“Nosso foco deve ser, pois, a educação ao espírito social e à ação social” (Pe. José Kentenich)
Karen Bueno – Imagine um abraço bem forte, daqueles que não dá vontade de soltar… Mais do que imaginar, é só olhar a foto ao lado, que mal precisa de legenda.
A cena ocorreu recentemente em Salvador/BA e vem para ilustrar um trabalho bonito que a Família de Schoenstatt realiza há quase nove anos na capital da Bahia.
“Todo ano aumenta o povo na rua”, começa dizendo a Sra. Damiana Teixeira de Jesus Mendes, da Liga das Mães de Schoenstatt. Ela está à frente do projeto que atende os moradores de rua na região do Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador. Toda terça-feira um grupo do Movimento Apostólico de Schoenstatt sai munido de alimentos, roupas, agasalhos e outras peças de doação para atender as necessidades básicas daqueles que fazem das calçadas e vias públicas o seu lar.
A realidade social
Damiana descreve o trabalho como “um grãozinho de mostarda” diante da realidade social da região. Ela conta: “O Pelourinho é enorme, um grande centro histórico, cheio de famílias que moram pelas ruas, calçadas e pelas igrejas onde eles se abrigam”.
São mães que precisam de enxoval, são bebês com condições mínimas de subsistência, diversas pessoas em situação de vulnerabilidade. “Tem crianças, avós com os netos ou bisnetos. São muitos idosos abandonados. Ouvimos suas histórias, eles dizem: Minha neta foi para o mundo das drogas porque ficava aqui na rua e não tinha outro lugar para ficar’. A gente vai observando, ouvindo o relato deles; procuramos ouvir suas histórias. O dia a dia é aquilo ali, é difícil”, diz a senhora da Liga das Mães.
Ela conta porque continua com esse projeto há tantos anos: “É como se estivesse alimentando Jesus, como se ele próprio estivesse ali naquele momento. Vemos situações muito difíceis, pessoas que realmente têm muitas necessidades”.
A Mãe está lá
Apesar do projeto já se estender por mais de oito anos, semente agora, em 2017, a imagem da Mãe e Rainha é levada pelas ruas. Damiana compartilha: “As pessoas ficam encantadas. Uma senhora (essa que aparece na foto) pegou a imagem da Mãe e não queria soltar. A gente sentiu todos eles ali, com a imagem, realmente orando. Agora que começamos a levar a imagem da Mãe, vimos a fé nos olhos deles e é algo que não dá para explicar”.
O grupo de voluntários já tinha o hábito de rezar com o povo da rua desde o início e também levavam terços, que eram recebidos com grande alegria, especialmente pelas crianças.
As doações de alimento e roupas chegam ao Santuário de Schoenstatt e também a algumas igrejas da região que apoiam esse trabalho. A assessora local, Ir. Mirian Rozana Fuck conta que as doações também vão para outras regiões necessitadas, como vilas, bairros carentes, áreas rurais: “Nosso objetivo é sempre atingir os lugares que não têm assistência alguma, sem assistência de governo ou de alguma equipe”.
Damiana encerra a conversa com um pedido: oração por todas as pessoas que vivem espalhadas pelas ruas, para que sintam o amor de Deus mesmo nas adversidades.
No ano em que o Movimento se propõe a construir uma nova terra mariana no Brasil, as palavras do Pe. José Kentenich se mostram visíveis no atuar da Família de Schoenstatt de Salvador: “O espírito social é o espírito do amor, da bondade, da consideração por outros, da delicada sensibilidade para com as aflições dos outros e a pronta e atenta disponibilidade em ajudar. Numa palavra: é o espírito de um heroísmo sacrifical verdadeiramente cristão”
Pe. José Kentenich – Conferência para os Congregados em 1914
Livro: Sob a proteção de Maria, p. 397- 400