Uma conversa com a sacristão do Santuário Original
Karen Bueno – Há dois anos o Santuário Original de Schoenstatt, na Alemanha, recebe os cuidados diários de uma brasileira, a Ir. M. Vanda Lucia Friedrich. Ela é sacristã e, junto com seus companheiros de trabalho, tem a tarefa de zelar pelo coração de toda a Obra Internacional de Schoenstatt. Uma missão dinâmica e imensa, afinal, como ela conta, “é bem normal chegar a ter seis missas num único dia, principalmente a partir de maio, que começa o verão”.
Além disso, Schoenstatt é o núcleo de um Movimento espalhado por centenas de países então, consequentemente, há grande movimentação ao redor do Santuário, seja física ou espiritual. Nesta entrevista a Ir. M. Vanda compartilha um pouco de sua experiência nesses dois anos de atividades:
Qual é o trabalho de um sacristão do Santuário Original?
Nós três – eu e mais um casal do Instituto de Famílias (Bernadette e Norbert Weweler) – somos a equipe oficial de sacristãos do Santuário Original, com contrato de trabalho. Nós nos revezamos em certas tarefas, temos uma escala de atividades e cuidamos dos trabalhos práticos ao redor do Santuário. Estamos sempre em contato com o reitor (Pe. Pablo Javier Pol), que é o responsável pela parte administrativa e pastoral, para que ele possa acompanhar tudo o que acontece.
Nosso trabalho no Santuário é: ornamentação, limpeza (do Santuário, da sacristia e dos arredores – como a capela das velas e o monumento dos heróis), preparação das missas, também, de certa forma, uma pastoral e acolhida para as pessoas que chegam. O cuidado com o gramado é terceirizado, mas somos nós que chamamos os responsáveis, quando necessário, e acompanhamos. São todos trabalhos práticos que assumimos em nome do reitor. Tem também uma equipe de voluntários que nos ajuda, especialmente a noite. O dia começa muito cedo. Nós começamos a trabalhar 5h30min, quando fazemos a limpeza diária do Santuário Original e arrumamos tudo para a missa. Às 5h45min chegam as primeiras pessoas para rezar.
Como nós, pessoas de diversos países, podemos nos sentir representadas no Santuário?
Uma forma que usamos para representar as pessoas do mundo inteiro são as bandeirinhas dos países, que nós conquistamos há pouco tempo. Estivemos pesquisando as datas especiais dos países – por exemplo: os feriados nacionais e as datas marcantes de cada nação – e nesses dias a bandeirinha deste país é colocada no Santuário Original. Ou, por exemplo, no final do ano passado houve muitas turbulências na Bolívia, no Chile… então nós colocamos essas bandeirinhas no Santuário Original para lembrar que estamos rezando por essas pessoas. Quando chegam grupos de diferentes países, nós também colocamos as bandeirinhas lá, para recebê-los.
O meu uso pessoal – e acredito que dos outros sacristãos também – é ter a certeza de que nunca chegamos sozinhos ao Santuário, mas sempre representando as pessoas do mundo inteiro; nós as levamos conosco. Eu penso: “Estou aí todos os dias e quantas pessoas, em toda sua vida, não poderão pisar um minuto sequer neste lugar”. É emocionante poder representá-las.
O que te marcou e te chamou a atenção nesses dois anos de trabalho?
O que me impressiona e comove muito é o grande amor que os filhos de Schoenstatt têm. Às vezes não são pessoas muito introduzidas no Movimento, somente recebem a Mãe Peregrina, mas, quando chegam ao Santuário, demonstram grande amor, querem receber suas graças e vão retribuir a visita da Mãe de Deus. Não raras vezes têm pessoas que chegam de lugares diversos do país e vão porque a mãe, a avó ou algum familiar pediu que passasse por lá, que recebesse as graças do Santuário e levasse até eles de volta no Brasil. Isso me dá a convicção de que é um lugar de muitas graças.
É muito bonito, também, o primeiro encontro com o Santuário, as pessoas que chegam pela primeira vez, se ajoelham e choram de emoção.
Uma coisa muito bonita que eu experimento também é a internacionalidade. Não tem um dia em que você não encontre peregrinos, pessoas avulsas ou famílias de outros países – e são de todo o mundo. Os países de língua espanhola são a maioria, mas você escuta pessoas falando húngaro, polonês, inglês… É muito raro o dia que não tenha um brasileiro. Para eles é uma grande surpresa quando descobrem que sou brasileira e veem isso como um carinho especial da Mãe de Deus, pois tem alguém falando o idioma deles para dizer: bem-vindos!
O que a senhora indica para as pessoas que desejam visitar o Santuário Original?
Normalmente os grupos precisam de agendamento, para ter certeza de que o Santuário estará desocupado. Às vezes acontecem imprevistos e chegam grupos sem avisar; nós fazemos o possível para que todos possam aproveitar o Santuário, mas já aconteceu de alguns grupos não conseguirem visitar ou celebrar uma missa no Santuário Original. Para agendar as visitas em grupo é muito simples, nós temos um e-mail de contato do Santuário Original e toda a Central Internacional de Romarias (línguas portuguesa, espanhola, inglesa e alemã) tem acesso à agenda. Na agenda entram todas as peregrinações, também estão anotados os grupos do Movimento com hora reservada. (E-mail: kontakt@schoenstatt-info.de / site: schoenstatt-info.com). O Santuário é muito reservado, especialmente à noite, para horas privadas. As pessoas individuais e os grupos têm essa possibilidade especial, eles podem reservar um horário só para eles no Santuário. É um grande presente de estar só ali, junto com a Mãe de Deus.