“A construção da nova sociedade está na educação dos homens e das mulheres”
Ir. M. Nilza P. Silva / Karen Bueno – Entre a Família de Schoenstatt brasileira, nesse mês de outubro que passou, ficou evidente o desejo de transformar a realidade social do país, de transformar o Brasil numa nova terra mariana. Os quatro regionais brasileiros do Movimento Apostólico de Schoenstatt realizaram o Congresso de Outubro e em todos eles compreendia-se o “Ano Pe. Kentenich” como uma resposta para o momento atual da nação. Falando sobre isso, o Pe. Afonso Wosny, diretor do regional Sudeste, comenta suas visões a partir do encontro que ocorreu em sua região:
Os temas do Congresso são voltados, neste ano, para as realidades sociais. Por que um Congresso com esse foco?
Porque a Aliança de Amor que nós temos com a Mãe nos convida a transformar, em primeiro lugar, a nossa vida e, a partir da transformação do próprio coração, renovar o nosso entorno. Acredito que o Espírito Santo, a Divina Providência foi nos conduzindo, nos colocando em possibilidade de dialogar com a realidade numa vivência de Aliança, que não nos deixa indiferentes ao que acontece ao nosso redor. Vemos, em nosso meio, uma realidade que precisa de transformação e a Aliança de Amor nos empurra a agir e contribuir nessa realidade, não nos deixa permanecermos tranquilos demais, mas nos provoca a atuar com os critérios que vêm do Pai e Fundador, com os critérios do Evangelho, com o que a Igreja nos ensina.
Acredito também que no Congresso deste ano nos deixamos mais uma vez interpelar pela Igreja do Brasil. O Ano do Laicato é a voz de Deus por meio da Igreja brasileira e que vem de encontro a algo que é muito próprio nosso, algo que está em nossa essência, na identidade de Schoenstatt, que tem esse trabalho com os leigos, a experiência laical no meio do mundo, então essa voz da Igreja encontra eco.
Que contribuição específica Schoenstatt oferece a esse eco que encontramos na Igreja?
Schoenstatt oferece uma atuação na Igreja a partir do Santuário, também uma atuação no mundo do trabalho, das realidades seculares – empresa, educação, cultura, trabalho, economia, política… – uma atuação nesses âmbitos a partir do Santuário, motivados pela Aliança.
Um exemplo disso: quando a gente encontra schoenstattianos que tomam uma decisão correta em relação a sua empresa, ao seu trabalho (sem corrupção); um schoenstattiano que se candidata a um cargo público… Por aí vemos que a Aliança de Amor é algo muito maior, não só uma relação piedosa ou intimista: é um vínculo que leva à atitude.
Somos um Movimento essencialmente mariano, no entanto, algumas vezes o “mariano” é visto ainda como algo muito devocional. Será que Schoenstatt, com seu “mariano”, não está contribuindo para um brasileiro mais acomodado – “Deus cuida”, “a Mãe resolve” – ou realmente a espiritualidade de Schoenstatt dá esse dinamismo para mudar a história?
Eu diria que as duas coisas. Já estamos contribuindo e que ainda temos que contribuir muito mais. Com a originalidade da pedagogia mariana que nós temos, com essa consciência de que a Aliança de Amor é para transformar a realidade, nós já trazemos essa consciência de ser instrumento de Nossa Senhora. Ao mesmo tempo, as exigências e os desafios do mundo são tantos que as respostas também têm que ser mais intensas. É importante uma consciência de que a missão urge. Diante de coisas que são muito complicadas e sérias na sociedade, nossas respostas também têm que ser sérias, comprometidas, profundas e audazes.
Perante essa situação da pátria que nós vivemos e perante esse Congresso, que traz uma reflexão voltada para a transformação da sociedade, ao mesmo tempo o Movimento de Schoenstatt proclama o Ano Pe. Kentenich. Que resposta esse Ano Pe. Kentenich quer dar a toda essa realidade? Qual a relação entre o Ano Kentenich, a realidade social do Brasil e esse foco da atuação do leigo como protagonista e autor da história?
Acho que a resposta está no centro do que nós somos, que é o carisma da educação. A ligação está em encontrar nas ideias, no pensamento do Pe. Kentenich, critérios de motivação, de inspiração para educar pessoas que vivam e contribuam na sociedade, no mundo de hoje. Eu vejo uma ligação aí em algo que está muito presente nesse congresso, a educação por meio de três coisas: valores, verdades e a vida concreta. Nas oficinas falamos de criar novos valores, pois aquilo que eu considero importante me leva a atuar. Depois, defendemos verdades, coisas que são princípio nos quais não se mexe e muito ligados à vida concreta. A ligação do Ano Pe. Kentenich com tudo isso, a construção da nova sociedade está na educação dos homens e das mulheres, na educação de pequenos grupos, pequenas células que vão se multiplicando e por aí temos uma nova terra Mariana, um Brasil Tabor.
Acredito que ao educar um grupo de pessoas, outros vão sentir os efeitos positivos dessa educação e toda uma realidade começa a ser mudada. Nesse sentido, temos que apostar muito também nas novas gerações e acreditar que através dela, lá na frente, vamos viver uma realidade nova muito melhor.
Essa terra mariana começa em nós, se não fazemos algo para continuar e sair da rotina às vezes só precisamos acordar para quer as coisas aconteçam.