Quinta-feira do Lava-pés
Pe. Francisco Lemes – A cena do lava-pés é sem dúvida uma das mais belas cenas e gestos de Jesus. Nesta Última Ceia, ao instituir os sacramentos da Eucaristia – “tomai e comei… tomai e bebei” – e da Ordem – “fazei isto em memória de mim, Jesus nos deixa claro que a Eucaristia está estritamente ligado aquele que serve. O culto sem o serviço poderá ser estéril e cumprimento de rubricas.
Lavar os pés, atitude do Mestre e Senhor, que se abaixa aos pés de seus amigos, inclusive de Judas, o traidor. Na cena do Jardim das Oliveira, num gesto de amor, com Judas, Jesus ainda o chama de amigo. Lava também os pés de Pedro, que a poucos instantes disse que seria capaz de lhe dar a vida, mas, diante do aparente fracasso de seu Mestre, o nega por três vezes, antes mesmo do galo cantar. Lavar-lhes os pés, é um gesto de Jesus, que talvez ali no momento, os apóstolos não captaram a sua dimensão. Mas, depois da glória da Ressurreição, o Espírito lhes abriria as mentes, e eles compreenderiam!
Ao tirar o manto, Jesus nos dá o sinal que, para servir, temos que estar despojados de qualquer intenção, que não seja o puro amor de servir, mesmos os que nos causam dor e decepções. Que “mantos” andam nos impedindo de ir ao encontro dos irmãos para lhes lavar os pés? Que mantos tem criado muros para uma aproximação?
Jesus, com este gesto, mostra-nos seu despojamento total, nos leva a pensar da Encarnação ao Calvário, que em breve se entregará de livre e espontânea vontade ao amor do Pai.
Cingir a cintura com uma toalha. Cingir os rins, para os judeus, significava estar pronto para partir e a pureza das ações. Jesus nos mostra que devemos estar sempre vigilantes para servir e que este gesto seja carregado de pureza. Ao fim da ceia, o evangelista diz que Jesus retoma o manto e não diz que tenha tirado a toalha da cintura. Deixa, assim, uma brecha delicada para entender que o serviço completo será a entrega da vida. Tem maior amor aquele que dá vida pelos seus!
Depois de tudo concluído dá-nos uma herança. Não será reinos, nem fortunas; mas sim o AMOR! “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”; eis o testamento de herança que ele nos deixou.
Que nesse dia, neste ano vivendo em nossas casas, como outrora o Povo da Antiga Aliança, nos reunamos ao redor da mesa de jantar e façamos memória desta ceia, lendo o capítulo 13 do evangelho de São João. Uma sugestão: Tome uma bacia com água e lave os pés dos seus, em sua casa. Diga que ama os seus,assim como Jesus fez com seus doze apóstolos! Ame até aquele que te aborrece ou causa dissabores. Jesus Amou e amou até o fim!
Maria não estava presente nesta noite, mas há quem sugere que ela pode ter sido ela quem tenha preparado todo o ambiente. Que Maria, de seu Santuário de Graças, prepare nossos ambientes, do coração, para essa celebração!