113 quilômetros de entrega heroica ao Capital de Graças
Rodrigo Bussula – Peregrinação, do latim, peregrinatio, é uma palavra composta por outras duas: per+agros. Em tradução livre, quer dizer viagem pelos campos. Normalmente é uma jornada realizada por um devoto a um lugar sagrado de sua religião.
Na última quarta-feira, 9 de janeiro, membros da Juventude Masculina de Schoenstatt (Jumas) do Regional Sudeste iniciaram um caminho para o local de maior devoção mariana em todo o Brasil: o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Ao todo, 18 peregrinos estavam a postos e prontos para esse desafio.
O árduo caminho, que teve início na cidade de Luminosa/MG, totalizava um total de 113 quilômetros, que passavam por Campos do Jordão/SP e Pindamonhangaba/SP, até o objetivo final: a casa da Mãe de Deus.
O caminho da fé, como é chamado, já foi percorrido por mais de 40 mil peregrinos e romeiros, segundo a própria administração do Santuário de Aparecida. Pois bem, em pouco mais de quatro dias de caminhada, alguns membros do Jumas entrariam para essa estatística.
Dia 1 – Por que estou aqui?
No primeiro dia, uma missão foi entregue para aqueles 18 corações cheios da chama do fogo do Cristo Tabor. Essa missão envolvia 36 quilômetros, 12 horas de percurso, oito horas de caminhada sobre a serra e muita oração.
O cansaço bateu e os questionamentos também. Às vezes, o que se passava na cabeça dos peregrinos era de que o caminho percorrido não era o correto. Em certo ponto do percurso, isso até foi escutado da boca de um morador local.
“Vocês estão indo para Aparecida? Está errado! Aparecida é do outro lado da montanha”, disse um morador da serra da Luminosa.
Muitos, nesse momento, se perguntavam: “Meu Deus, por que estou aqui? Mas pouco a pouco cada um lembrava os vários motivos que os guiaram para essa jornada desafiadora.
“Naquela hora bateu um desânimo, principalmente porque estávamos no caminho errado. Mas seguimos e conseguimos chegar ao nosso destino”, disse Lucas Moraes, membro do Jumas do Jaraguá- São Paulo/SP.
Após 12 horas de caminhada, o primeiro dia foi concluído. Na primeira parada, em uma pousada em Campos do Jordão/SP, o tratamento foi o melhor possível. O sentimento era de que, mesmo após quase 50 mil passos, esse era um primeiro “passo” concluído rumo ao objetivo final.
“Quando chegamos eu pensei: o que estou fazendo aqui? Mas eu só pude agradecer por ter um lugar para comer, descansar e renovar minhas energias para os dias que viriam”, afirmou Lucas Moraes.
Após um belo banho e um farto jantar, o sol cai e a hora de dormir se aproxima. Escova os dentes, troca de roupa, faz tua reza e vai descansar. Assim o primeiro dia se concluiu, com muitos passos, oração e, é claro, fé. Afinal, este é o nome do caminho que percorríamos.
Dia 2 – Caminha! Nasceste para caminhar
No início do segundo dia, Maike Andrade, seminarista dos Padres de Schoenstatt, foi o responsável por guiar a espiritualidade no primeiro trecho da caminhada. Com a leitura de um poema chamado “Mensagem ao Peregrino”, do primeiro congresso europeu sobre santuários e peregrinações, em 1996.
E realmente, assim como dito no final da mensagem, Deus caminhou com cada peregrino. As dificuldades foram vencidas e, após 25 quilômetros, o destino final do segundo dia foi concluído.
Para a surpresa de muitos, um grato presente foi enviado por Deus: a pousada tinha uma piscina. Logo após as refeições, praticamente todos se jogaram na água em uma tentativa de amenizar o calor causado pela alta temperatura do dia – algo em torno de 32° graus.
Passado o momento de descontração, chegou a hora da partilha. Cada peregrino comentou um pouco sobre as experiências que viveram até ali e lindas histórias de superação, oração e entrega puderam ser compartilhadas.
Dia 3 – Qual a tua renuncia?!
O terceiro dia veio e, com ele, uma reflexão importante: o que renuncio nesta peregrinação? O que ofereço ao Capital de Graças para que eu possa viver de forma mais intensa e livre o Caminho da Fé?
Tempo para a reflexão não faltou. Em um trecho de muito asfalto e sol quente, a oração e o sentimento de ‘se entregar um pouco mais’ guiaram os passos de cada um que fazia essa loucura de amor.
No fim, o cenário se repetiu e todos finalizaram o terceiro dia de caminhada. Já no período da noite, uma missa, como aconteceu em todos os dias, foi presidida pelo Pe. Ailton Brito Alves, atual assessor do Jumas no regional Sudeste.
Na ocasião, um convite ousado foi feito para cada um presente: um propósito para ser cumprido nos próximos 365 dias do ano. De imediato, o espanto pela proposta ousada ficou escancarado no rosto de muitos, mas, após cada um se lembrar os motivos desta entrega de amor, a serenidade tomou conta de cada olhar.
Dia 4 – Gratidão e promessa feita
Com o raiar de um novo dia, o ânimo era presente nos olhos de cada um e Ezequiel Barroso, membro do Jumas de São Bernardo do Campo e líder da peregrinação, fez um convite ousado para cada um: “Galera, sei que tudo mundo está com dor e que existem muitos motivos para reclamar. Mas, hoje, eu peço para que não reclamemos. É o último dia, pessoal, vamos ser positivos, nada de reclamar”, frisou.
E assim, com um passo de cada vez, os peregrinos se aproximavam de seu destino final. Em certo momento, de longe podia se ver a basílica e, nesse momento, cada gota de suor derramada, dor sentida e passo dado estavam prestes a fazer ainda mais sentido.
Com a chegada, no início da tarde do último domingo, 13 de janeiro, cada um se dirigiu para os pés de Nossa Senhora Aparecida, para lá finalizaram esse primeiro passo da missão e realizarem sua promessa para 2019.
Com dias difíceis, uns mais que outros, muitos pensaram em desistir, mas a fé os levou até o caminho final. Pois é como diz a música: “Andar com fé eu vou, porque a fé não costuma falhar”.
Fonte: jumasbrasil.com.br
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