“O nível da responsabilidade é agora internacional, mas o compromisso continua o mesmo”
Karen Bueno – O Instituto Secular dos Irmãos de Maria de Schoenstatt realizou, neste mês, seu capítulo geral da comunidade, em Schoenstatt, elegendo os membros da direção geral. Entre eles está o Sr. Manfred Worlitschek, do Brasil, que foi eleito como 3º conselheiro na direção.
O Sr. Manfred é alemão, natural de Karlsruhe, próximo a Frankfurt, e completa, em 2018, 30 anos de missão no Brasil. Ele é assessor da Coluna Masculina da Obra de Schoenstatt no regional Sul e vive junto ao Santuário de Itaara/RS, que está sob a responsabilidade de sua comunidade.
Com habilidades de marcenaria – apesar de não ser sua primeira profissão – ele construiu o interior de diversos Santuários Filiais de Schoenstatt, moldando e esculpindo toda a parte de madeira, preparando a Casa da Mãe. Apesar da nomeação internacional, o Sr. Manfred continuará vivendo no Brasil, graças às possibilidades que as novas tecnologias oferecem. Sobre isso, ele nos conta:
Como foi seu processo de conhecimento e discernimento pela comunidade deste Instituto?
Antes de entrar na comunidade, estava observando e pensando o que fazer, observando não somente Schoenstatt, mas também outras comunidades. Mas aí, achei que os Irmãos de Maria, para mim pessoalmente, seriam uma continuidade daquilo que comecei na Juventude.
O que mais me encanta é a opção dos Irmãos de Maria de estar no meio do mundo e trabalhar com as coisas do mundo para se santificar e conviver com Deus. Essa é uma das grandes dificuldades que a nossa sociedade tem hoje em dia. De sentir-se unido com Deus 24 horas por dia. As pessoas vão à missa e pensam: “Agora vou me dedicar a Deus”. Depois saem da missa e tudo acabou, deixam de pensar em Deus. Esse é um problema muito grave que nós temos e o Pe. Kentenich explica isso como o “pensar mecanicista”. Uma das tarefas dos Irmãos de Maria é ser o coração e a alma da Coluna Masculina de Schoenstatt, também de aproximar o mundo a Deus. Um padre, por vocação, faz o contrário: ele traz Deus ao mundo, pelos sacramentos. Já nós, queremos aproximar o mundo de Deus. Essa é uma tarefa de qualquer cristão, não é um privilégio nosso, mas desejamos ser um modelo para que os cristãos entendam sua vocação.
Quando e como o senhor veio ao Brasil?
Cheguei em 1988, para colaborar com o Movimento, mas não só. Nós temos uma missão profissional, como disse, de aproximar o mundo a Deus e, uma das formas para isso, é pela profissão. Eu sou construtor de instrumentos musicais, de órgãos de tubo. Construímos e fazemos a manutenção desses órgãos.
Sou, por natureza, um pouco aventureiro. Naquela época houve transferências dentro da nossa comunidade. Eu sentia que pessoas disponíveis eram necessárias para certas tarefas. Então me coloquei, simplesmente, à disposição da comunidade, para que ela me colocasse onde fosse preciso. Eu sabia que o lugar mais urgente era o Brasil, então já contava que seria enviado ao Brasil, mas, por princípio, deixei à disposição da comunidade para que me dissesse onde seria útil.
Como o senhor vê a Família de Schoenstatt brasileira? Quais características destacaria?
Cada povo tem suas características, certo carisma. É muito comum os brasileiros elogiarem os alemães e eu tento descrever isso com a ideia: “a vaca sempre prefere a grama que está do outro lado da cerca, que parece mais gostosa”. Digo que é diferente, mas não é mais gostosa. Há problemas no mundo inteiro, eles só são diferentes. O Brasil também tem os seus. Por isso, para mim, o trabalho é o mesmo no Brasil ou na Alemanha. Mas, por princípio, o brasileiro é mais emocional: é mais fácil de fazer amizade, mas também é mais fácil de perder a amizade. O alemão, ao contrário, é mais difícil de fazer amizade, mas também é mais difícil de perdê-la.
Aqui no sul há uma grande percepção europeia das coisas, então não tive muita dificuldade para me adaptar. Quanto mais para o norte a gente vai, tanto mais carismático fica o brasileiro. No sul é bem próxima a experiência que eu tenho na Alemanha. Aqui o Movimento tem mais Ligas, Uniões e Institutos. Já no norte o Movimento é mais popular, são romeiros, a Campanha da Mãe Peregrina e assim por diante. Há diferenças entre norte e sul do Brasil também dentro do Movimento de Schoenstatt.
Qual seria o perfil de um Irmão de Maria?
Seria católico, primeiramente; com um amor a Maria, ao Santuário, ao Pe. Kentenich. Também um amor profissional, ele tem que gostar de um determinado campo de trabalho – ser, por exemplo, pedagogo, psicólogo, engenheiro, músico, qualquer profissão eticamente correta. Isso é importante porque ele vai usar a profissão para santificar-se, pois a comunidade e a profissão são nossos suportes principais para nos aproximarmos de Deus e da Mãe de Deus.
Se algum jovem tiver interesse de conhecer mais sobre o Instituto, o que deve fazer?
Ele entra em contato conosco. Temos um tempo para nos conhecermos e um tempo de afirmação da vocação. Depois temos também uma candidatura fechada, quando a pessoa mergulha profundamente dentro da nossa comunidade, dos nossos ideais. Ele conhece Schoenstatt e, ao mesmo tempo, adquire conhecimento profissional. Normalmente, depois de dois anos, faz-se o primeiro contrato com a comunidade.
Os padres estudam Filosofia e Teologia. Já nós, nesse período de formação, estudamos uma profissão ou, se já a temos, nos aprofundamos ou nos especializamos nela. Isso para ter mais conhecimento técnico e transformar esse conhecimento técnico em conhecimento religioso.
O que o senhor espera com sua nova missão?
O nível da responsabilidade é agora internacional, mas o compromisso continua o mesmo: ser responsável pelo nosso Instituto, assumir sua missão e representá-lo em um nível mais internacional. Meu desejo é que a Mãe de Deus abra os horizontes para muita gente e que essa grande tarefa de aproximar o mundo a Deus seja cada vez mais conhecida, reconhecida e praticada.
Para conhecer mais sobre os Irmãs de Maria entre em contato:
worlitschek@terra.com.br
Fotos: Jumas Brasil
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