“Temos que capacitar novamente o homem para suas múltiplas vinculações”
Viviane Maria Menezes Guariente – A sociedade atual vive em um ritmo intenso de transformações, em que tudo precisa ser rápido, aqui e agora, o que gera o individualismo e incertezas.
Como schoenstattianos, nos ancoramos na pedagogia das vinculações como resposta ao contexto social moderno. Pe. José Kentenich ensina que a vinculação deve ser livre e autêntica. Devemos trabalhar as vinculações, de forma orgânica e sadia, para sair da superficialidade e mergulhar no nosso mundo interior.
“Temos que capacitar novamente o homem para suas múltiplas vinculações, torná-lo capaz e disposto para uma profunda vinculação interior a lugares, coisas e ideias. Sobretudo temos que torná-lo capaz de desenvolver os vínculos com a comunidade”. (Kentenich, José, Vinculaciones personales, op. cit., p. 19ss.).
Vinculação ao próximo
Nesse contexto, Pe. Kentenich enfatiza a importância da vinculação ao próximo. Certamente, vincular-se a pessoas na mesma fase de vida, que compartilham os mesmos ideais, é muito mais fácil e prazeroso do que vincular-se a alguém que convivemos diariamente, mas que não compartilha dos mesmos interesses.
Muitas vezes, é mais “difícil” dar atenção a um parente do que a uma série na Netflix ou uma publicação no facebook/Instagran, sendo ainda, mais empolgante conversar com um irmão de grupo sobre o próximo encontro, do que ouvir uma história de nossos pais.
Cultura do encontro
O Papa Francisco, em seus discursos, tem utilizado a expressão “cultura do encontro”. Nesta proposta, coloca em discussão justamente a superficialidade das relações (vínculos) e busca mostrar os efeitos de um verdadeiro e profundo encontro com o outro.
Em uma meditação proferida no dia, 13 de setembro de 2016, o Papa diz como trabalhar a cultura do encontro de modo simples: “não só vendo, mas olhando, não só cruzando-se com pessoas, mas detendo-se com elas, não só dizendo: que pena, pobrezinho, mas deixando-se arrebatar pela compaixão; e depois aproximar-se, tocar e dizer: ‘não chores’ e dar pelo menos uma gota de vida”.
Outro passo importante, conforme diz o Santo Padre, é ser paciente e entender quem é diferente de nós.
O horário espiritual é uma grande ferramenta, que o Pai e Fundador criou para trabalhar e refletir os vínculos. Como se veicular nos momentos de dificuldade? A resposta é através da “cultura do encontro”, as oportunidades de se encontrar, que surgem nas pequenas ações do nosso dia a dia.
Pequenos gestos
Uma simples conversa, de como foi o dia com o seu irmão, um conselho ou ajuda para um colega de trabalho ou de classe, uma visita aos avós durante a semana, um bom dia com um sorriso no rosto, ao funcionário que trabalha em casa ou ao colega de trabalho, pequenos gestos que para nós, podem até não fazer tanta diferença, mas que causam alegria e promovem acolhimento terno às pessoas com quem mais convivemos.
São estes atos cotidianos, talvez despercebidos, que fortalecem nossos vínculos às pessoas e assim, aos poucos, nos aprofundamos, de forma orgânica, na relação ao próximo. Cultivar vínculos depende do esforço de cada um!
Foto: Angélica María