Pequenos que se tornam grandes
Juliana Dorigo – Durante seu discurso, na benção da pedra fundamental do Santuário de Londrina/PR, o Pe. José Kentenich disse: “Considerando a nós mesmos, espontaneamente nos surge o pensamento: nós homens pequeninos e incapazes, de repente devemos adquirir poder sobre a Mãe de Deus? Dependerá realmente de nós, que ela estabeleça aqui? O destino de milhões de homens será o mesmo colocado em nossas mãos, por séculos?” [1].
Assim como ele acreditava na força dos pequeninos para realizar grandiosidades, podemos observar por meio da tragédia com o rompimento da barragem em Brumadinho/MG, os pequenos que se unem para demonstrar a solidariedade com os mais necessitados. De fato, tudo indica que a tragédia poderia ser evitada e que houve falta de ser comunidade, absteve-se da preocupação com as pessoas, que trabalhavam ou moravam ao redor da barragem.
No mesmo discurso, o Pai Fundador acrescenta que “Deus escolheu os pequenos deste mundo, para confundir os grandes. É sinal muito promissor o fato de sermos tão poucos e tão pequenos, quase tão insignificantes como esta pedra” [2]. Os pequenos, que se tornam grandes, ao dedicar suas vidas a tarefas por um bem maior. “Outros podem travar grandes lutas, conquistar fama… No entanto, se nós virmos e entendermos bem a tarefa de hoje e a cumprimos, teremos interferido muito mais no mecanismo do tempo” [3].
O que é ser comunidade?
A comunidade, descrita pelo Movimento Apostólico de Schoenstatt como: “consiste em que as pessoas que a constituem vivem uma na outra, com a outra e para a outra. O laço de amor que as une e leva-as sentirem-se profunda e solidariamente responsáveis umas pelas outras” [4]. A união de pessoas, caminhar lado a lado e ser família. “É a comunidade animada pelo vínculo do amor que o Espírito Santo infunde em nossos corações, que vence o coletivismo massificante e também o individualismo que isola” [5].
Pe. Kentenich fez uma reflexão sobre a grandeza de estar unido: “Não acham que se trata de algo grande? Se agora caminharmos lado a lado ao encontro do grande objetivo, creio poder dizer: a Família tornar-se-á grande! E escutamos bradar: ‘Vede como eles se amam!’ ‘Onde dois ou três se reúnem, eu estou no meio deles’. Onde duas ou três regiões se reúnem, somos invencíveis, embora formemos um grupo pequeno, muito pequeno”[6].
O homem novo em comunidade
O Pai Fundador define o homem novo schoenstattiano como: “é a personalidade autônoma, de uma grande interioridade, com uma vontade e disposição permanente em se decidir por si próprio, responsável diante de sua própria consciência e interiormente livre, que se afasta tanto de uma escravidão a formas como de arbitrariedade destruidora dos vínculos” [7].
Criar uma comunidade baseada em homens novos é o principal objetivo do movimento de Schoenstatt, que seja fermento de uma nova ordem cristã da sociedade. Homens e mulheres pequeninos e capazes de grandes feitos em união. O incidente de Brumadinho mostra que esta missão continua atual e é cada vez mais necessária para que surja uma nova terra mariana.
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Referências:
[1,2 e 3]: Pe. José Kentenich, discurso durante a benção da pedra fundamental do Santuário de Londrina em 25 de abril de 1948.Livro Documentos de Schoenstatt.
[6]: Pe. José Kentenich, palestra em Santiago (Chile), Terciado de 2 de fevereiro a 1º de março de 1951. Livro Tua Aliança nossa missão.
[4,5 e 7]: Pe. Rafael Fernández de Andraca. Livro 150 perguntas sobre Schoenstatt, 2011.