… a Providência tinha um plano melhor
O casamento dos sonhos, na imaginação de Gloria Diez Duralde e Lucas Sagué Leblic, seria realizado hoje, 18 de abril de 2020. Mas, como eles mesmos contam, “Deus excede em muito qualquer sonho que você possa ter”. Os dois pertencem ao Movimento Apostólico de Schoenstatt em Madri, na Espanha.
Eles se casaram no dia 14 de março, de uma forma que nunca poderiam imaginar: uma cerimônia simples, com dez convidados, um vestido de noiva e um terno emprestados, o bolo comprado no supermercado… Tudo isso realizado às pressas, antes que, pela primeira vez na história da democracia espanhola, fosse decretado o estado de alerta.
Enquanto o mundo caminhava para um tumulto com as consequências do coronavírus, Lucas e Gloria buscaram o refúgio do Santuário e receberam o sacramento do Matrimônio. A cerimônia foi muito simples na sua opinião? Para eles, na verdade, este foi o casamento dos sonhos.
Abaixo está o testemunho de Gloria:
Eu pertenço ao Movimento de Schoenstatt desde que nasci, pois meus pais se conheceram nele e estamos, toda a família, muito vinculados a Schoenstatt. Para mim, o Santuário é meu segundo lar. Também conheci o Lucas graças à Mãe. Ela cuidou de aproximar-se dele e ambos selaram uma Aliança de Amor; ele começou a visitar o Santuário e, na Missão País, nós nos conhecemos. Depois de um longo período nos conhecendo, vendo que era a vontade de Deus, começamos a sair.
Depois de quase quatro anos de namoro e muito discernimento, contribuições ao Capital de Graças e orações, vimos que Deus nos pedia para que nos casássemos, que lhe disséssemos um ‘sim’ a Ele por meio do aceitar e acolher um ao outro; que nossa missão era levar o outro ao céu, amar a Deus através do outro.
A data do nosso casamento estava marcada para 18 de abril de 2020. Tínhamos o desejo de realizar um casamento simples, no qual estivesse claro aquilo que é mais importante, e tínhamos uma grande ilusão de nos casarmos no Santuário de Schoenstatt de Pozuelo (Madri). Porém, nos disseram que se o número de convidados não coubesse no Santuário, a cerimônia seria realizada no Centro de Peregrinos, que fica abaixo do Santuário e é uma igreja maior, e que no final da missa poderíamos caminhar até o Santuário. Aceitamos, embora pedíssemos à Mãe para que ela cuidasse segundo a sua vontade.
Perto do estado de alerta
Começou este momento difícil com o coronavírus e nós seguíamos confiantes de que nos casaríamos, porque esta era a vontade de Deus. À medida em que a data se aproximava, as coisas ficaram mais complicadas. A viagem de pós-casamento foi cancelada, o buffet não nos respondia… Estávamos próximos do estado de alerta, no qual não poderíamos sair e, portanto, as missas seriam canceladas.
Nós estávamos dispostos a casar, mesmo que fosse em uma casa, mas nos perguntávamos: é permitido pela Igreja? Não nos importávamos em adiar a celebração, a “festa” … Bem, o que realmente queríamos era dizer “sim” a Deus, o demais viria como acréscimo. Então, entregues nas mãos de Deus e em oração, colocamos em nossos corações que devíamos antecipar o casamento, porque não sabíamos como estaria a situação em 18 de abril – já se falava que estávamos próximos do estado de alerta e do cancelamento de missas e, justo neste momento em que ainda tínhamos a permissão da Igreja para nos casarmos no Santuário, deveríamos aproveitar essa oportunidade.
O que importa é o essencial
Assim, no dia 13 de março, entramos em contato com as Irmãs de Maria e às 15 horas elas confirmaram que poderíamos nos casar no Santuário, mas teria que ser no dia seguinte e seguindo a regra de manter uma distância de segurança entre as pessoas. Elas também sabiam que, nessa mesma tarde, sacerdotes estavam reunidos para decidir o que aconteceria com as missas (naquela tarde, descobrimos que as missas públicas haviam sido canceladas). O casamento tinha que ser no dia seguinte, o mais rápido possível, porque estávamos próximos de se promulgar o estado de alerta em Madri e não poderíamos mais sair.
Depois de termos a confirmação do Santuário, conversamos com o sacerdote que celebraria nosso casamento. E, às 19 horas, tivemos a confirmação exata de que nos casaríamos, no dia seguinte, sábado, 14 de março, às 16 horas, dentro do Santuário, com 10 convidados mais próximos. Esse foi o casamento esperado por Deus. Tínhamos nos abandonado nas mãos dele e, por esse motivo, tínhamos a certeza de que estávamos fazendo a vontade dele e não a nossa, porque não fomos nós que planejamos tudo isso.
Pudemos ver também o quanto a Mãe nos ama e como ela se importa, inclusive, com nossos pequenos sonhos ou ilusões. Ela quis nos dar o presente de poder casar no Santuário! De uma maneira em que o importante era realmente o centro, não havia distrações, o importante é que estávamos dizendo sim a Deus, sim a amar o outro para sempre, com o amor que Ele nos deu primeiro.
Para nós, este foi o casamento dos sonhos, porque sabemos que era o casamento sonhado por Deus. Nós nos deixamos conduzir por seus planos e vimos que Deus excede em muito qualquer sonho que você possa ter. Há pessoas que poderiam nos dizer: Mas, por que tudo tão corrido? Por que não esperar e fazê-lo bem, completo? Para nós, dessa maneira, não houve pressa, apenas seguimos o ritmo e a voz que Ele estabeleceu para nós. Claramente, não queríamos deixar de nos casar e esperar que a voz do mundo e das circunstâncias ditassem quando casar… A porta foi aberta para nós fazermos isso e, para nós, este é o modo mais “completo”, real e verdadeiro. Não faltava nada que fosse essencial. As flores, a comida, o coral, o fotógrafo… Isso não é necessário para que o casamento seja completo. Dissemos “sim”, na adversidade, por todos os dias de nossas vidas.
Uma só carne, como Jesus e Maria
E, como disse na homilia o padre que nos casou (Pe. Javier Jiménez), vivíamos o momento da Cruz da Unidade. Era um momento tão importante e poucas pessoas nos acompanhavam. Mas, ainda assim, como Jesus e Maria faziam-se “uma só cruz”, naquele momento nós nos tornávamos “uma só carne”, Lucas e eu.
Depois de todo esse presente do céu, tendo podido casar no Santuário, pelas mãos de Maria, damos graças a Deus por ser Ele que guia nossa vida. Seguiremos aprendendo a confiar nele e a nos deixarmos moldar por Ele, pois Ele transforma o pequeno, o simples, em algo grandioso, como a semente de mostarda. Deus ama a simplicidade, que sejamos corajosos em dizer “sim” a Ele e não ao que o mundo diz.
E, por último, temos visto que, de um mal que é assunto no mundo todo, para aqueles que não temem, para aqueles que não têm medo e confiam nele, Deus traz um bem maior.
Tudo isso é um testemunho de que precisamos confiar em Deus. Dizemos isso, mas sabendo que nada é nosso mérito, é tudo para dar glória a Deus, pelo muito que ele tem feito em nós.
Saudações da Espanha e unidos no Santuário,
Gloria e Lucas.