O Brasil conta com 140 mil missionários da Mãe Peregrina. Aqui estão dois deles!
Karen Bueno – Quando Edgilson Menezes Angelim nasceu, em 1969, ele possuía uma lesão no nervo óptico e mais outros problemas nas córneas: várias dificuldades para enxergar. Atualmente, aos 51 anos, ele conserva apenas 15% da capacidade de visão para longe e 30% para perto. Isso poderia ser um grande problema se, em seu coração missionário, ele não pensasse dessa forma: “Eu tinha que cobrir essa carência de visão com o meu esforço. Desenvolvi muito bem a audição, o tato, a percepção. Eu pensei: Em vez de ser coitadinho, vou promover a vida; a vida minha e a dos outros”.
Foi com esse espírito decidido que ele conheceu a história e o legado de outro homem – também com problemas de visão ao longo da vida – que o inspirou: o Servo de Deus João Luiz Pozzobon. Edgilson, junto com a esposa Josefa Lima Menezes, é coordenador da Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt na cidade de Lavras da Mangabeira/CE.
Não é só “passar a imagem”
“Eu assumi a Campanha sem saber muita coisa da sua espiritualidade e da dinâmica, ou sobre como trabalhar. Mas aí eu fui ‘tomando pé’ e buscando conhecimento, fui me informando e comecei a conduzi-la. Fiz visita a todos os missionários da sede (paróquia) e das comunidades (regiões rurais) e assim foi indo. Hoje a gente se reúne uma vez por mês e temos 113 missionários, equivalente a 3.390 famílias”.
O casal de coordenadores, cada um à sua maneira, dedica todos os esforços pela Campanha da Mãe Peregrina e pela Obra de Schoenstatt. Por quê? “A Campanha da Mãe Peregrina, a partir do Santuário, é um ponto muito forte de evangelização, porque você tem um canal aberto diretamente com as famílias. Você tem um povo, de forma organizada, que é acompanhado todos os meses. Não é só passar a imagem de casa em casa, mas tem toda uma espiritualidade, tem as três graças do Santuário que a imagem traz; a gente leva as famílias a rezarem o Terço e a terem um compromisso com Nossa Senhora, com a vinda dela”.
Somos seus pés
Edgilson é um schoenstattiano por vocação: “O que me chama a atenção é que Schoenstatt é um Movimento organizado. Temos uma organização, respeitando sempre a caminhada da Igreja e amando a Igreja acima de tudo, nos colocando à disposição dela. Isso me encanta. Também a possibilidade que temos de trabalhar diretamente com as famílias, visitando-as, ouvindo-as, acolhendo-as, tendo a oportunidade de ser mais um naquela família – cada missionário que se propõe a isso torna-se mais um nas famílias. Isso é o que me encanta”.
Em Lavras da Mangabeira, a Campanha segue as pegadas de João Luiz Pozzobon: “Sempre que enviamos uma imagem da Mãe Peregrina, explicamos para as famílias que essa imagem não tem perna e que as pernas dela somos nós, que ela é diferente de qualquer outra imagem que nós temos em casa, porque ela traz consigo as graças do Santuário. É muito bacana quando as famílias entendem e vivem essa espiritualidade de Schoenstatt”.
Nesses 70 anos da Campanha, Edgilson e Josefa são um exemplo de tantos missionários que atuam no mundo todo. “O que me impressionou na vida de João Pozzobon são os valores que ele traz. Primeiro, a valorização da família. Ele trabalhava, lutava, era missionário, mas não colocou sua família em segundo plano. Depois, o que mais impressiona é a visão que ele tem de um todo, ou seja, que nós não estamos aqui para servirmos a nós mesmos. Além da oração, além da devoção a Nossa Senhora, ele ainda levava um alento e esperança de uma vida melhor para as pessoas. Se Deus permitir e nós, schoenstattianos, buscarmos, ele vai ser santo, porque a vida dele é uma inspiração para cada um de nós”.