Neste livro, passado e presente se convergem num diálogo que ajuda a interpretar a atualidade a partir da vida do Pe. Kentenich
Karen Bueno – Em 2014, cada noite de sexta-feira era imperdível parar diante da TV e assistir o jornal ‘Canção Nova Notícias’. Semana a semana, a emissora veiculava uma reportagem especial sobre os Santuários de Schoenstatt no Brasil e a espiritualidade do Movimento. É por algumas dessas reportagens que o jornalista Wallace Andrade, na época: repórter jornalista, se depara com histórias e fatos que ficaram gravados em seu coração e na memória.
Todas as recordações e suas experiências pessoais junto aos Santuários de Schoenstatt ganham, em 2018, as páginas de um livro. Na celebração de ouro dos 50 anos da morte do Pe. José Kentenich, Wallace lança Mãe de Milagres, um livro sobre as “experiências de carinho e amor de Mãe vivenciadas nos Santuários da Mãe e Rainha”. Os milagres da MTA na vida do Pe. Kentenich são um dos grandes eixos deste livro.
Wallace Andrade é jornalista, músico, missionário da Canção Nova, casado e pai. Atualmente, exerce a função de editor executivo do jornal ‘Canção Nova Notícias’, além de redator e apresentador do ‘Repórter Canção Nova’. Sobre seu novo livro, ele nos conta:
Como surgiu a ideia para escrever este livro?
Em 2014 eu fiz uma série de reportagens, pelo centenário de Schoenstatt, e visitei alguns Santuários do Brasil: Recife/PE, Confins/MG e Atibaia/SP. Tive experiências maravilhosas com pessoas em geral, com Irmãs de Maria, ouvi muitas histórias bonitas de pessoas que vivem a Aliança de Amor, de famílias que têm um Santuário Lar. Tudo isso ficou muito latente dentro de mim e, como sou muito mariano, me emocionei bastante.
Nossa Senhora foi muito materna comigo. Desde que eu conheci o Movimento mais a fundo, visitando os Santuários, fiz uma experiência pessoal profunda com Nossa Senhora, principalmente em Confins/MG e em Atibaia/SP. Foram tempos maravilhosos que ficaram guardados no coração e agora tudo veio para fora.
Confins foi uma experiência muito forte. De lá eu recebi, de uma Irmã, uma imagem falando dos 50 anos de falecimento do Pe. José Kentenich. Eu li e pensei: daria para escrever um livro.
Você conta, no livro, as experiências de carinho e amor com a Mãe no Santuário. E como se dá a sua própria experiência pessoal com ela? Quando foi a primeira vez que se deparou com a imagem da Mãe e Rainha?
Houve um momento, em Confins, quando fiz uma hora de adoração no Santuário e tive um encontro muito pessoal com Nossa Senhora. Há quase dois anos eu e minha esposa esperávamos para adotar uma criança e, a partir dali, em pouco tempo tudo se desenrolou. Eu vi que Nossa Senhora foi muito rápida. Ela sondou meu coração no Santuário e logo depois veio, de forma muito rápida, a paternidade e, em dezembro, a gente já estava com nosso filho em casa.
Lembro quando foi a primeira vez que vi sua imagem. Fomos morar em Cachoeira do Itapemirim/ES, eu trabalhava na Rede Globo, e lá nós conhecemos um casal muito mariano. Eles nos deram de presente a imagem da Mãe e Rainha e foi o primeiro contato que eu tive com ela. A imagem dela é muito forte, sempre a olhei e vi a maternidade, porque ela é diferente, ela invade a nossa alma, é muito profundo.
Minha relação com a Mãe e Rainha é algo muito carinhoso. Todos os momentos que eu vivi no Santuário – e antes disso até, nas minhas orações pessoais – eu sentia muito um carinho materno da Mãe, me acolhendo nos meus momentos de melancolia, de saudade, de distância dos familiares.
Nossa Senhora é muito presente em minha vida desde a infância, desde o “Mãezinha do Céu” na cabeceira da cama, desde a ladainha na sala da casa com os parentes e vizinhos, então fui crescendo nesse ambiente mariano. Hoje eu me sinto muito filho de Nossa Senhora. Este livro, para mim, é uma forma de agradecer todo o carinho que recebi ao longo desses 52 anos, e também levar outras pessoas a fazerem essa experiência e conhecerem esse amor materno.
O que pode nos contar sobre este livro?
O livro nasceu à base de muito carinho de Nossa Senhora. Eu também me encantei muito com a história do Pe. José Kentenich, principalmente no campo de concentração. Também a perseguição que ele viveu, quando teve de deixar o Movimento e ir aos Estados Unidos. Tudo isso foi muito marcante para mim e eu via nele um sinal de alguém que não desistiu. Fazendo um paralelo com a realidade que a gente vive hoje, muita gente fala em suicídio, em aborto… Quando a gente olha para a mãe do Pe. Kentenich – que, grávida, planeja a própria morte e Nossa Senhora a socorre, por meio de sua mãe – olha no que se transformou essa decisão pela vida.
Quando eu fui para Recife gravar a reportagem – eu descrevo isso no livro – conheci um menino de 8 anos, com a mãe. Ele nunca tinha andado de avião e eles estavam indo porque o avô, que o menino ainda não conhecia, estava prestes a morrer. Aquela mãe pegou todas as suas economias, comprou as passagens aéreas e partiu. O que me tocou foi a maternidade, o cuidado, o zelo que aquela mãe teve com o menino, de se esforçar, gastar ‘o sonho da casa própria’ para que o filho pudesse conhecer o avô. Isso me tocou muito e, a partir dessa história, falo de todo o esforço que a mãe do Pe. Kentenich dedicou a ele, até onde o levou. Para mim é algo muito forte e foi muito bacana escrever isso no livro, mexeu muito comigo.
Acaba sendo um livro com fragmentos muito importantes para a realidade que a gente está vivendo hoje. A realidade de ser perseverante, ser resiliente, como o Pe. Kentenich sempre foi, de lutar, não desistir do Movimento, só pensar na salvação de almas; não se preocupar com as perseguições e lutas que ele viveu no campo de concentração.
Muitas páginas do livro são dedicadas aos milagres da Mãe de Deus na vida do Pe. Kentenich. Por que decidiu escrever sobre a vida de nosso fundador?
Quanto mais eu pesquisava a história dele, mais eu me encantava pela forma com que ele enfrentou tudo, por sua resiliência, sua história de vida. A mãe terrena (Catarina Kentenich) o consagrou e a Mãe celeste fez dele o que ele é para nós hoje. Nossa Senhora é muito delicada com essa história.
A partir de suas pesquisas certamente você conhece mais detalhes sobre a vida do Pe. Kentenich. O que ele representa para você hoje?
Para mim ele é como uma bússola. Assim como o Pe. Jonas [Abib] é para nós uma referência, aqui na comunidade Canção Nova, o Pe. José Kentenich é para mim uma grande referência. Eu me sinto também integrante do Movimento Apostólico de Schoenstatt. Ele nos deixa o legado de ser aquilo que Deus quer que a gente seja e com um auxílio materno que nos ampara nas noites de dificuldades, nas lutas do dia a dia. Ele é alguém que se torna, para nós, um exemplo de santidade. Não tenho dúvida de que o Pe. José Kentenich já é santo, apresar de faltar ainda a conclusão desse processo.
Você leva alguma contribuição pessoal de todo esse conteúdo rico que está lançando?
Confesso que antes desse livro eu era uma pessoa e, depois do livro, me tornei outra pessoa. Eu hoje me vejo mais compreensivo. Eu era muito impulsivo e hoje consigo frear mais as minhas emoções, com base nessa maternidade de Maria e nessa filiação do Pe. Kentenich. O fato de ele ser afastado do Movimento, levado para outro continente e ele aceitar isso em silêncio, isso mostra que, na vida, a gente planeja o nosso tempo, mas Deus tem o tempo dele e isso é uma das coisas que eu carrego comigo depois do livro. Ainda tenho a ansiedade de querer fazer as coisas bem rápido, de resolver logo, mas sempre que eu recorro a essas histórias, que já estão gravadas no meu coração, aí eu me freio. Existe uma maturidade, por assim dizer, provocada por esse conhecimento mais profundo do Movimento Apostólico.
O que deseja transmitir com as páginas deste livro?
Eu confesso que não estou preocupado com as vendas, mas com que Nossa Senhora chegue aos corações. Se esse livro chegar à mão de 15 ou 20 pessoas e todas elas fizerem a experiência que eu fiz, para mim já valeu todo o esforço para que esse livro fosse publicado. Essa é minha meta.
Livro: Mãe de Milagres – Experiências de carinho e amor de Mãe vivenciadas nos Santuários da Mãe e Rainha
Autor: Wallace Andrade
Editora: Canção Nova
Páginas: 128
Dimensões: 13,5 x 20,8 cm (brochura)
Vamos recordar as reportagens: