Juliana Gellatti Lovato – No dia 6 de dezembro celebra-se a memória de São Nicolau de Mira, nascido em Pátara, atual Turquia, aproximadamente, no ano de 270. É neste santo da Igreja que originou a figura do Papai Noel que, apesar de toda a associação atual com o consumismo, conserva vivas algumas das características que deram a São Nicolau a fama de santidade. Uma delas é o hábito de dar presentes às escondidas para pessoas pobres, atendendo suas necessidades mais urgentes, e usar vestes vermelhas, como um bispo.
São Nicolau nasceu e cresceu em uma família nobre e virtuosa, e o desejo de pertencer totalmente a Deus nasceu nele ainda durante a infância. Devotado à Palavra de Deus, levou a sério o Evangelho em que Jesus diz “Em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!” (Mt 25,40). Além da piedade e da virtude, é um exemplo de caridade e de desapego material.
Quando seus pais morreram, São Nicolau herdou uma grande fortuna, mas todos os bens da família foram distribuídos, gradativamente, aos pobres. Um dos episódios mais conhecidos é que, sabendo que em uma família muito pobre, o pai havia mandado suas três filhas se prostituírem para não passarem fome, São Nicolau deixou na porta da casa três sacos de ouro, somas que possibilitaram que a família saísse da miséria e que as três jovens se casassem com bons esposos.
Órfão, foi criado por um tio, também chamado Nicolau, e que também era bispo. Surgiu o desejo de entrar na vida monástica, e nesse processo, foi visitar os lugares sagrados, na Terra Santa. Ao retornar para a cidade de Mira, foi aclamado bispo. Lá, ficou muito famoso pelos grandes milagres que Deus realizou por sua intercessão. Assim que é também chamado de Nicolau, o taumaturgo.
Um dos seus maiores devotos foi São Tomás de Aquino. Celebrando a Santa Missa em memória de São Nicolau, em uma capela dedicada a ele, teve uma visão, uma revelação divina que o fez conhecer a Deus de uma forma aterradora. Tanto que desejou queimar tudo o que havia escrito até então, pois não se aproximava da verdade que lhe foi revelada.
Defesa da verdade
Muitas vezes associa-se a imagem de alguém bondoso e caridoso a uma pessoa ingênuo ou sem opinião. Mas, São Nicolau está longe disso. Um fato de sua vida que revela isso é a sua participação no Concílio de Niceia, em 325, reunião em que a Igreja refutou a heresia do arianismo. A tradição conta que, quando os bispos ali reunidos ouviram os argumentos de Ário, todos ficaram indignados, mas nenhum chegou ao mesmo ponto que o bispo de Mira.
Farto das mentiras propagadas por esse apóstata sobre a pessoa divina de Jesus Cristo e a maternidade divina de Nossa Senhora, São Nicolau teria dado um soco no rosto dele, conforme conta a tradição. Embora estivessem contra Ário, os outros bispos decidiram punir o ato violento do colega e o prenderam, cassando seus direitos de bispo. Porém, aqueles que Nicolau vingara vieram em sua defesa.
Conta-se que Jesus e Maria teriam visitado Nicolau em sua cela, perguntando o porquê da condenação: “Porque vos amo, meu Deus e Senhor”. Na mesma hora, foram-lhe devolvidos o pálio e a cópia dos Evangelhos. Por isso, em algumas de suas representações, São Nicolau aparece rodeado por Jesus e Maria, segurando os símbolos do seu episcopado.
São Nicolau é o padroeiro da Rússia, Grécia, Noruega, e das cidades de Amsterdã e Moscou.