O conselho responsável pela administração da Casa da Aliança (Vallendar/Schoenstatt) anuncia, em carta, que o prédio está à venda. A fundação chilena “María Reina del Trabajo”, responsável pelo imóvel, explica que não há condições financeiras para manter o prédio.
A Casa da Aliança, construída como Casa de Retiros, é uma construção importante na história de Schoenstatt, ela abrigou capítulos decisivos no livro da história do Movimento. Construída a serviço das atividades do Movimento, especialmente para atender os grupos de retiros, ali o Pe. José Kentenich viveu por longos anos (de 1928 até 1951), trabalhou e estudou, acompanhou inúmeros grupos de Schoenstatt que se formavam e a vida que ia surgindo.
Foi na Casa de Retiros que o fundador reuniu e formou os primeiros assessores do Movimento de Schoenstatt, ali morava o “Círculo do Rei Arthur”, como era conhecido o grupo dos padres palotinos liberados para o Movimento de Schoenstatt e que formavam uma comunidade de teto e mesa com o Fundador, sendo orientados diariamente por ele. Nessa Casa oficializou-se, em 1931, a fundação da Juventude Feminina de Schoenstatt, e tiveram início vários Ramos do Movimento. A Casa foi alvo de visitação pelo nazismo, a procura de documentos que comprometessem a liberdade do Pe. Kentenich e do Movimento Apostólico de Schoenstatt e dali o Fundador partiu para a prisão em Koblenz e do campo de concentração. Nessa casa ele também é recebido com alegria e gratidão quando retorna de Dachau, no dia 20 de maio de 1945. A partir dali começa suas viagens ao exterior – esta era sua casa no período em que visitou o Brasil. É também na Casa da Aliança que Pe. José Kentenich vive todo o processo decisivo que culminou com o seus duros 14 anos de exílio. Juridicamente, a Casa de Retiros sempre foi propriedade dos palotinos, após o exílio o Fundador não retornou mais para essa construção.
A situação atual
No ano de 1998, os palotinos colocaram a histórica Casa à venda e a fundação chilena “Maria Reina del Trabajo”, dirigida por Fernando Arrau, a adquiriu e a colocou novamente a serviço da Obra Internacional de Schoenstatt. As reformas necessárias foram realizadas pela fundação e o resto do edifício permaneceu fechado, pois não era habitável devido às regulamentações locais. A partir de 2009, ela foi sede dos preparativos para a comemoração dos 100 anos da Aliança de Amor, em 2014.
Depois de 2014, apesar de suas limitações, a casa tornou-se moradia da família que atua como sacristã no Santuário Original, continuou como sede do canal Schoenstatt-TV e reuniu várias atividades. Ela foi oferecida ao Instituto dos Padres de Schoenstatt para uso a seu critério, mas foi recusada, porque eles não tinham meios ou projetos que pudessem viabilizar seu uso, devido aos altos custos que exigem a reforma para adaptar-se às leis atuais de construção, na Alemanha. Outras tentativas de alugá-la para uma universidade ou transformar a casa em um asilo também não tiveram sucesso.
“Nessas circunstâncias”, é dito na carta à Família de Schoenstatt “a Fundação Maria Reina del Trabajo decidiu vender o prédio”. Além disso, também escrevem: “Esperamos que a Mãe de Deus escolha o comprador da casa do Movimento”.
Para mais informações, os interessados podem entrar em contato com a Fundação: jensen.lucho@gmail.com
Um pouco da história
Com o crescimento do Movimento de Schoenstatt, em 1924 o Pe. Kentenich dirigiu à direção da Província Palotina de Limburgo a proposta para a construção de uma nova casa para o Movimento. O provincial, Pe. Romualdo Laqua, recebeu bem a proposta, porém, devido às dificuldades financeiras, não poderia iniciar a construção de imediato. A Família de Schoenstatt começou, então, a juntar dinheiro para a construção da nova casa – embora fosse claro que a responsabilidade principal só poderia ser assumida pelos palotinos.
No domingo de Pentecostes de 1927 foi lançada a pedra fundamental. A inauguração solene foi levada a efeito pelo Bispo de Treves, Dom Francisco Rodolfo Bornewasser, no dia da Assunção de Nossa Senhora, 15 de agosto de 1928. O Bispo aproveitou essa oportunidade para, pela primeira vez, falar publicamente sobre a Obra de Schoenstatt: “Estou bem consciente da importância de minha visita no dia de hoje. Sei muito bem que, através de minha visita, todo o Movimento recebe a bênção do episcopado. Com muito reconhecimento e compreensão, muito me alegro em poder experimentar convosco a grandeza desta hora e lhes manifestar não só minha íntima vinculação à União Apostólica, mas também, através de minha bênção, abençoar todo o Movimento abrindo-lhe, com isso, uma nova fonte de bênçãos para seu trabalho”. No final de suas palavras, voltando o olhar ao futuro, disse o bispo: “Considero como um presságio realmente divino o fato da inauguração desta casa se realizar na festa da Assunção de Nossa Senhora, a maior festa mariana do ano. E, quando lá no vale [no Santuário Original], li as palavras: Servus Mariae nunquam peribit, pensei: também o Movimento que aqui nasceu não perecerá. A Mãe de Deus abençoará esta Obra”.
A conclusão da nova ‘Casa da União’ veio na hora esperada. Nos últimos anos da década de 1920 e nos primeiros anos da década seguinte, a atividade do Pe. Kentenich cresceu tanto e foi tal a participação em seus retiros e encontros, que mesmo a nova casa não comportava todos e, muitas vezes, nem a metade dos interessados em participar. Um observador escreveu: “Quem reside por algum tempo na Central (do Movimento) e de lá observa o desenvolvimento e tudo o que aí acontece, se convence facilmente da importância providencial do Movimento: um curso após o outro. Nos meses de verão a imensa Casa da União não comporta todos os participantes, e os padres a custo conseguem fazer todo o trabalho”. Como exemplo do crescente número de pessoas na Casa da Aliança e na Obra de Schoenstatt, basta citar a estatística dos retiros e encontros para sacerdotes nesses anos: em 1929, 542 participantes; em 1930 esse número duplicou: 1147. Em 1931 atingiu o número de 1524 participantes e em 1932 passou de 2184. Não raro, havia cursos com mais de 100 sacerdotes.
Bibliografia: Padre José Kentenich, uma vida pela Igreja. Pe. Engelbert Monnerjahn
Foto: Heinrich Brehm, via schoenstatt.de