A MTA como companheira para a primeira dose
Karen Bueno – “Eu pertenço à Mãe e ela me pertence”: esta é a frase da camiseta que Mariene Silva Chaves, na aldeia indígena Tupinambá de Olivença, escolheu para receber a primeira dose da vacina anticovid-19. A frase e a imagem não são acaso, mas sinal da confiança na MTA de que as coisas vão melhorar ao longo deste novo ano que se inicia.
No Brasil, a população indígena entrou como grupo prioritário para receber a vacinação já na primeira fase, segundo o Plano Nacional de Imunização do Ministério da Saúde (mais informações aqui). Na comunidade da Mariene, as primeiras doses foram aplicadas dia 20 de janeiro de 2021.
Mariene é casada com Alexandre Nunes Chaves e vivem na comunidade indígena Tupinambá, distrito de Olivença, no município de Ilhéus/BA. Eles são casados há 17 anos e têm três filhos: Gabriel, Cauê e Manuela Tupinambá Silva Chaves.
Como começou essa história
Alexandre é natural de Búzios/RJ, faz parte do Movimento de Schoenstatt desde os 17 anos e sua mãe é coordenadora diocesana da Campanha da Mãe Peregrina na Arquidiocese de Niterói/RJ. Ele conta: “Eu conheci Schoenstatt pela Comunidade de Oração e até hoje eu faço parte dela. Selei a Aliança de Amor e tenho o Santuário Lar em nossa casa. Quando eu vim para cá [para Ilhéus], vim com a intenção de trazer Schoenstatt para essa área da Bahia; somos muito ligados ao Movimento”.
Voltando um pouco no tempo, Alexandre explica como conheceu sua esposa, que nasceu e cresceu na Aldeia Itapuã, no bairro Águas de Olivença: “Sou do Rio de Janeiro e vim para a Bahia quando estava terminando o curso de antropologia na UFF (Universidade Federal Fluminense). Eu vim para fazer um trabalho pela Funai, como indigenista, e era para ficar apenas 18 dias. Mas, naquela época, a Funai entrou em greve e eu fiquei impossibilitado de voltar, porque os recursos para o trabalho ficaram retidos e eu não tinha como viajar. Quando me chamaram para a aldeia dela [da Mariene], foi quando a conheci. Na hora que a gente se olhou, nos apaixonamos e até hoje estamos juntos, há 17 anos”, ele conta.
Um campo aberto de missão na aldeia
Vivendo na aldeia, Alexandre começou um trabalho apostólico na comunidade Tupinambá, em unidade com a Paróquia Nossa Senhora da Escada, igreja do distrito de Olivença: “Quando cheguei aqui, minha maior preocupação era levar as pessoas ao interesse pelos sacramentos. O que eu estava fazendo era um levantamento, junto com o pároco, das crianças da aldeia Tupinambá que não tinham o sacramento do batismo e dos casais que queriam receber o sacramento do matrimônio. Estamos tentando trazer os sacramentos, porque acredito que essa é a primeira coisa a se fazer. Depois a gente envolve outros trabalhos. Para o Batismo já temos várias pessoas e muitas crianças cadastradas”.
Ainda não foi possível iniciar o trabalho com a Mãe Peregrina na aldeia: “Eu ainda não consegui iniciar diretamente esse trabalho porque ficamos meio que parados [pela pandemia]. A gente não podia fazer nada, não podia sair daqui da aldeia. Agora que estamos começando a sair e estamos tentando fazer esse trabalho. Mas, como falei, o nosso propósito inicial é levar os sacramentos, sobretudo para as crianças, depois a gente vê o que é possível fazer”.
Para o início da Campanha na aldeia, diz o Alexandre, há o apoio do pároco e várias famílias para acolher a imagem da Mãe nas casas.
Um novo tempo
A comunidade onde eles vivem não apresentou casos de covid-19, mesmo assim, a vacina chega como um sinal de esperança: “Nós tomamos bastante precaução, não saímos sem máscara e usamos sempre álcool, mas acredito que essa vacina vai melhorar muito, porque vamos transitar com mais tranquilidade. Aqui em nossa aldeia, graças a Deus, está tudo bem e não tivemos problema. Houve apenas um caso numa aldeia próxima, mas graças a Deus está tudo bem”.
E assim inicia 2021 para a família Silva Chaves, com esperança e disposição para construir um novo tempo com as bênçãos de Deus e da Mãe e Rainha, a grande missionária.