Com o olhar naqueles que são o futuro e, mais que isso, o presente jovem da sociedade
Gislaine Monteiro / Karen Bueno – Laísa tem 12 anos, Alice tem 14 e suas respostas se unem quando falam do Projeto Mãe Rainha: “Eu gosto de estar aqui porque aprendo a tocar violão”. Natalie complementa: “Gosto muito de estar aqui pelo modo com que a gente pode se expressar e se ‘desestressar’, descarregar os sentimentos ruins pelas cordas do violão”.
A casa é simples, com poucos recursos, alugada…, mas tudo o que ali acontece é marcado pela doação e serviço. A Aliança de Amor, quando apoiada sob a força do Espírito Santo, leva aos mais altos voos. É isso o que mostra a história do Projeto Mãe Rainha, que iniciou em 2005 na cidade de Maceió/AL.
A proposta central desse trabalho é ajudar as pessoas da comunidade a alcançarem uma melhor formação profissional, educacional, ocupacional e espiritual. O desejo é promover uma boa convivência social entre os jovens e diminuir o risco deles se envolverem em caminhos que os levem a más condutas.
Gente simples
Já com 13 anos de missão, esse até parece um trabalho grande e complexo, mas, na verdade, ele surge da simplicidade de seus instrumentos. Para a missionária Lucia Marcia da Silva, da Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt, não bastava simplesmente “assistir” a realidade crítica dos jovens e adolescentes de seu bairro. Era preciso algo mais. Era preciso algo que transformasse suas vidas.
Ela iniciou o projeto com o desejo de formar e entreter a juventude no contraturno escolar. “Quem me deu essa ideia foi Nossa Senhora; tudo veio dela. Nosso objetivo é formar esses jovens para Deus; que eles possam ter um conhecimento melhor para serem verdadeiros cristãos, ter respeito pelas pessoas e amor ao próximo e para que não fiquem desassistidos”.
Entre construções e as cordas do violão
Nelson Firmino, junto com a Marcia, está à frente do projeto. Ele é pedreiro por profissão e, durante a semana, dá as oficinas musicais para a juventude. “Eu vejo que os adolescentes não têm essa visão de crescimento, não pensam em estudar, em crescer. A minha intenção é conduzir”. Ele é autodidata em música e deseja criar uma luthieria (oficina de instrumentos musicais), na qual possa ensinar a montagem de instrumentos de corda para os jovens. “Comecei a tocar na Igreja e aprendi como se toca, alguns me pediam para consertar o violão e eu fui aprendendo a construir”.
Ele explica que, com a luthieria, poderiam vender as peças, alcançando fundos necessários para que o projeto se torne autossuficiente. “Nós vemos os frutos do projeto quando um jovem, que passou por aqui, consegue um trabalho, consegue entrar numa faculdade, se casa…”, diz o professor de música.
“Foi por isso que me apaixonei”
Robson, de 14 anos, comenta: “Eu estou aqui porque são todos muito legais, eu aprendi muitas coisas e era meu sonho aprender a tocar violão. Nossos pais nos apoiam, não nos deixam faltar. Minha mãe gosta de me ouvir tocando, gosta que eu toque na Igreja”.
O início do projeto foi vinculado à Pastoral da Criança e oferecia cursos de artesanato, de alfabetização infantil, também a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Em 2012 iniciou o curso de música popular, na intenção de promover conhecimento e cultura próprios do estado por meio da música. A oficina musical ganhou força e hoje se realizam aulas de violão, teclado e cavaquinho.
Marcia conta que o traço “apostólico” do Movimento de Schoenstatt atraiu sua atenção logo de início, a impulsionou para começar o projeto: “Eu vi dentro desse Movimento um trabalho todo voltado para a família e, principalmente, com os jovens. Foi por isso que me apaixonei por esse Movimento e é um vínculo muito forte ter Nossa Senhora por perto”.
Assim, na simplicidade, mas com grande amor, os voluntários do Projeto Mãe Rainha vão construindo a nova terra mariana em Maceió.
Fotos: Gislaine Monteiro