Dom Orani: Amar a Igreja, seguir e ser presença de Cristo nesse mundo
Karen Bueno – Para o Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro/RJ, Dom Orani João Tempesta, Schoenstatt tem o desafio de ser presença capilar transformadora em meio à cidade. Chama-lhe a atenção – segundo ele partilha – o testemunho do Pe. José Kentenich no campo de concentração de Dachau e a fidelidade do fundador de Schoenstatt à Igreja. Por isso, o Cardeal estimula cada pessoa que assume esse carisma, cada um que selou a Aliança de Amor, a viver, hoje mesmo, o espírito do “Dilexit Ecclesiam” (Amou a Igreja).
No contexto do “Ano Pe. Kentenich”, Dom Orani fala sobre nosso Pai e Fundador:
Nosso Fundador ainda está em processo de beatificação, mesmo assim é importante celebrar sua memória? Por quê?
Quando temos alguém que é Servo de Deus, que está em processo de beatificação, faz parte das preocupações, nos dias que são marcantes para aquele que está em processo, recordar a pessoa. Além de rezar pelo seu repouso eterno, nessas celebrações pedimos a Deus que suas virtudes sejam reconhecidas e depois, com um possível milagre, possa chegar à glória do altar. Então, faz parte do processo de beatificação a divulgação da memória, dos feitos, da vida daquela pessoa.
Nós compreendemos nosso Fundador como um profeta, porque ele transmitiu mensagens importantes para além de seu tempo. Da mesma forma, cada um de nós é chamado, pelo Batismo, a ser profeta. Como isso é possível?
O Pe. Kentenich, em pleno campo de concentração, com tanto ódio e rancor que ali havia, soube se distinguir, repartindo a comida com quem necessitava, também chamando a atenção dos seus algozes por aquilo que fez. Eu creio que aqui no Rio de Janeiro, aquela situação do Fundador é também um sinal daquilo que é um carisma para essa cidade tão cheia de violência e situações adversas, um sinal para poder, como o Pe. Kentenich, no meio de tantas situações difíceis, repartir o alimento de cada dia, a palavra de Deus e difundir o amor no meio dessa situação toda complexa. E, nas incompreensões de membros da Igreja, das pessoas que estão ao nosso redor, como o Pe. Kentenich, não desanimar nunca dessa caminhada, mas continuar firmes e amando a Igreja como foi a vida dele.
Pe. Kentenich, muitos anos antes do Concílio Vaticano II, estimulava o protagonismo dos leigos. Neste Ano do Laicato, com nossa Mãe Peregrina, onde deve começar e onde deve ir esse protagonismo? E, como?
O protagonismo leigo vem do nosso Batismo, da vida batismal. O Concílio chama a atenção para essa responsabilidade do leigo no mundo. Mas, já antes do Concílio tínhamos muitos movimentos leigos famosos, importantes – como a Ação Católica, por exemplo – que chamavam a atenção sobre a presença do leigo tanto junto aos operários, junto à juventude rural, junto ao mundo, aos empresários… Enfim, sempre teve essa pontuação dos leigos presentes junto à sociedade. No passado também temos muitos santos e santas que foram leigos e leigas, então acho que cabe a nós descobrirmos, ou redescobrirmos, como pode acontecer esse protagonismo. E, sem dúvida que um dos aspectos mais importantes desse protagonismo, de presença no mundo, é a frase do Pe. Kentenich, amar a Igreja, seguir a Cristo e ser presença de Cristo nesse mundo.
Pe. Kentenich passou aqui no Rio de Janeiro a sua primeira noite no Brasil. Nós costumamos dizer que os passos do Pai geram vida por onde passam e, de fato, hoje o Movimento de Schoenstatt cresceu muito nesta Arquidiocese. Para o senhor, que contribuição principal Schoenstatt traz e como poderíamos ajudá-lo ainda mais nessa caminhada de Igreja?
Além de ser um Santuário arquidiocesano de peregrinação (o Santuário Filial do Rio), ao mesmo tempo, é um lugar de encontro com o Senhor no próprio altar de Schoenstatt, lá em Vargem Pequena. Aquilo que eu chamo a atenção e desejo é que essa presença capilar da Mãe Peregrina em todos os cantos ajude a formar comunidades, formar círculos bíblicos, sendo uma presença da Igreja católica em todos os lugares dessa cidade.
Na sua visão, por que é importante que o Pe. José Kentenich seja canonizado?
Porque realmente ele viveu em tempos difíceis, superou tantas dificuldades, vivendo as virtudes cristãs e, ao mesmo tempo, foi um profeta para o nosso tempo para chamar a atenção e ser exemplo para muita gente.