Primeira Missa do Padre Vitor Hugo Possetti
Juliana Dorigo – “Não tenhas medo! De hoje em diante, tu serás pescador de homens” (Lc 5,10). Assim dizia o trecho do evangelho da Primeira Missa do Pe. Vitor Hugo Possetti, em 10 de fevereiro, na capela do Colégio Mãe de Deus, em Londrina/PR. A família, os amigos, a juventude e centenas de fieis lotaram a capela, para poder acompanhar a celebração do novo sacerdote do Instituto dos Padres de Schoenstatt. Pe. Vitor estava em casa, na sua terra natal, onde deu os seus primeiros passos na fé.
A homilia, feita pelo Pe. Ailton Brito Alves, foi um momento de muita emoção. Em detalhes, ele descreveu o sentido da vocação e também da família. “Qual o preço que nós estamos dispostos a pagar para seguir os sonhos de Deus em nossas vidas?”.
“Os discípulos deixaram tudo para seguir Jesus. Que bonito! Mas, a Bíblia não conta dos familiares que ficaram chorando com a partida deles para seguir Jesus”. De maneira simbólica, ele entregou um tapete, aos pais do novo sacerdote, como símbolo do despojamento: “Quero deixar com a tua mãe, que chorou a tua ausência, os teus sonhos, junto com o teu pai, os teus avós e o teu irmão, que muitas vezes se prostraram em oração, para que tu ficasses de pé” e, acrescentou, “os teus pais foram aqueles que se prostraram e, muitas vezes, deixaram de sonhar o sonho deles, para sonhar o teu”.
Explicando sobre a vivência da vocação, ele diz: “O tapete tem seus avessos, como a vida tem os seus avessos. Toda vocação se joga no silêncio, todos os sonhos se constroem no silêncio e sem o aplauso de alguém, nos avessos de muita renúncia e de muita entrega, como teus pais. Como também o Pe. Vitor, que nos ensinou hoje que, para estar aqui, para esta felicidade imensa que ele está sentindo de celebrar a Eucaristia, ele teve que viver muitos avessos e entregas”.
“Na tua vida de padre, muitas vezes, tu podes te sentir pequeno, é verdade. Mas, que tu tenhas essa sabedoria de falar: para onde eu vou? Eu não vou soltar teus pés, Jesus, ainda que interiormente eu me sinta pequeno”. Falou também sobre a simplicidade e a humildade: “Gente grande de verdade se faz pequeno e, por isso, é capaz de sempre crescer… que tu possas, com o teu sacerdócio, nos mostrar que há muitas formas diferentes de sermos irmãos… que o reino de Deus é aberto para todos. ‘O reino está entre vós’.”
O último presente: a foto
Pe. Ailton levou os fiéis, a família, os amigos e também o Pe. Vitor às lágrimas com o último presente simbólico: “A foto do último trabalho do Pe. Vitor. Ele está segurando uma criança. Ele fez uma capelinha, no Centro Educacional Catarina Kentenich, junto com as crianças, que por vários motivos se separam de suas famílias. Crianças tão pequenas, que passam por coisas que nenhum adulto, ninguém deveria passar na vida. Está aqui, o Pe. Vitor, segurando uma dessas crianças sorrindo. Simplesmente, alçando uma criança para colar estrelas no teto da capelinha…
Só se pode tocar o céu e as estrelas, quem tem os pés no chão. O Pe. Vitor saiu de sua casa para viver o seu sonho. Espero que nós, também, possamos contemplar esse símbolo tão bonito, da criança com o Vitor colocando estrelas. A criança nem olha pra ele. Ela olha para o céu e o Vitor também… os sonhos e o céu se começam aqui, com gestos simples”, disse ele.
Também conta sobre os pequenos sinais: “O amor vive de sinais e de pequenos detalhes. O reino do céu começa pequeno, como uma semente.Tu, meu irmão Vitor, sem querer, causaste uma revolução, lá brincando de criança, colando estrelinha em um bairro periférico de São Paulo, no silêncio do domingo, sem aplauso, sem porquê, simplesmente amando.”
Fazei isto em memória de mim
“Daqui a pouco, na Missa, pela primeira vez, tu vais levantar o cálice de Jesus, a memória que tu sempre vais celebrar… e vais dizer, uma e outra vez, ‘Fazei isto em memória de mim’, levantando essa aliança e, junto com ela, tantas orações, levando-as a Deus através do cálice de Jesus”, disse ele.
Finalizando a homilia, disse: “Muitas vezes, nos perguntamos: por que eu? Sou apenas um homem pequeno, de lábios impuros. Aí vem a figura de Pedro, quando o Senhor vê o coração. Eu só vejo a imagem: enquanto, o Senhor vê o profundo, eu só vejo a margem. Então, abrace Jesus, que ele vai te fazer olhar com ele. Pois, a melhor coisa é saber que ele é quem olha os corações, ele olhou o profundo. Ele olhou o teu coração e te escolheu para ser seu amigo e seguir ao seu lado”.
Consagro a minha vocação a vós
Ao final da celebração, o Pe. Vitor Hugo desceu ao Santuário, onde selou a sua Aliança de Amor quando jovem, voltando novamente seu olhar à Mãe de Deus, consagrou a sua vocação sacerdotal a ela.
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