“Escrever esse livro foi a descoberta de um ‘belo lugar’ e eu quero mostrar esse lugar para as pessoas”.
Karen Bueno – Neste dia 10 de dezembro, a cidade de Londrina/PR completa 83 anos de fundação. O município foi criado em 1934 e, dois anos depois, chegavam as primeiras Irmãs de Maria de Schoenstatt à jovem cidade, iniciando ali o trabalho de educação para um pequeno grupo de crianças. Deus tem o poder de realizar grandes obras a partir de inícios insignificantes, disse o Pe. José Kentenich quando visitava Londrina, e é isso que mostra a história do Colégio Mãe de Deus, hoje uma grande escola, que formou milhares de crianças, jovens e adolescentes ao longo do tempo.
A importância desse colégio para o desenvolvimento da cidade fez o jornalista e escritor Paulo Briguet dedicar dois anos de pesquisas para escrever “Coração de Mãe”, um livro sobre a história e fundação do Colégio Mãe de Deus. Levantamento de nomes, resgate de informações, pastas, arquivos, fotos, fatos o fizeram deparar-se com personagens de Londrina e também muitos aspectos da história e espiritualidade do Movimento Apostólico de Schoenstatt.
“Coração de Mãe” é lançado neste final de semana e, sobre ele, Paulo Briguet nos conta mais detalhes:
Por que escrever um livro sobre a história do Colégio Mãe de Deus e qual a relevância dessa instituição na história de Londrina?
O Colégio Mãe de Deus está completando, agora em março de 2018, 82 anos e ele tem um papel fundamental na história de Londrina. Eu digo que a fundação do CMD, em 1936, foi o nascimento espiritual da cidade de Londrina. Não é possível falar em Londrina sem mencionar o CMD, ele tem grande relevância, não só para a educação, mas também para a cultura e a espiritualidade do município. O colégio formou, ao longo dessas décadas, mais de 80 mil pessoas. Vou dar apenas alguns exemplos… O primeiro grupo musical de Londrina, o Coral Santa Cecília, foi fundado pelas Irmãs de Maria de Schoenstatt do CMD e existe até hoje, é um dos grupos musicais mais antigos do Brasil. A Faculdade de Música que nós temos em Londrina começou dentro do Mãe de Deus; a primeira peça teatral da cidade, em 1936, foi no Mãe de Deus, entre seus alunos. Então, o Colégio tem um papel fundamental em nossa cidade, mas ele também tem um papel fundamental no Movimento Internacional de Schoenstatt, pois foi o primeiro Colégio que adotou a pedagogia do Pe. Kentenich para aplicá-la ao ensino regular, foi o primeiro colégio de Schoenstatt no novo mundo.
E isso nasceu com a iniciativa de 12 heroínas, que foram as Irmãs Pioneiras que chegaram ao Brasil em 1935, sem saber falar a língua local, sem tipo algum de aporte financeiro, sem qualquer tipo de garantia, sem conhecer o país. Londrina, em 1936, era uma floresta. Elas foram para essa cidade, que era uma clareira no meio da floresta, e fizeram uma obra que eu só posso chamar de milagre. O Mãe de Deus é um milagre que elas conseguiram realizar na cidade. É uma história linda, cheia de milagres, cheia de emoção. As pessoas se emocionaram, diversas vezes, enquanto deram seus depoimentos falando sobre todas as graças que receberam ao longo desses 80 anos. É impossível falar de Londrina sem falar do Mãe de Deus, é uma história de heroísmo. Eu acho que aqui nós tivemos um exemplo do heroísmo de Schoenstatt para o mundo, a ponto de eu dizer, como tese central do livro, que o CMD é o coração espiritual de Londrina. E o coração espiritual de Londrina tem uma imagem, sabe qual é essa imagem? O Santuário.
Você conhecia pouco sobre a história e a espiritualidade de Schoenstatt quando começou esse trabalho. Como foi a busca por descobrir novas informações e qual sua visão sobre Schoenstatt hoje?
Eu me considero, hoje, um schoenstattiano. Eu me considero um seguidor do Pe. Kentenich de coração. Foi muito importante, para mim, como pessoa, como pai, como profissional, descobrir essa espiritualidade. Eu acho que o Movimento de Schoenstatt é a Igreja do nosso tempo, é o estandarte da Igreja do nosso tempo. Eu tinha conhecimento do Pe. Kentenich, do Colégio Mãe de Deus, mas era um conhecimento superficial. Hoje eu posso dizer que entendo o que o Pe. Kentenich quis dizer com a Aliança de Amor em 1914. Foi muito gratificante conhecer essa dimensão espiritual e hoje me considero um seguidor do Pe. Kentenich, um soldado, como os soldados que foram para a guerra em 1914, como José Engling. Sou um soldado raso de Schoenstatt.
O Pe. Kentenich esteve por três vezes em Londrina e eu procurei contar essa história. Como procurei contar? Primeiro, eu mergulhei na Obra de Schoenstatt, li vários livros sobre a pedagogia schoenstattiana e sobre a vida do Pe. Kentenich. Entrevistei cerca de 40 pessoas que fizeram parte da história do Colégio, desde a primeira aluna matriculada, em 1936, até os alunos atuais e as pessoas, os professores que estão atuando hoje. Também tive acesso a documentos históricos do Colégio e as crônicas das próprias Irmãs Pioneiras, desde 1935, antes de virem para Londrina. O livro começa com a chegada das 12 Irmãs e termina com uma apresentação teatral dos alunos no Teatro Mãe de Deus hoje.
Podemos encontrar textos e expressões suas nos quais chama o Pe. José Kentenich de Pai. Depois de tanta pesquisa e estudo, quem é o Pe. Kentenich para ti?
Ele é um pai para mim, que me ajuda a amar Deus Pai. Ele me faz participar da paternidade divina, a aceitá-la, ele me ajuda a ser um filho. Tanto ele quanto a Obra dele, porque não estamos falando apenas da personalidade do Pe. Kentenich – que eu considero uma das personalidades mais importantes do nosso tempo –, mas todos aqueles que o seguiram, todas as sementes que ele plantou e que frutificaram, que hoje formam o jardim de Maria.
Com todo o trabalho concluído, o que dizer sobre “Coração de Mãe”? O que espera desse lançamento?
Eu espero tocar o coração das pessoas, que elas se identifiquem com o livro. Eu acho que o coração de Mãe é o meio que vai salvar o nosso tempo, porque só através dele nós vamos conseguir chegar a Jesus Cristo. Foi muito significativo ter concluído o trabalho nesse Ano Mariano, quando comemoramos o tricentenário de Aparecida e o centenário de Fátima. Eu acho que as pessoas poderão se identificar mais com esse coração. O padroeiro da nossa cidade é o Sagrado Coração de Jesus e, como diz Vittorio Messori, para chegarmos ao coração de Jesus, uma das vias mais indicadas é o Imaculado Coração de Maria e eu acho que vou mostrar às pessoas esse caminho. O primeiro capítulo traz “a descoberta de um belo lugar” e acho que ele mostra o meu caminho com esse livro, a minha experiência. Escrever esse livro foi, para mim, a descoberta de um ‘belo lugar’ e eu quero mostrar esse lugar para as pessoas.