Nesta terça-feira, 30 de outubro, se reúne em Roma um grupo de cardeais e bispos, membros da Congregação para a Causa dos Santos, para analisar o processo de beatificação do Servo de Deus Mario Hiriart e dar seu parecer favorável ou contrário.
Mario Hiriart é natural do Chile e foi o primeiro Irmão de Maria de Schoenstatt da América Latina. Ele é considerado o “31 de Maio vivido”, pois soube incorporar a missão de Schoenstatt a serviço da Igreja e corporificou o que o Pe. José Kentenich denomina de “homem novo”. Assim sendo, a Família de Schoenstatt se empenha, já há alguns anos, por sua beatificação.
O processo
Num processo de beatificação, a “Positio” é um grande documento que reúne toda a história, a vida da pessoa, suas virtudes e os testemunhos que constam sobre ela. Esse documento, no caso de Mario, foi apresentado a oito teólogos, para que o analisassem com profundidade. Neste dia 30 de outubro, os teólogos darão seu voto positivo ou negativo, para que Mario Hiriart seja chamado “Venerável”. A decisão desse grupo, em seguida, deverá ser confirmada pelo Papa Francisco.
Explicando o título de “Venerável”
No uso comum: essa palavra “venerável” não é muito usada no cotidiano e, quando o fazemos, somente recorremos a ela como adjetivo, algo relacionado à idade, ou antiguidade, algo como “tradição venerável”, ou “ancião venerável”, que é respeitado por sua longevidade. De fato, “venerável” é equivalente a respeitável e digno de estima e honra. Mantém uma ideia central em consonância com o honroso e digno, com respeito e culto, com reverência e veneração.
Mas a Igreja, onde o Espírito renova todas as coisas, também renova esses conceitos quando utiliza o título de “Venerável” para os Servos de Deus. Aqui, “Venerável” não significa antiquado ou “fora de moda”, ou ultrapassado, mas algo valoroso e dinâmico, fala do “heróico e virtuoso”.
Para a Igreja, é um substantivo, um nome que se aplica a uma pessoa. Quando um servo de Deus – cuja causa de canonização é estudado na Congregação dos Santos – recebe o título de “Venerável”, significa que a “virtude heroica” que ele viveu é reconhecida pelo Santo Padre, com base na melhor e mais completa informações sobre a vida e a fama dessa pessoa. Afirma que essa pessoa “Venerável” teve uma vida de virtude além e acima da vocação cristã normal, e é um modelo para os outros agora; sua vida é digna de ser estudada e imitada por todos, especialmente pelos jovens.
Longe de ser antiquado, “Venerável” refere-se a alguém plenamente atual, uma voz clara para a Igreja de hoje e de amanhã, porque seu estilo de vida revela seu “radicalismo evangélico”. É o primeiro título concedido pela Igreja Católica àqueles que morrem com fama de santidade, e depois seguem os títulos de “Beato” e, finalmente, “Santo”.
Quando se concede este título?
A) Depois de ter concluído o respectivo processo canônico – que tem duas etapas, a primeira se dá na diocese onde o candidato está enterrado, e a segunda em Roma. Neste processo, ampla documentação é recolhida, como testemunhos de pessoas, estudos sobre os principais aspectos da vida, virtudes e escritos do Servo de Deus, tudo é elaborado em um documento final grosso, chamado “Positio”.
B) A Congregação para as Causas dos Santos – do Vaticano – estuda e aprova este documento. Uma vez impresso, é entregue à Congregação e se espera um tempo para que seja eleita uma comissão de oito ou mais teólogos consultores, de diferentes países. O documento é entregue a esses teólogos, para que o estudem a fundo e entreguem seus votos positivos ou negativos, com uma profunda explicação de “porque sim” ou “porque não” poderia ser considerada heroica a vida e as virtudes do Servo de Deus.
C) Realizar esse estudo leva alguns meses. Uma vez que os votos pessoais dos teólogos tenham sido entregues, o estudo é discutido em conjunto. Na próxima sessão solene dos Cardeais e Bispos, membros da Congregação para a Causa dos Santos, se apresenta e discute, ante eles, o parecer e a conclusão alcançada pela Comissão de Teólogos.
D) Se o Congresso dos Cardeais, por essas investigações detalhadas, comprova a heroicidade e as virtudes do Servo de Deus e a ortodoxia de seus ditos e escritos e conclui que ele realizou a obra de Cristo em sua vida, eles votam positivamente. A próxima vez que o Prefeito da Congregação se reunir com o Papa, ele leva o nome do Servo de Deus na lista que entrega com todas as resoluções dos Cardeais.
E) O Papa assina o decreto de heroicidade das virtudes. O Servo de Deus passa a ser considerado “Venerável”.
Texto por Amelia Peirone, teóloga a cargo da Causa Mario Hiriart, via schoenstatt.cl