O Servo de Deus em família
Juliana Dorigo – Dando continuidade à novena festiva dos 70 anos da Campanha da Mãe Peregrina, a Ir. M. Marcia dos Santos Alves, do Secretariado da Campanha da Mãe Peregrina de Santa Maria/RS, conduziu a conversa com o filho caçula de João Luiz Pozzobon, o Sr. Humberto Pozzobon. Ele contou como foi a atuação do pai de sete filhos e os primeiros passos da Campanha.
“Em primeiro lugar eu quero falar sobre os 70 anos da Campanha que meu pai iniciou, que era tudo na vida dele, a Campanha, a Mãe e Rainha, o Santuário, isso era o mais importante que ele tinha na vida. Ele queria vencer todas as dificuldades, quanto mais difícil mais ele se agarrava, mais ele tinha vontade de vencer, e tudo em honra a Mãe e Rainha”, diz Humberto.
João Pozzobon se dedicava à Campanha e a sua família com uma entrega total, Humberto conta: “Eu, como filho mais novo, quando ele iniciou a Campanha em 1950, tinha 8 anos, […]a gente foi acompanhando as coisas que ele fazia, sem jamais se descuidar da família. Ele dizia: ‘se eu me descuidar da minha família não adianta eu fazer grandes coisas’. Ele se dedicava totalmente à família de casa e às outras famílias, todo dia ele visitava duas famílias. Ele deixava a Mãe Peregrina numa família e rezava o terço, a imagem ficava naquela casa e no dia seguinte ele buscava para levá-la até outra família para rezar o terço com elas. Ele era uma pessoa dedicada e jamais deixava de fazer a sua Campanha. Muitas vezes ele deixou de fazer coisas para ele, até mesmo quando estava com dores, ele nunca deixava de ir rezar o terço, ele esquecia tudo para agradar a Mãe e Rainha, era um amor tão grande e especial que nada o impedia”.
Pai de família dedicado
Ir. M. Marcia pergunta se dedicando-se tanto à Campanha, Pozzobon não deixou faltar algo na família. “Ele nunca deixou, inclusive, depois com o tempo que ele fazia a Campanha nas outras cidades, naquele tempo em que era fogão a lenha, ele deixava até a lenha toda cortada, tudo para que a sua esposa Vitoria não ficar fazendo esforço. Ele era uma pessoa que deixava as coisas certas para não prejudicar ninguém. Então, quando ele começou a Campanha, ele reuniu a família toda, nos convidou para sentar à mesa e que tinha um assunto importante para falar e nos perguntou se teria algum empecilho, nos pedindo a permissão para fazer a Campanha se ele poderia se dedicar e nós com muita alegria, com muita fé e vontade de deixá-lo feliz, todos concordamos e o apoiamos com toda a vontade que ele tinha de fazer essa Campanha, para nós foi uma alegria”.
“Quando ele voltava dos terços, as vezes era tarde da noite, cansado, vinha arrastando os pés, ele tomava seu cafezinho, minha mãe sempre o esperava, quando ele ia deitar ela ajudava passando pomadas em suas pernas para ajudá-lo a melhorar. No outro dia ele levantava todo dia às 6h da manhã para escrever o diário e para se organizar, ele era uma pessoa sempre organizada, ele fazia o cafezinho e levava para minha mãe na cama, como forma de agradecimento pelo que ela fazia. Um gesto de amor”, comenta Humberto
Como Pozzobon educava os filhos?
Humberto conta como o pai ajudava na educação dos filhos e também como ele convidava os jovens para ensinar sobre a fé. “Ele tinha um amor especial pelos filhos, ele sempre reunia a gente, [a gente] se sentava na varanda, ele conversava e nós sempre o acompanhávamos. Ele como uma pessoa maravilhosa que era, a gente tinha aquele amor e a vontade de escutá-lo sempre tinha bons exemplos. Ele tinha uma turminha de adolescentes que ele reunia todos os domingos para fazer uma reunião, dar instruções, ensinar sobre o modo de viver, sobre religião. Ele chamava esse grupo de soldadinhos da Mãe e Rainha ele os levava no Santuário, fazia a consagração sempre para agradar a todos”.
Uma família unida
Eli Pozzobon é filha do primeiro casamento de João, com Thereza. Quando Thereza faleceu, João casou-se com Vitória. A filha Eli conta que a família sempre foi unida: “Sou filha mais velha do Sr. João e da Thereza, sua primeira esposa, há pouco tempo completei 90 anos. Eu fui criada pela Vitória, eu tinha 3 anos de idade quando meu pai se casou com ela, minha mãe de criação. Eles me criaram de uma forma muito feliz, aprendendo tudo dentro de casa, a família reunida. Quando meus irmãos mais novos chegaram, foi a minha maior alegria, não tinha diferença, fomos criados juntos. Éramos uma família muito trabalhadora, simples e que meu pai criou e nos ensinou maravilhas”.
A filha Vilma Joana Pozzobon recorda uma lembrança carinhosa da mãe e seu pai. “Me lembro quando meu pai saía para levar a Imagem da Mãe Peregrina, nós rezávamos o terço com a minha mãe. Quando meu pai pegava a Imagem nos ombros ela levava para ele a maleta até o portão e dizia: ‘vai com os anjinhos’”.
Nair Pozzobon acompanhava o pai nas leituras, quando o problema de visão de Pozzobon o prejudicava. Emocionada, ela conta: “Sou filha do João e da Vitória, sou muito feliz por ser parte dessa família. Meu pai é muito querido e muito amoroso, soube nos educar. No tempo da Campanha, que meu pai saia para outras cidades, eu o acompanhava para fazer a leitura dos mistérios do terço e os cantos”.
Aliás foi pelas mãos de Nair que o pai recebeu de presente de aniversário a pequena imagem da Mãe Peregrina, no formato que conhecemos “Me lembro de chegar na editora Pallotti e vi uma imagem da Mãe e Rainha. Quando cheguei em casa, contei para a minha Irmã Eli e compramos para dar de presente de aniversário para o meu pai. Depois ele mandou fazer outras e assim começou a peregrinar as pequenas imagens da Mãe e Rainha”.
As pessoas que acompanhavam a live puderam fazer perguntas para Humberto. Uma chamou sua atenção: Como é ser filho de um quase santo? “Para nós filhos é um orgulho é fantástico o que ele fazia. A gente sempre vai se lembrar todos os dias, ele foi um pai alegre e maravilhoso. Para nós é uma alegria. Para mim ele já é santo”, respondeu ele.
A grandeza da Campanha
Humberto comenta que nunca imaginavam a grandeza da Campanha iniciada pelo pai. “Meu pai era igual a todos os pais, ele era maravilhoso para as pessoas, era um pai que sempre acompanhava as famílias. A gente não tinha noção da grandeza da Campanha que ele fazia, porque pra gente era normal, ficávamos acompanhando, mas não tínhamos a noção daquela grandeza, do que aquilo significava, para nós que estávamos sempre com ele era uma alegria, ficávamos felizes com tudo o que ele fazia, mas sem essa noção. Todas as coisas que ele fazia, não era para se engrandecer, ou para se aparecer, nunca foi nesse sentido. Ele ajudava os pobres a quem estava necessitado, mas nunca para aparecer, ele sempre tinha a humildade e a vontade de ajudar as pessoas”.
Exemplo de vida
Ao longo de sua caminhada com a Imagem da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, Pozzobon dividia com os filhos suas histórias. Para Humberto, o exemplo do pai que marcou sua vida foi o amor. “O que marcou mais a minha vida foi o amor que ele tinha pela família, ele tinha um amor especial e nós como filhos tínhamos um amor especial por ele, pela mãe e pelos irmãos”.
Ao final, diante da Imagem Peregrina Original Ir. M. Marcia e o Sr. Humberto rezaram a oração pela beatificação de João Pozzobon. “Quero agradecer a oportunidade e dizer que essa Campanha, que completa 70 anos, foi algo maravilhoso. Temos gravado e jamais esqueceremos o que meu pai fez, o que ele pretendia. Graças a Deus deu tudo certo, como ele queria. Eu acredito que se ele pudesse fazer mais ele teria feito. Eu peço para todos hoje que, se puderem, rezem por ele, pelas famílias, pela Mãe e Rainha e por todos aqueles que se dedicam à Campanha”, finaliza Humberto
Entrevista completa: