Hoje recordamos Santos Francisco e Jacinta Marto
Juliana Gelatti Lovato – Neste dia 20 de fevereiro, a Igreja faz memória de dois santos que foram contemporâneos ao Pe. José Kentenich em sua juventude. Francisco e Jacinta Marto, dois dos três videntes das aparições de Nossa Senhora em Fátima, Portugal, foram chamados por Deus ainda crianças, pouco tempo depois de terem visto a Mãe de Deus, mas com a promessa de que iriam para o Céu.
Francisco e Jacinta eram os mais novos dos nove filhos de Olímpia de Jesus e Manuel Pedro Marto, uma família pobre, porém de fé sólida e esclarecida. Rezavam o terço diariamente e iam à Missa aos domingos. Embora não soubessem ler, os pequenos aprendiam a doutrina em casa, com os pais. Francisco nasceu em 11 de junho de 1908, tinha 9 anos quando testemunhou as aparições. Jacinta nasceu em 11 de março de 1910, tinha 7 anos quando viu Nossa Senhora.
Eram crianças como as outras da aldeia, mas, após as aparições, pôde-se notar uma transformação nas três. Depois de terem visto, primeiramente, o Anjo de Portugal, que os ensinou a rezar e avisou que Deus tinha para eles desígnios de misericórdia, e depois, Nossa Senhora, que revelou a eles a realidade do inferno, castigo dos pecadores e pediu que rezassem e se sacrificassem pelo fim da guerra e pela conversão do mundo, os pequenos passaram a dedicar muitas horas do dia à oração e à adoração ao Santíssimo Sacramento. Estavam profundamente tocados pela realidade de que poderiam sacrificar-se para reparar as ofensas feitas ao Imaculado Coração de Maria e, assim, salvar muitas almas da condenação.
“Ela [Maria] quis chamar a atenção das crianças – eram pequenitos – e perguntar-lhes se estavam dispostas a entregar-se totalmente a Deus. Aqui já vemos a referência a Deus. Sim, elas deviam entregar-se totalmente a ele. Mas esta entrega, este dom total de si mesmas, deveria ser expresso na reparação e na penitência. E aqui surge de novo uma coisa original. Reparação e penitência não só para expiar perante a majestade amorosa de Deus Eterno que foi ofendido, mas também fazer reparação pelas ofensas que se praticam contra o Seu Imaculado Coração”, diz o Pe. Kentenich.
Francisco, um menino como todos os outros
Francisco era um menino como os demais, gostava do campo, das flores e dos passarinhos. Tinha muita pena quando via algum animalzinho machucado ou quando alguém destruía os ninhos dos pássaros. Gostava de contemplar o céu, admirando a “Lamparina de Nosso Senhor”, o Sol, e as “velas dos anjos”, as estrelas. Jacinta, por outro lado, preferia a Candeia de Nossa Senhora, a Lua. Era atento às necessidades dos demais, oferecendo-se para ajudar sempre que podia.
Até a época das aparições, era orientado pelos pais a rezar o terço durante o tempo em que ele, a irmã e a prima cuidavam das ovelhas no campo. Mas, para ter mais tempo para brincar, eles pronunciavam apenas “Ave Maria, Ave Maria… Pai Nosso…”
Mas já na primeira aparição da Mãe de Deus, quando Lúcia pergunta se Francisco irá para o Céu, ela responde que sim, mas que ele terá que rezar muitos terços. Foi o que bastou para que ele e suas companheiras passassem a dar a maior importância para a oração e demais sacrifícios por amor a Jesus e Maria.
Jacinta, a mais nova dos três
Jacinta era igualmente pura e alegre, gostava de brincar e ouvir histórias. Mas sua preferida era sobre a Paixão de Jesus. Ela exclamava: “coitadinho de Nosso Senhor! Eu nunca mais cometerei pecados, já que tanto o fazem sofrer!” Após a primeira aparição, foi ela quem contou aos familiares o que tinha acontecido, mesmo que os três tenham combinado manter segredo. Durante os meses seguintes, sofreu junto ao irmão e à prima a perseguição das autoridades que duvidavam do que eles diziam e os pressionavam para que desmentissem.
Após as aparições, usava a criatividade para inventar formas de sacrificar-se pelos pecadores: oferecia sua merenda aos colegas, comia azeitonas verdes e ácidas, assim como outros frutos amargos. Quando questionada, respondia “É por causa disso que as como, assim se convertem os pecadores”. Ela teve ainda algumas visões particulares, de Nossa Senhora e do Papa.
Jacinta e Francisco morreram de uma gripe que se espalhou pela Europa, na época, a pneumônica. Francisco passou o tempo da doença em casa falecendo em abril de 1919, mas Jacinta foi para um hospital em Lisboa, onde ficou por 18 dias e chegou a ser operada, apenas com anestesia local. Morreu em 20 de fevereiro de 1920. Seu corpo permaneceu incorrupto, e está, assim como o de Francisco, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário da Fátima. Eles foram beatificados por São João Paulo II em 2000, e canonizados pelo Papa Francisco no centenário das aparições, em 13 de maio de 2017.
“Nossa Senhora chama a atenção das crianças – e assim também a nossa – sobre o que tinham visto: o lugar onde um grande número de pessoas vai parar, o inferno. E acrescenta: Deus quer livrar o mundo desta queda para o inferno, através do amor, da veneração ao meu Sagrado e Imaculado Coração”, contextualizava o Pe. Kentenich.
Orações ensinadas pelo Anjo de Portugal aos pastorinhos:
Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-vos perdão pelos que não creem, não adoram, não esperam e não vos amam.
Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-vos profundamente e ofereço-vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do seu Santíssimo Coração e do Imaculado Coração de Maria, peço-vos a conversão dos pobres pecadores.
Oração ensinada por Nossa Senhora, para ser rezada após cada dezena do terço:
“Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu, principalmente as que mais precisarem”.
Inspirando-se nos Pastorinhos, o Pe. Kentenich nos ensina e rezar: “Querida Mãe e Rainha Três vezes Admirável de Schoenstatt: Transforma-nos em crianças três vezes admiráveis de uma contínua alegria divina e de um chorar humano, ligados com o sorriso divino. Amém”.
Referências
Fonte: Livros São Francisco Marto e Santa Jacinta Marto, da coleção Sede Santos, Editora Katechesis. Autor: Frei Antônio Corredor Garcia.
Frases do Pe. Kentenich: Este texto faz parte de um conjunto de dissertações do Pe. José Kentenich escritas no Campo de Concentração de Dachau durante o Verão de 1944, intitulado“Semelhanças e diferenças entre Fátima e Schoenstatt”