Rumo ao centenário de morte de José Engling (4.10.2018), o Pe. Jean-Marie Moura partilha sua carta mensal para este mês de abril; ele é pároco na região de Cambrai/França, onde está o Santuário da Unidade, próximo ao local onde Engling faleceu:
Queridos amigos
Fico feliz em vos encontrar neste lindo mês de maio!
Imaginem que, como vocês sabem, neste mês em que a vida se manifesta tão visivelmente por toda parte (é primavera na Europa), José Engling deseja mais e mais ser aquele grão de trigo lançado à terra. Nós não o vemos mais, mas ele germina, com a graça de Deus!Isto é o que ele escreveu, em maio de 1917, para a Mãe de Deus, quando tinha 19 anos: “Querida Mãezinha, a dádiva de maio esta vez é muito pequena, porém brota do coração e de uma boa vontade que só deseja causar-te alegria, mas nada consegue de especial. Por isso, contenta-te com esses poucos sacrifícios e com a minha total entrega a ti”.
Não é uma “semente de santo” que a história dessa alma nos oferece?
Não esqueçamos jamais as condições sob as quais este jovem escreve essas palavras, uma guerra abominável que faria dez milhões de mortos entre os soldados de todos os países envolvidos.No mês de maio de 1918, José Engling se vê no ponto mais crítico da linha de frente, perto de Calonne. Áreas de gás, granadas chovendo dia e noite ao redor. Ele escreve para seu pai espiritual, Pe. José Kentenich: “Reze por mim junto da amada Mãezinha. Eu estou em uma posição perigosa no grupo de transporte (tarefa arriscada para conseguir comida). Granadas explodem perto de mim odos os dias”.
O que muitas vezes preocupa este seminarista é a salvação de sua alma em suas lutas internas e no apostolado: “Que minha Mãezinha me proteja de quedas graves. Nossa Mãe Três Vezes Admirável deve reinar durante toda a nossa vida. (…) Há, eu bem sei, o apostolado, nunca se deve perdê-lo de vista, sem esquecer sua própria alma”.
Seus amigos irão relatar depois um gesto profundamente cristão que fala muito sobre seu heroísmo e seu desejo por ofertas. Ainda estamos em 18 de maio: um soldado idoso, casado e pai de três filhos é designado para uma patrulha particularmente perigosa. Lágrimas escorrem pelas bochechas de Kofel, o soldado. José observa, se aproxima e diz “fique aqui, camarada, eu vou em seu lugar”.
Ele também se coloca frequentemente disposto a carregar os corpos dos mortos e feridos…
Em 19 de maio ele renova, no Dia de Pentecostes, seu mais querido desejo: “Quero tornar-me um grande santo. Quero lutar com mais arrojo pela santidade. Ah, se eu fosse mais solícito em aspirar ao bem com alegria e estar sempre pronto. Nesta vida de soldado no ‘front’ não faltam ocasiões. Basta querer para avançar a grandes passos. Mãezinha, impetra-me os sete dons do Espírito Santo, para que eu sempre possa fazer e desejar o bem”.Este era o último mês de maio que José viveria na terra, 100 anos atrás, durante o qual seu amor por Maria cresceu novamente e o levou a esta consagração incondicional à sua “Mãezinha”, pela qual ele ofereceu sua vida em sacrifício por Schoenstatt, por Cambrai, pela França, pelo mundo.
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