Deus é Pai, Deus é Bom: Novena pedindo a intercessão da Venerável Ir. M. Emilie Engel
QUARTO DIA
Singela gratidão
P.F.R. = Estas três letras colocadas nos convites significam: “Pedimos o favor de uma resposta”. Embora este uso já não seja empregado, permanece o sentido. Sim, talvez, até seja muito atual, pois a agitação, o burburinho dos acontecimentos em que estamos envolvidos, as necessidades e os anseios dos quais mal podemos nos salvar, nos tornam tão esquecidos. Esquecidos, pelo menos, daquilo que outros esperam de nós pelo bem que nos fizeram, o qual necessita de uma palavra, uma resposta de agradecimento… Se Goethe ainda vivesse, com certeza ele diria com mais convicção que antes: “Se nos encontramos com alguém que nos deve gratidão, recordamo-nos imediatamente. Porém, quantas vezes nos encontramos com a pessoa a quem nós devemos gratidão e passamos por ela sem mesmo nos lembrar!”
É como se considerássemos as boas obras dos outros como algo natural. E com Deus também não agimos de modo diferente. Pedimos e recebemos, mendigamos e aceitamos tudo naturalmente, como se as coisas tivessem de ser assim. Por isso não é difícil compreender porque logo duvidamos da bondade de nosso Pai celestial, de sua benevolência para conosco, se ele não cumpre imediatamente a nossa vontade. No entanto, teríamos muitos motivos para agradecer sem cessar: por tudo o que somos e temos e também por tudo o que temos além do que necessitamos!
Se pensássemos sinceramente, deveríamos constatar que toda a nossa vida está repleta de inúmeras provas da mais pura bondade paternal de Deus. Cada dia, cada hora nos traz como que uma mensagem, um presente divino. São dons e benefícios para o corpo e a alma; tudo isso deve despertar nossa gratidão e nosso amor.
Temos a vida que recebemos sem nenhuma cooperação da nossa parte. Quanto cuidado dispensa o Pai celestial por nosso bem-estar físico! Ele nos conserva, alimenta, veste e protege em todos os perigos. Com razão o salmista fala em nome do Senhor:
“Porque a mim se apegou, eu o livrarei, eu o protegerei, pois reconhece o meu nome.
Ele me invocará, e eu responderei: ‘Na angústia estarei com ele, eu o livrarei e o glorificarei’” (SI 91).
Por amor a nós, Deus criou a natureza tão maravilhosa. Ele quer que nos alegremos com sua beleza encantadora. Foi por amor a nós que conservou na terra as flores, as estrelas e as crianças, como uma lembrança, um vestígio dos encantos do paraíso… E quantos dons espirituais Deus nos dá como prova de sua bondade paternal sem limites?! Ele criou os homens à sua imagem e semelhança e deu-lhes como presente real a vontade livre e a inteligência. Permitiu que participassem em sua sabedoria e poder criador.
Muito mais valioso do que todos os bens da terra, por certo, é o adorno da alma que ele nos deu no momento do nosso batismo. O Pai celestial continua sempre alimentando, conservando e desenvolvendo a vida divina em nós, a não ser que voluntariamente já a tenhamos destruído pelo pecado mortal. E mesmo assim, seu amor e bondade não se esgotam: no sacramento da penitência ele idealizou o meio de refazermos aquilo que destruímos pelo pecado. Precisamos somente arrepender-nos e confessar o nosso erro. Na santa comunhão Deus nos dá o maior que ele possui: seu Filho amado. Em Maria ele nos deu a melhor das mães; e um anjo está ao nosso lado, cuidando continuamente de nós, por incumbência do Pai celestial. Aceitamos esses favores de nosso Pai quase sem os perceber; no entanto, poderíamos ser as pessoas mais alegres e felizes se os recebêssemos de modo mais conveniente.
Será que não temos motivos para agradecer os sofrimentos em nossa vida? Quantas vezes justamente as doenças e provações foram tempos de bênçãos e graças para nós!
Em relação a isto, queremos novamente aprender de Irmã Emílie. Ela não se cansava de meditar na bondade de Deus em sua vida. Inteiramente absorvida de um profundo reconhecimento, exclamava com alegria:
“Louvada seja a Divina Providência em minha vida, glorificadas sejam as misericórdias de Deus e da Mãe de Deus”. Rezava muitas vezes com singeleza e gratidão:
“Nunca, Senhor, posso agradecer-vos o bastante.
Do meu corpo cada fibra palpitante, da minha boca
cada sopro e hálito que sai,
vos louvem e bendigam, meu bondoso Pai;
e cada ideia que agita a minha mente,
vos louve e agradeça eternamente.
Não sei, meu Deus, que vos dizer, senão, que minha alma sente imensa gratidão!”
E significativo que Irmã Emílie, para seu 50° aniversário, fizesse uma novena rezando diariamente 50 “Glórias ao Pai”. Ao mesmo tempo, também oferecia todas as santas Missas do mundo como um sacrifício de ação de graças pelos anos passados, nos quais, como ela mesma escreveu: “Encontrei a misericórdia de Deus de maneira tão maravilhosa. Não me cansarei de introduzir-me sempre mais nela”.
Mesmo nos longos e difíceis anos de enfermidade, Irmã Emílie jamais duvidou da bondade do Pai celestial. “Deus é Pai, Deus é bom e bom é tudo o que ele faz!”, confessava ela com os olhos radiantes de alegria. “Nada acontece por acaso, tudo nos vem da bondade de Deus”.
Em meio a sofrimentos, ela escreve: “Quero ser um vivo Deo gratias. Quero agradecer todos os sofrimentos”. E continuava: “Eu me alegraria se a Mãe de Deus me ofertasse ao bom Deus como um pequeno holocausto de gratidão (…) e se, por toda a eternidade, pudesse ser um louvor à infinita misericórdia e bondade de Deus”.
Onde estivesse, Irmã Emílie testemunhava essa profunda atitude de gratidão. Não aceitava como coisa natural qualquer favor que se fizesse a ela. Pelo menor serviço recebido ela tinha uma palavra de agradecimento ou retribuía a dádiva por meio de oração e sacrifício.
Ela gostaria de morrer num dia 20, pois em Schoenstatt o dia 20 de cada mês é considerado dia de ação de graças. E o bom Deus realizou seu desejo de voltar ao lar, na paz eterna, no dia que ela tanto almejava: morreu no dia 20 de novembro de 1955.
Também nós devemos estar cheios de profunda gratidão diante dos incontáveis benefícios que o bondoso Pai celestial nos concede diariamente. Nunca é demais lembrar-nos que sem ele não poderíamos existir, que somos incapazes de qualquer pensamento, de qualquer ação se ele não nos conduzir…
Deus nos envia dificuldades, a fim de que se tornem escadas pelas quais possamos subir mais fácil e rapidamente até ele. Vamos, pois, esforçar-nos para tornar transparente, pela fé na bondade do Pai, tudo o que for obscuro e confuso; procuremos descobrir ali o mistério oculto do amor. Deus não nos manda nada que não contenha algum bem, alguma preciosidade para nós! Por isso jamais deverá cessar em nossa vida o hino de gratidão.
Propósito:
Queremos hoje ter um olhar mais atento e agradecer conscientemente todos os benefícios que Deus nos faz diretamente ou por meio de pessoas e circunstâncias. “Gratidão é o melhor pedido”, diz um provérbio. Quanto mais o bom Deus perceber que valorizamos, que sabemos apreciar os seus dons, com tanto mais amor e prodigalidade nos presenteará, assim como o fez com Irmã Emílie. E ela, por certo, alegrar-se-á podendo ajudar-nos a agradecer.
“Vou celebrar-te para sempre, porque agiste; e diante dos teus fiéis vou celebrar teu nome, porque ele é bom” (SI 52).
ORAÇÃO PARA CADA DIA DA NOVENA
Deus, nosso Pai, confiando filialmente em tua sábia e bondosa Providência, Irmã Emílie trilhou o caminho de sua vida. Mesmo no sofrimento e na insegurança ela pronunciou o “Sim Pai” aos teus desejos e à tua vontade. Desta forma, ela encontrou profundo abrigo em teu coração paternal, em meio a todos os temores e aflições. Nela manifestaste poderosamente teu amor e tua misericórdia.
Eu te peço a canonização de Irmã Emílie para a tua glória, para a honra da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt e para a bênção da humanidade. Por sua intercessão, atende os meus pedidos, assim como corresponde a tua bondosa Providência. Amém.