Primeira missa do Pe. Rafael é celebrada no Jaraguá
Sueli Vilarinho – Neste domingo, dia 31 de janeiro de 2021, no Santuário Sião do Jaraguá, em São Paulo/SP, foi realizada a primeira missa do neo-sacerdote Pe. Rafael Tavares da Mota, que foi ordenado, em Poços de Caldas/MG, no último 24 de janeiro.
Estavam presentes os sacerdotes, seminaristas e diáconos do Instituto dos Padres de Schoenstatt do Brasil, que estavam em encontro anual da comunidade. A santa missa foi presidida pelo Pe. Rafael Tavares da Mota e concelebrada por todos os sacerdotes presentes, assim como pela Família de Schoenstatt do Jaraguá, também familiares e amigos do Pe. Rafael.
Pe. Rafael, em sua homilia, fez uma analogia entre a primeira leitura e seu sentimento de estar na primeira missa após um longo tempo de caminhada que deixa saudades.
Explicou que o tempo litúrgico existe e não se emenda, por exemplo, o Natal com a Quaresma, pois nos oferece um descanso entre festas e entre momentos especiais e, acima de tudo, nos dá a oportunidade de conhecer Jesus. Esse é o objetivo deste tempo.
Conhecer Jesus
Conhecer Jesus, estar mais perto dele e ir descobrindo como ele passa por entre as pessoas fazendo o bem, fazendo sinais, milagres e anunciando o céu, faz parecer que o céu “é logo ali”, não é tão longe.
Assim fala o Pe. Rafael: “Hoje a liturgia nos presenteia um acento e detalhe na primeira leitura, no livro do Deuteronômio, um dos primeiros livros da Bíblia… O contexto é que o povo estava com medo de Deus, eles viram os sinais que Deus realizou com Moisés e tinham medo disso, Deus parece uma figura terrível, assustadora, e pensavam que poderia matá-los e seria bom que enviasse alguém na frente. Esse é também o contexto do envio, que está ligado ao Evangelho. Nós escutamos agora o começo do Evangelho de Marcos, onde Jesus é o enviado de Deus. Deus enviou seu filho, um enviado que nasceu como nós, simples e numa manjedoura frágil, mas veio mostrar o rosto, como um Deus que não é perigoso, um Deus que não é mortal, não é assustador, e sim gente como a gente”.
Ao falar sobre o evangelho, Pe. Rafael desenvolve o caminho de Jesus: “Vemos, no evangelho, Jesus em sua primeira aparição pública, o seu primeiro ministério. Ele começa a participar da vida das pessoas, pois ensina com autoridade e (isso) parece ser o mais relevante do Evangelho, além do fato de ter expulsado o demônio. Ele ensina com autoridade. No fundo, Jesus evangeliza através dessa saudade que as pessoas sentem, saudade de um outro tempo, onde os doutores da lei, as pessoas já não eram elas que falavam, essas pessoas sentiam saudades de um outro tempo, saudades do tempo bom onde Deus estava mais perto”.
Deus de hoje, que sofre, mas continua chamando
“Comparando com o que está acontecendo hoje, os tempos mudaram, pode ser que Deus já não assuste ninguém, as pessoas já não têm medo de Deus, ao contrário, acham ‘chato’: ‘Deus vai me impedir de ser feliz. Prefiro não ter nada a ver com Deus, assim penso melhor, atuo melhor e sou mais livre’. Talvez seja este o Deus que as pessoas veem hoje. Neste contexto, ainda assim Deus segue enviando pessoas para falarem à frente dele, enviou a mim e enviou vocês. Aquele que recebe o envio é um missionário, que vem de missio, com diferença entre escutar a Deus, servi-lo e ir ao seu encontro ou ficar na retaguarda, omitir-se, ficar em casa. Mais ainda, neste contexto existe uma diferença que Deus escuta o coração das pessoas e ver aquilo que faz falta”.
Aqui está o meu passado, o meu presente e o meu futuro
“Sobre as leituras posso falar, meus amigos, que o que sinto hoje é uma imensa saudade, assim como Jesus, eu experimento essa saudade. Nesta tenda hoje, está o meu passado, o meu presente e o meu futuro, está aqui diante dos meus olhos.
Saudade do tempo em que comecei aqui nos Pioneiros, em 1997, com pessoas que estão aqui, que, com paciência, me ensinaram muito e também jogar bola; saudades dos tios do Instituto que cuidaram de mim, deram comida, enxugaram lágrimas, me ajudaram a brincar, me acolheram na casa deles.
Saudades dos amigos da rua, pessoas do videogame, saudade deste lugar tão bonito que participei de tantas festas, encontros. Saudades de vocês, de minha ordenação, com gente que tocou, que viajou para estar lá comigo. É disso que Deus quer falar, não é teoria abstrata, vocês me fazem bem. Se hoje estou aqui com esta “roupa”, é porque vocês me ajudaram e vocês fazem parte da minha história – e experimento hoje uma imensa gratidão.
Se Deus me escolheu para estar na frente dele, dar meu rosto para Ele, é para falar isto: Deus não é um Deus terrível, um Deus que vai atrapalhar a vida de vocês, e sim que escuta tudo isto que foi tão bonito por um tempo e mais agora na pandemia, sente falta de dar um abraço. Falta de ir à casa das pessoas.
Vocês me fazem bem e Deus quer fazer bem a vocês. Como ouvimos na primeira leitura, o profeta só vem porque o povo pede, no caso deles tinham medo e imploraram para vir alguém, não foi grátis. Se posso pedir alguma coisa para vocês, o que quero pedir é que rezem por mim, peçam a Deus por mim, não é grátis, e peçam que Deus siga chamando e enviando pessoas, assim como enviou seu filho. Para que possam sentir saudades desse tempo tão bonito que é estar com vocês”.
Ao final da missa o Pe. José Fernando Bonini, superior regional dos Padres de Schoenstatt no Brasil, apresentou três candidatos à comunidade: Davi Vilarinho, Matheus Silva e Fernando Santos, hoje convidados a participar do encontro dos padres.
Vários amigos acompanharam o momento tão especial da consagração do Pão e do Vinho, um milagre que se deu pelas mãos do novo padre. A bênção neo-sacerdotal para o público, ao final da missa, deu-se em lugar aberto e com distanciamento. O Pe. Rafael segue as pegadas de Cristo sacerdote, levando sua mensagem ao mundo sob o lema: “Que ele cresça e eu diminua”.