Ir. M. Nilza P. da Silva – Estamos no Ano de São José e a liturgia celebra, hoje, a festa da Sagrada Família. “É na Sagrada Família, nesta originária “Igreja doméstica”, que todas as famílias devem espelhar-se… ela constitui, o protótipo e o exemplo de todas as famílias cristãs. São José foi chamado por Deus para servir diretamente a Pessoa e a missão de Jesus.” São João Paulo II[1]
Um pecador conduz dois santos
Ao meditar sobre a Sagrada Família, é importante sermos bem realistas, pois é na realidade que Deus nos abraça. Olhemos para José, o esposo e pai, incumbido por Deus de conduzir Maria e Jesus. Quanta humildade nesse lar: Jesus é Deus, o perfeito, a suma sabedoria e plenitude do amor. Maria é a plena de graças, Imaculada desde a sua concepção, que jamais cometeu pecado algum. O único que comete erros e pecado, nessa comunidade é o líder: José, esposo e pai.
Um lar pleno de amor e de humildade
Quão grande é a humildade na Família Sagrada, pois o que estava acima de todos “era-lhes obediente.” (Lc 2, 51) Após a anunciação, nunca mais o anjo aparecera a Maria, mas, a São José e ela confiava em seu esposo, por ex. na ida para Belém, na fuga para o Egito, no retorno para Israel etc.
José, o homem pecador, santifica-se servindo a família e assume a paternidade de Jesus em tal plenitude que, quando Jesus começa a pregar, seus conterrâneos o identificam como seu legítimo filho: “Não é este o filho do carpinteiro?” (Mt 13, 55)
Uma família que protege o pai
Impressiona sempre que, apesar de José ter cometido erros, na condução de sua família, não encontramos nada sobre isso na Sagrada Escritura. Cada vez que se refere a José, como nas narrações que fez a Lucas, Maria o faz para mostrar a ação de Deus por meio de seu esposo.
Nosso Pai e Fundador, Pe. Kentenich diz que “Jesus e a Mãe de Deus, selaram uma Aliança com São José e ele selou uma Aliança com as duas pessoas santas. Eles são conduzidos um ao outro, numa comunidade de família sumamente terna e profunda.”[2]
Podemos dizer que a Igreja toda também selou uma aliança com São José, pois, no decorrer da história da Igreja, em que se falou e se escreveu tanto sobre ele, não há uma linha que aponta seus defeitos e pecados e ninguém diz que isso é errado, embora todos saibam que isso tenha acontecido em sua história de vida. Quem ama confia e não aponta as falhas em público. Quando necessário o faz com respeito e em ambiente privado.
O amor acima de tudo
O motivo é também porque a Sagrada Família é uma família autêntica e numa verdadeira família, como diz São Pedro, “o amor cobre a multidão dos pecados” (I Pedro 4,8). Como diz o Papa Francisco, nessa família, cada um “abraça a sua tarefa, o seu papel… sem julgar, sem falar mal.”[3]
Que a Sagrada Família interceda por nossa Família. Jesus e Maria nos ensinem a amar sem acusar e São José nos ensine a colocar a missão dada por Deus acima de tudo e termos coragem de dar de nossa pequenez para o bem da Família.
[1] Redemptoris Custos,7
[2] Cfr. Pe. José Kentenich, homilia para a Liga das Mães, em 19.3.1966
[3] https://www.vaticannews.va/pt/papa-francisco/missa-santa-marta/2018-12/papa-francisco-missa-santa-marta-sao-jose.html