o seu corpo, mas, não o espírito que impregnava tudo o que ele fazia.
Como recordaria um dos membros do seu grupo acerca deste amigo: “Numa época de muito sofrimento com as condições militares que eu estava vivendo, José foi praticamente a única luz nas minhas horas de escuridão.” Desde a sua morte, a luz de José tem ajudado a inspirar outros a atos de heroísmo semelhantes.
Tudo depende de que haja “Engling” hoje
Em 1948, no lançamento da pedra fundamental para o Santuário, em Santa Maria/RS, Padre Kentenich fala aos jovens e à
Família de Schoenstatt, estabelece um paralelo entre eles e a geração fundadora de Schoenstatt de 1914. Não é possível viver aqui, o que a a juventude viveu em Schoenstatt, nos primeiros anos da fundação?
“Tudo depende de se encontrar outro José Engling, que se entregue à Mãe de Deus e se deixe educar inteiramente por Ela. Se for assim, garanto-lhes que a Mãe de Deus e Jesus se estabelecerão aqui, para modelar uma legião de pequenos José Engling. Agora, deveria perguntar-lhes: Quem quer ser o José Engling da América do Sul? Em resposta, digo-lhes que Nossa Senhora o sabe. Na Santa Missa pedirei a ela e o faço por todos os presentes – que se estabeleça aqui, a partir de hoje, juntamente com Jesus, para que, como ela fez em Schoenstatt, ambos eduquem pequenos santos.”
Todos os dias renovo o espírito de José Engling
João Luiz Pozzobon estava presente. Ele ouviu e assumiu essas palavras do Fundador, como estrela para sua vida. Ele revela, anos mais tarde: “Senti o heroísmo de José Engling ao entregar totalmente sua vida por essa missão. Fiquei impressionado com seu espírito de heroísmo, queria imitá-lo, dando minha vida pela Mãe e Rainha, por sua obra, com o Fundador. Todos os dias renovo esse espírito, do fundo de minha alma. Ofereço-me à Mãe, e lhe digo: ‘Estou pronto para morrer por ti” Hoje, ambos (Engling e Pozzobon) estão com o processo de beatificação em andamento.
Atualmente, José Engling continua inspirando vidas. No seu último Forum Nacional, realizado em setembro, a Juventude Masculina de Schoenstatt assume como uma de suas metas: “Enfatizar a Aliança de Amor, assim como José Engling e o Pai Fundador viveram.” A Diocese de Cambrai convida a todos para o Ano Jubilar de José Engling.
Quem quer ser José Engling nessa nova batalha?
Abrir o centenário da conclusão da vida de José Engling significa reconhecer que o Espírito Santo continua a atuar por meio de seu exemplo de vida e de sua intercessão junto a Deus. Os que tem um coração aberto acolhem o atuar divino e seguem os seus passos. Para onde eles se dirigem? Para a luta contra as correntes atuais, que querem destruir a essência da pessoa, para os campos de batalha de nosso tempo, no qual as armas das ideologias apagam a visão correta das consciências, para a liberdade plena do coração, para um amor sem medo e sem reservas, assim como ele expressa nesta oração, poucos meses antes de ser atingido pelas granadas:
“Querida Mãezinha! Mater Ter admirabilis! A ti novamente, me consagro como holocausto. A ti, consagro tudo o que sou e tenho: meu corpo e minha alma com todas as suas faculdades, meus bens e haveres, minha liberdade e minha vontade. Sou teu, inteiramente, sem reservas! Dispõe de mim e do que me pertence, como te aprouver. Se, no entanto, for compatível com teus planos, deixa-me ser um holocausto, pelas tarefas que propuseste a nossa Congregação (Movimento Apostólico de Schoenstatt). Em humildade, teu indigno servo, José Engling.”
“Tudo depende de se encontrar outro José Engling… Quem quer ser o José Engling da América do Sul?” PJK
Biografia:
“Herói de duas espadas” – Olivo Cesca
“A sua Missão, nossa missão” – Pe. Peter Wolf
“Heróis de Fogo” – Pe. Jonathan Niehaus