Missão para os pais: Ajudar os filhos a descobrirem o projeto de Deus
Karen Bueno – E se seu filho fosse chamado ao sacerdócio? Qual seria sua reação? A Sra. Débora Cristina Costa Possetti se deparou com essa situação há alguns anos: “Alegria, gratidão, medo… não sei qual seria a ordem de sentimentos que dominaram meu coração naquele momento”.
Neste próximo domingo, dia 29 de julho, o seminarista Vitor Hugo Possetti, do Instituto Secular dos Padres de Schoenstatt, será ordenado diácono no Santuário Sião, do Jaraguá, em São Paulo/SP. Para o Vitor, a família foi fundamental nessa caminhada vocacional (clique para ler sua entrevista). Seus pais, Débora e Antonio Flávio, são cooperadores e membros da Liga Apostólica de Famílias de Schoenstatt em Londrina/PR e desde o nascimento o conduziram ao caminho do Santuário.
Na alegria e expectativa pela ordenação, Débora e Antonio Flávio contam mais sobre esse papel de pais e formadores, de como auxiliar os filhos no caminho de discernimento e entrega ao chamado de Deus.
Os senhores esperavam ter um filho sacerdote? Como foi esse processo de acompanhamento com o Vitor?
Como pais, sempre nos esforçamos para educar nossos filhos da melhor maneira possível, apoiamos sempre nas suas decisões e ideais.
Apesar de conduzi-lo ao amor e companhia de Deus e de nossa Mãe e Rainha, ensinar os princípios da Igreja, apoiar sua missão, em seu trabalho apostólico que sempre dedicou com amor, o toque da graça divina já estava com ele, nós que ainda não tínhamos despertado para essa graça.
Alegria, gratidão, medo… não sei qual seria a ordem de sentimentos que dominaram meu coração naquele momento em que o Vitor anunciou o seu ingresso e aceitação na comunidade dos Padres de Schoenstatt. Chorei muito, não perto dele, mas sozinha, choro de preocupação de mãe, tinha medo do que iria enfrentar, e alegria e gratidão, por saber que fomos honrados por Deus e nossa Mãe que escolheram com especial amor nosso filho para essa nobre vocação. (depoimento da mãe)
Levamos algum tempo para assimilar e aceitar a ideia, mas em momento algum deixamos de apoiá-lo.
Nesse tempo de estudos e formação se produziu uma ‘distância’, que fomos aprendendo a viver e acompanhando com nossas orações. Essa distância diminuía e nos motivava quando nos encontrávamos espiritualmente em nosso Santuário Lar ‘Mãe Rainha Educadora’, que segue sendo nossa doce fonte de força para superar tudo. A princípio, nos comunicávamos através de cartas – telefonemas eram muito raros – e sempre aguardávamos com alegria e expectativas nossos encontros em família; voltávamos com a certeza de que o Vitor estava feliz e confiante em sua caminhada vocacional e crescendo muito espiritualmente.
(Foto: Alex Formigoni)
O que a vocação ordenada traz de benção para a família? Muda alguma coisa ter um filho seminarista?
A vocação de nosso filho trouxe uma transformação e mudança de hábitos e costumes, sem perder a tradição, um tempo para voltarmos às raízes da fé, deixarmos ser guiados e educados pelo bom Deus e nossa Mãe Educadora, ter uma vida em família mais harmoniosa e uma vida mais apegada a Deus.
No que se refere ao dia a dia, não muda, a vida segue normal com trabalhos e afazeres, o que muda é a postura e o modo de ser, uma aproximação maior com a religião.
O Vitor será sempre nosso filho mais velho, que amamos e que sentimos saudades de quando fazíamos seu leite quente, das ajudas nas tarefas escolares, quando buscávamos nos acampamentos dos pioneiros, do carinho que tinha com seu irmão João, das missas de domingo, dos sermões para não desviar do caminho de Deus.
O que não cansamos de pedir a Deus e à nossa Mãe e Rainha é que o Vitor receba todas as bênçãos e graças do céu, que possa se manter firme e forte na fé e no caminho que escolheu por amor. Sabemos que sua missão não será fácil, mas a alegria do servir é maior do que todos os desafios. Terá sempre a nossa benção.
Estamos nos aproximando do mês de agosto, mês das vocações. Como os senhores entendem que os pais devem trabalhar com os filhos a questão da vocação? Como ajudá-los a compreender o plano de Deus para suas vidas?
Ainda que seja uma missão extremamente abençoada, não são muitos os jovens que resolvem trilhar essa estrada. Na própria bíblia há um versículo que diz “a messe é grande, mas os operários são poucos”. Por isso, o incentivo a uma missão tão importante.
Os pais não devem interferir na vocação de seus filhos, mas, sim, ajudá-los a descobrir, ajudá-los na construção do projeto de vida e apoiá-los.
Os pais devem ser exemplos para os filhos, para que possam seguir testemunhando o que experimentam em casa, devem falar de Deus como um Pai bondoso e amoroso e não como um Pai que pune. Dizer que tudo que Deus faz é bom e para o bem, que ele escolhe os seus filhos e não se afasta deles nunca. É preciso ter uma sintonia com Deus e confiar na Divina Providência.
Para muitos pais é difícil se abrir diante de uma vocação religiosa, consagrada ou ordenada dos filhos. Que conselhos poderiam dar a esses pais, cujos filhos se preparam para uma entrega especial de vida?
Cada um de nós recebeu uma vocação, Deus tem um plano de amor para nossos filhos.
Devemos agradecer e louvar a Deus por essa escolha divina, devemos ficar muito orgulhosos e honrados, pois é privilégio de poucos.
Devemos, como pais, oferecer muitas orações e sacrifícios para que essa vocação seja fortificada a cada dia, para que o filho seja fiel ao compromisso que livremente irá assumir.
O que nos leva e motiva enquanto família é que tudo se dará de acordo com a vontade de Deus, cabe a nós, pais, alegrar-nos e dar o nosso ‘sim’ ao chamado de Deus e de nossa Mãe Rainha.