“Deus é nosso Amigo”. Este é um subtítulo do livro Santidade de Todos os Dias, no qual o Pe. José Kentenich fala sobre a amizade entre Deus Pai e os homens. Além de ser Pai, colaborador e santificador, Deus nos quer como amigos. Leia abaixo a reflexão:
Deus é nosso Amigo
O grande Deus uno e trino não pretende tão somente nosso amor filial, mas quer abranger todas as dimensões de nosso amor, também nosso amor de amizade. Ele vive em nós, como nosso Amigo divino. “Já não vos chamarei servos, porém, amigos” (Jo 15, 15). É uma declaração divina que deve ser tomada literalmente. […]
Numa autêntica amizade, Deus partilha seus bens comigo. Dá-me seu Filho e seu divino Espírito. Deixa-me participar na missão de seu Filho que aos pés da cruz me confiou, solenemente, sua própria Mãe.
O divino Amigo também gostaria de receber os meus bens. Eu possuo, como única propriedade, minha livre vontade e meu amor. Devo e posso oferecê-los como prova de amizade. Que me diz Jesus? “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir, entrarei e cearei com ele e ele comigo” (Ap 3, 20). Jamais teríamos ousado estender as mãos a uma intimidade tão maravilhosa se o Amigo divino não a tivesse antecipado! Ele me convida ao seu banquete, entra em diálogo comigo através de suas inspirações e ensinamentos, como o faz um bom amigo.
Quando Clara de Assis, a grande santa do século XIII, voltava da meditação, suas irmãs gostavam de perguntar-lhe: “Que notícia trazes do bom Deus?”, pois sabiam que Ele lhe havia falado.
Quem cultiva a amizade com Deus Trino que habita em seu interior, descobrirá muitas correlações e compreenderá verdades que permanecem ocultas para outros. Como fruto desta amizade receberá sempre impulsos novos para uma séria aspiração.
Infelizmente, porém, o borborinho do mundo nos confunde tanto, que raras vezes ouvimos a voz do Amigo, e nos passa despercebido o seu bater. O cristão é receptível e aberto para Deus. O rumor das atividades diárias não consegue encobrir a voz do Amigo divino. Ele a ouve por toda a parte, assim como um filho distingue a voz tão conhecida de sua mãe, apesar do barulho da rua.
O amor de amizade
O amor de amizade é a culminância de suas relações cordiais e afetuosas com Deus. Amigos vivem um-no-outro. O coração de um é a morada do outro. Para amigos verdadeiros vale o imperativo: “Totum pro toto!” Tudo por tudo!
E assim o Homem-Deus presenteia esplendidamente a alma com toda a plenitude que ela for capaz de abranger: sua vida, seu amor, sua sabedoria, seu espírito, sua missão divina, seu Pai celestial, sua própria Mãe. E o cristão lhe dá tudo o que possui: amor, energias, talentos, tempo, esperanças e expectativas. Nos sofrimentos e aflições sua fidelidade não cessa, pois seu amigo é o eterno Deus. Porque Deus é um amigo que dá sem visar os próprios interesses, o cristão procura sempre o Deus da consolação, e não tanto a consolação de Deus. E como chama amigo àquele que na cruz tudo sacrificou por ele, nenhum sacrifício lhe será demasiado custoso. Aquele que oferece seu amor todos os dias numa medida super abundante, lhe inspira, sempre mais, um santo descontentamento e o desejo ardente de não descansar, enquanto não tiver alcançado o mais alto grau da correspondência ao amor, até que possa dizer: nada mais desejo no céu, nem busco outra coisa na terra senão a ti, meu Deus, grande, bondoso e pleno de amor.
Fonte: Santidade de Todos os Dias, Espiritualidade Laical de Schoenstatt. Pe. José Kentenich; Ir. M. Annette Nailis