Carta do Pe. Jean-Marie Moura, do Santuário da Unidade, em Cambrai/França, onde faleceu José Engling:
“Ele caiu três vezes!” Exclama esse menino, tocado pelo caminho de Cruz, que percorreu junto com sua Mãe Maria [Maria Masuth, mãe de José Engling]. Esta boa mãe, da Ordem Terceira Franciscana, gosta de escalar, toda semana, os passos de Jesus ao Gólgota pelas imagens das estações da Via Sacra em sua igreja, na aldeia de Prossitten (município de Rössel) Alemanha. O pequeno coração de José, com quatro anos, também é movido a contemplar o sofrimento de Jesus.
Alguns anos mais tarde, nas terras da França, esse mesmo menino, agora com 20 anos, cairá, por sua vez, mortalmente atingido por duas granadas, lançadas, junto a outras milhares, para matar e destruir as obras-primas de Deus que somos todos nós…
Teria ele visto, nesse momento, quando estava prestes a deixar a terra e ir para o céu, as imagens que o moveram quando criança, as estações onde Jesus cai, ao aproximar-se da morte? É perfeitamente possível. Teria ele visto o rosto de sua boa mãe, como Cristo viu a dele?
Uma compaixão extrema, sem dúvida, habita no coração de uma mãe que tem seu filho exposto aos perigos da guerra. Maria Masuth estava tão perto de seu pequeno José, ela que já havia “perdido” seu marido Augusto nessa terrível guerra.
No tempo da Quaresma, estamos em meio a um caminho para a Luz, passando, consequentemente, pela Sexta-feira Santa. José Engling não fugiu do sacrifício e, como resultado, alcançou a Luz da Páscoa. Porque não há domingo de Páscoa sem a Sexta-feira Santa!
Este jovem seminarista, um soldado de Cristo (2 Tim 2,3), carrega sua cruz por amor ao Salvador, e o amor de Jesus é a fonte de sua força interior…
“A Semana Santa foi, para mim, especialmente um tempo de graças. Eu pude comungar todos os dias, e fui lá todas as vezes” (1/4/1918).
“Eu apenas servi a missa e recebi o amado Salvador. Sim, no sacramento do amor, o Salvador nos segue em todos os lugares” (12/4/1918).
O tempo da Quaresma é um período de combate, a fim de viver o último da Cruz. Não podemos nos reter diante do corpo ferido ao extremo do crucificado se a Mãezinha de José Engling e do Pe. Kentenich, nossa Mãezinha, nos dá sua mão e nos conduz adiante. Sem isso, tudo se torna absurdo e escandaloso…
Por ter experimentado a presença materna da Virgem nos momentos mais difíceis de lutas internas e externas, o apóstolo da paz já não tem medo de coisa alguma: “Minha Mãezinha está perto de mim; estou pronto, tudo está em ordem”, disse ele no dia 4 de outubro, quando o céu o aguardava. Maria, leva-me pela mão hoje para estar contigo na Cruz de teu Filho.