Deus é Pai, Deus é Bom: Novena pedindo a intercessão da Venerável Ir. M. Emilie Engel
SÉTIMO DIA
Dedicação magnânima
Quase nos parece como se Jesus exigisse muito quando nos adverte: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5, 48). Essas palavras atuam em nós como um apelo que nos leva a dizer um não a toda mediocridade. Elas exigem de nós a aspiração ao ideal mais elevado: a santidade de Deus, da qual devemos ser reflexos. É natural que vacilemos, que tenhamos receio dessas alturas. A santidade de Deus é algo tão elevado que os próprios anjos, na visão do Eterno, nada mais sabem dizer e cantar do que um incessante, um contínuo: “Santo, Santo, Santo!”
De todos os atributos de nosso Pai celestial, este é o que menos compreendemos, porque é tão incomparavelmente divino. Aqui na terra não encontraremos alguém que seja totalmente perfeito, inteiramente santo, como Deus. Com razão o Apóstolo São Paulo chama “obras imperfeitas” a tudo o que somos e o que nos rodeia. Disso resulta o anelo de perfeição que todos nós trazemos interiormente. Como a águia, queremos nos elevar acima das coisas terrenas, porque sentimos no mais profundo de nosso ser o chamado para imprimir em nossa alma a imagem puríssima de Deus.
No Batismo recebemos a graça santificante. Por ela tornamo-nos, em Cristo, filhos do Pai celestial. Todo pai se alegra quando seu filho se parece fisicamente com ele. Por isso queremos agradar a Deus fazendo o possível para imitá-lo em nossa vida. Como poderemos começar a ser perfeitos como o Pai celeste, apesar de nossos instintos e paixões desordenados?
A Sagrada Escritura nos mostra claramente o caminho: a santidade é a pérola que o mercador dá tudo o que possui para adquirir. Ela é o tesouro no campo, pelo qual se vende tudo para possuí-lo. Com outras palavras: somente alcança a santidade aquele que subordina tudo ao fim mais elevado, aquele que está disposto à dedicação magnânima aos desejos e à vontade do Pai.
A vontade de Deus para nós se manifesta nos mandamentos. A pessoa generosa sempre se esforça para realizá-los. Porém, só isso não basta. A medida das ações e omissões não deverá ser baseada na pergunta: “Isso é pecado?”, mas sim na questão: “O que causa mais alegria ao Pai celestial?” Assim como Jesus, a pessoa magnânima sempre “faz o que agrada ao Pai” (Jo 8, 29).
Se o Pai permite sofrimento ou coisas incompreensíveis, a generosidade não vacila em dar um pronto e filial SIM como a única resposta certa. Mesmo faltas e pecados não são obstáculos ou impedimentos que levam a afastar-se da “pista de Deus” ou a deter-se na metade do caminho – as faltas e pecados apenas nos tornam mais humilde. A humildade sempre traz consigo novas graças que ajudam a pessoa a tornar-se mais santa, mais agradável a Deus.
Também Irmã Emílie, em sua vida de muitos trabalhos e sacrifícios, consumiu-se na alegre dedicação aos desejos e à vontade do Pai. Para ela era natural que Deus lhe mandasse uma grande quantidade de sofrimentos e fadigas, pois sabia: ele, que é santo e justo, me presenteia com as preciosidades de seu amor. “Sim, ele pode, deve exigir de mim tudo o que me aproxima mais de seu amor”. E estava convicta de que “o amor mais elevado só se encontra na cruz”. “A santidade cresce somente na cruz e no sofrimento”.
Querendo alguém compadecer-se de Irmã Emílie em sua grave enfermidade – já estava assinalada pela morte, quase totalmente paralisada e sem voz –, escreveu ela em sua pequena lousa: “Eu não permito que se diga algo contra o bom Deus, ele manda sempre o melhor”. E o brilho de seus olhos confirmava essas palavras.
Nas últimas semanas de vida, Irmã Emílie alegrou-se muito com a comparação que um neossacerdote fez na homilia. Ele disse que quando nossa alma está cheia de entusiasmo, é mais fácil alcançar a perfeita dedicação à Deus. Levamos a Ele, numa grande mala, todos os nossos bens internos e exteriores e lhe dizemos: “Eis aqui, eu te dou tudo, inteiramente tudo o que sou e tenho. Tudo recebi de ti; agora, com toda a liberdade, podes tomar tudo novamente”. O Pai do céu olharia essas dádivas com agrado e se alegraria; depois, as daria novamente a nós, dizendo que poderíamos ficar com elas. Oportunamente ele viria buscar na mala aquilo que mais lhe agradasse. No entanto, quando ele vem, parece-nos tão difícil dar-lhe até aquilo que é menos valioso…
Irmã Emílie, porém, permanecia com um sorriso radiante quando Deus vinha buscar de “sua mala” uma coisa após outra. Ela recebia essa ação de Deus como sofrimento, é claro, mas não se zangava, não ficava descontente com ele. Não queria tomar de volta nada daquilo que já lhe havia oferecido. Ficava feliz pensando em tudo o que o Pai ainda lhe havia deixado e poderia vir buscar mais tarde…. Não, a mala de sua vida ainda não estava vazia!
Tão seriamente como fazia exigências a si mesma, ela também exigia daqueles que lhe eram confiados: a generosa aspiração à santidade e ao cumprimento da vontade de Deus. Reconhecia como missão pessoal anunciar e revelar por sua vida “um caminho de santidade inteiramente singelo”: o caminho da amorosa dedicação total. Por isso, exortava: “Santidade não consiste em não cometer faltas, mas na perfeita ‘filialidade’ diante de Deus e no abandono sem reservas à vontade amorosa do Pai celestial”. Mais ainda:
“Não tem importância o brilho exterior; decisivo é o que agrada a Deus. Em tais decisões repousa bênção e fecundidade”. Como superiora provincial, ela não queria “uma Província grande, mas uma Província santa”. Ansiava poder dar ao bom Deus um jardim de “pequenas Marias”, isto é, imagens da querida Mãe de Deus. Por isso sempre de novo pedia: “Faze que sejamos uma Família santa!” E foi além: já no ano de 1927, numa consagração particular, ofereceu-se a Deus “para suportar todos os sofrimentos imagináveis”, a fim de que a Família de Irmãs, com a qual ela devia cooperar na fundação, pudesse formar santas. Sua oração foi aceita.
Neste tempo de assustador abandono a Deus, não podemos satisfazer-nos com a mediocridade. Não era em vão que Pio XII anunciava que o maior perigo para o mundo e a Igreja de hoje é a “mediocridade dos bons”. Por isso somos chamados a levar a sério as palavras de Jesus: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito!” (Mt 5, 48).
Propósito:
Cuidemos hoje de fazer tudo com maior generosidade, conforme as palavras de Jesus: “Faço sempre o que causa alegria ao Pai” (Jo 8, 29). Prontos, alegres, sem queixas, como Irmã Emílie, vamos dar a Deus hoje tudo o que ele quiser tirar da “mala de nossa vida”. Essa atitude fará com que ele nos atenda com maior facilidade.
“Nada quero de volta para mim: ser tua é toda a minha felicidade!”
ORAÇÃO PARA CADA DIA DA NOVENA
Deus, nosso Pai, confiando filialmente em tua sábia e bondosa Providência, Irmã Emílie trilhou o caminho de sua vida. Mesmo no sofrimento e na insegurança ela pronunciou o “Sim Pai” aos teus desejos e à tua vontade. Desta forma, ela encontrou profundo abrigo em teu coração paternal, em meio a todos os temores e aflições. Nela manifestaste poderosamente teu amor e tua misericórdia.
Eu te peço a canonização de Irmã Emílie para a tua glória, para a honra da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt e para a bênção da humanidade. Por sua intercessão, atende os meus pedidos, assim como corresponde a tua bondosa Providência. Amém.