Por que o Pe. José Kentenich nos convida a olhar para ela?
Ir. M. Daniele Ramos – Neste ano em que celebramos 100 anos da chegada das mulheres em Schoenstatt, somos convidados(as) pelo próprio Fundador a voltar nosso olhar à pessoa de Ir. M. Emanuele Seyfried: “um caso preclaro de sabedoria feminina”, “extraordinariamente nobre, extraordinariamente distinta, extraordinariamente delicada”. Assim se expressou o Pe. José Kentenich por ocasião de sua eleição como Superiora Geral das Irmãs de Maria de Schoenstatt no ano de 1967.
Também um sacerdote da comunidade dos Padres de Schoenstatt testemunhou a seu respeito: “Ela foi uma mulher extraordinária, que encarnou de modo excelente os valores femininos que Schoenstatt visa dar ao mundo” [1].
Apenas esses breves relatos sobre a pessoa extraordinária que foi Ir. M. Emanuele bastariam para convencer-nos de que sua personalidade tem muito a nos dizer neste jubileu centenário das mulheres em Schoenstatt. Mas, seguindo a orientação do Pe. José Kentenich, olhemos um pouquinho mais a fundo este modelo de Mulher que, com orgulho, o Fundador pôde oferecer à Igreja:
Uma das pioneiras no Brasil
Ir. M. Emanuele, Elisabeth Seyfried, nasceu em Rottweil, Alemanha, em 19 de abril de 1905. Ingressou no Instituto das Irmãs de Maria de Schoenstatt no dia 1º de julho de 1932 e logo a seguir, apenas três anos depois, aceitou o convite a ser missionária em terras brasileiras. Foi uma das 12 pioneiras enviadas pelo Fundador a edificar Schoenstatt no Brasil, chegando a 10 de junho de 1935 em sua “nova” pátria, o Brasil.
Atuou como mestra de diversos cursos de Noviciado e Terciado até ser nomeada, pelo Fundador, superiora provincial da Província Tabor (até então única Província no Brasil), com sede em Santa Maria/RS, no ano de 1950.
Ir. M. Emanuele permaneceu superiora provincial durante 17 anos, até ser nomeada Superiora Geral de nossa Família de Irmãs, motivo que levou ao retornar a sua pátria natal, Alemanha.
Qual seu segredo?
À exemplo de Maria, a Mãe das Dores, se destacou por sua fortaleza, fidelidade e ampla maternidade espiritual nos difíceis anos pelo qual passou a Obra de Schoenstatt no período do Exílio do Fundador. Foi conselheira, guia espiritual e arrimo para muitas pessoas, inclusive para seminaristas e sacerdotes neste período crítico em que Schoenstatt no Brasil esteve verdadeiramente à sombra da gloriosa Cruz do Senhor.
Ir. M. Emanuel foi uma filha fidelíssima à pessoa e ao carisma do Fundador, o Pe. José Kentenich. Desde o início esteve profundamente vinculada a ele e, por isso, soube agir em todas as situações e conduzir a Família das Irmãs e a Família de Schoenstatt brasileira em fidelidade ao carisma e à “mens fundatoris”, ao pensar do Fundador.
O Pe. Hernán Alessandri [2], cujo processo de beatificação está em andamento no Chile, testemunha sobre ela: “Todos os que entravam em contato com Ir. M. Emanuele sentiam-se abrigados. Nós o experimentamos nos difíceis anos de 1959 e 1960 no Brasil. Ela era o polo tranquilo. Junto dela, cada um de nós sentia-se abrigado, valorizado e animado. Nem mesmo o bispo local, que por certo, não era a favor de Schoenstatt, pôde se furtar a esta influência. Ir. M. Emanuele sabia interpretar os processos vitais e conquistar as pessoas, justamente porque vivia profundamente ancorada em Deus” [3].
A mulher forte, quem vai encontrá-la? (Pr 31, 10)
Também o Pe. Jaime Ochagavia, do Chile, testemunhou: “… Ir. M.Emanuele era uma pessoa que não queria forçar ninguém com o que dizia, queria somente oferecer, entregar, doar. Eu diria que, com essa delicadeza feminina, com este tato, ela não vinha impor, mas oferecer algo e oferecia com muito respeito, com muita delicadeza. E eu diria que irradiava o respeito, irradiava delicadeza, simplicidade.
A simplicidade dela é confiança. A confiança no Pai e Fundador, na Mãe, no Santuário, a confiança em Deus. Não era uma confiança baseada em outras capacidades ou provas. A confiança total que a Mãe triunfa, de que a Mãe vai triunfar. Era isso que ela irradiava.
Sua pessoa era transparente. (…) Era uma pessoa com uma atitude muito clara sobre a verdade. O que é verdade é verdade; o que não é verdade, não é verdade. (…) Porém, com muito respeito e sem pressionar. Uma pessoa que busca profundamente a verdade.
(…) Por outro lado, eu diria, uma pessoa muito prudente! Que possuía uma mística verdadeira, prudente, respeitosa, delicada, simples, atenciosa. (…) Todas as pessoas que a conheceram um pouco, que a escutaram, pensam que é santa; e não somente santa, mas uma santa muito especial. É um modelo, modelo de mulher schoenstattiana, modelo de Irmã de Maria de Schoenstatt. Um modelo!” [4]
Também o Ir. Germano Arendes, superior dos Irmãos de Maria no Brasil no período do exílio do Fundador testemunha: “Quando a Sagrada Escritura pergunta: ‘a mulher forte, quem vai encontrá-la?’ eu diria que isso se aplica a Ir. M. Emanuele. Portanto, uma grande mulher…” [5]
Como vemos, na personalidade de Ir. M. Emanuele refulgiu a imagem ideal da autêntica mulher mariana como o Pe. José Kentenich desejou presentear à Igreja e responder, assim, às grandes crises de nossa época, em particular, em torno da mulher.
Peçamos que a Mãe de Deus, a partir de seus Santuários de Schoenstatt, continue formando grandes mulheres para a renovação religioso-moral do mundo. Para isso, todos(as) nós queremos empenhar-nos rezando com o Pai e Fundador a singela oração do Rumo ao céu : “Torna-nos semelhantes à tua imagem, como tu passemos pela vida. Fortes e dignos(as), simples e bondosos, espalhando amor, paz e alegria. Em nós percorre o nosso tempo, prepara-o para Cristo” (RC 609).
Referências:
[1] Padre Hernán Alessandri
[2] Da Comunidade dos Padres de Schoesntatt, + 18.12.2007
[3] Extraído do livro Coração Missionário, biografia de Irmã M. Emanuele Seyfried
[4] Extraído do DVD Testemunho do Pe. Jaime Ochagavia – Chile (Arquivo das Irmãs de Maria de Schoenstatt)
[5] Extraído do livro Coração Missionário, biografia de Irmã M. Emanuele Seyfried