Rumo ao centenário de morte de José Engling (4.10.2018), o Pe. Jean-Marie Moura partilha sua carta mensal; ele é pároco na região de Cambrai/França, onde está o Santuário da Unidade, próximo ao local onde Engling faleceu:
Queridos amigos,
Como vocês sabem, estamos neste tempo abençoado de espera, quando a Sagrada Família parte, sem saber, em direção à manjedoura de Belém. Muito em breve, o inverno virá (na Europa inicia em 21 de dezembro), por uma noite fria, a luz irradia e aquece o coração de uma mãe, um pai e dos pobres pastores avisados pelos anjos… Uma atmosfera familiar e luminosa é tão preciosa hoje, quando parecem faltar estrelas! Assim, podemos recordar as palavras do diário de José Engling, de quando ele retornava das férias com a família: “Nessas férias pude experimentar do que é capaz o amor. Como é bonito quando as pessoas se amam, quando os filhos procuram fazer os seus pais felizes e os pais podem alegrar-se com os filhos, quando um procura aliviar o trabalho do outro e tornar-lhe tudo mais agradável. Então reina em casa uma verdadeira alegria. Como a gente sente-se bem na companhia desses pais e irmãos! Um amor assim também deve reinar em Schoenstatt”.Para cumprir sua árdua jornada de santidade, José precisava tirar forças de suas raízes! Quer seja nessa casa de amor, em uma região rural e religiosa da Prússia, ou na Congregação Mariana nascente de Schoenstatt, onde ele havia entrado aos 14 anos e tudo entregado. Por sua vez, ele não guardou nada para si, mas tudo entregou. O cinza, o preto da guerra… e a luz que vem de dentro e depois irradia para fora, que este jovem portava consigo. Grande mistério desta vida, profundamente ligada ao mistério da Natividade e da Cruz…
“Sou um homem estranho, eu mesmo não me compreendo. As granadas podem explodir aos meus pés e eu não sinto medo. Permaneço tranquilo e senhor de mim mesmo, frio, como se diz. Enquanto meus camaradas tremem e sentem pânico, outros fogem, eu permaneço tranquilamente deitado em minha trincheira e imagino que uma granada me acerta, sem que isto me assuste. Pelo contrário, atrás desta imagem transparece outra mais feliz. E mesmo o pensamento de que eu pudesse estar lá deitado, profundamente mutilado, não me amedronta. Se isso deve acontecer, que assim seja”.
Meier, um soldado como ele, protestante, testemunha: “Eu permanecia perto de José Engling, pois sabia que se eu fosse ferido, ele me carregaria; e especialmente porque se eu tivesse caído com ele, ele me apresentaria ao Senhor”.
Uma luz do céu continua a brilhar em Thun St Martin (o local onde Engling e diversos soldados faleceram). Ela vem do coração de um seminarista que tudo entregou à Virgem, Rainha da Paz, e se espalha cada vez mais nesta terra que ainda geme em dores de parto…
Aqui recordamos homens de todos os países, vários jovens ainda, que morreram longe de suas terras e estão enterrados conosco. Mas, acima de tudo, queremos nos comprometer a dar aos jovens de hoje condições valiosas para que não mais retornem as guerras, espantosas e inúteis… Neste ano abençoado de “José Engling”, seguimos “uma das estrelas mais bonitas da nossa bandeira Europeia” (Mgr Garnier): ela nos conduz ao Príncipe da Paz, pobre e nu.
“Schoenstatt é uma árvore que sempre floresce!” (Diác. João Pozzobon)