Deus é Pai, Deus é Bom: Novena pedindo a intercessão da Venerável Ir. M. Emilie Engel
OITAVO DIA
Esperar com paciência
Vivemos numa época de velocidades e de recordes. Em tudo precisamos do máximo de rapidez. Se, ao comprar algo, não somos atendidos logo, se um trabalho não quer dar certo, se uma doença não é curada em pouco tempo, se na educação própria e alheia não alcançamos prontamente o êxito desejado, “acaba-se a paciência”… E nossa resposta? Quantas vezes a repetimos: “Não tenho tempo!” Dizem que hoje em dia não há expressão alguma que seja tão usada como esta. Será verdade?
O certo é que nenhuma outra virtude nos é tão difícil como a paciência. Raras vezes podemos manter a tranquilidade interior e exterior quando temos de esperar por alguma coisa. Isso também entra em consideração quando se trata das nossas relações com Deus. Logo deixamos de perseverar na oração, se nossos pedidos não são atendidos como esperamos. Esquecemos facilmente que nosso Pai celestial faz outros cálculos, pois “seu tempo é a eternidade”.
Isso, porém, não significa que Deus não compreende nossas necessidades; que ele não sabe o quanto nos desanima estar dias, semanas e meses em situações difíceis, e ele calado sem interferir. No entanto, não é bem assim como pensamos. Deus não nos concede logo aquilo que queremos, porque valoriza, de outra maneira, as preocupações que temos, ele vê todas as coisas à luz da eternidade e sabe esperar até que chegue a sua hora e a realização de nosso pedido se torne realmente uma bênção.
Por isso não podemos fazer nada melhor do que “rezar sem cessar” (Lc 18, 1) e nos esforçarmos para adquirir paciência. Será que também não exigimos tantas vezes que Deus seja paciente e indulgente? Quantas vezes o deixamos esperando? E ele nos suporta. Decerto causa-lhe prazer que as coisas não sejam feitas antecipadamente. Teria ele colocado em toda a criação a lei do crescimento, do desenvolvimento e do amadurecimento orgânicos sem alguma finalidade? O mesmo se dá na vida humana. Deus sempre proporciona o tempo necessário para o amadurecimento corporal, espiritual e anímico. Ele não exige frutos no tempo da florescência, também não exige flores na época dos frutos. Conhece nossas falhas e nos dá ocasião de começarmos de novo. Incomparáveis são a benignidade e a paciência do Pai celestial! Ele olha os pecadores e vai em busca deles, a fim de que encontrem o lar em seu coração.
Para a natureza de Irmã Emílie, nem sempre foi fácil compreender quanto tempo Deus leva até alcançar o seu objetivo. Porém, ano após ano, na acerba escola do sofrimento, ela percebeu sempre mais que o Pai celestial não somente tem paciência conosco, mas também nós, se queremos ser verdadeiramente seus filhos, devemos ir a seu encontro com esta mesma atitude.
Durante 20 longos anos ela sofreu de uma doença que lhe causava muitas dores. A espera de recuperar a saúde lhe custou um grande sacrifício. E, apesar disso, rezava: “Jesus, Mãe de Deus, o longo tempo de espera deve pertencer inteiramente a vós. Ajudai-me para que eu não desperdice nada de minha oferta de amor, por meio de queixas”.
Algumas vezes suas coirmãs, juntamente com ela, imploraram o milagre da cura, pela intercessão da Mãe das graças de Schoenstatt. O milagre não se realizou. Porém, Irmã Emílie não ficou inquieta, impaciente ou amargurada. Radiante de alegria e com plena segurança, consolava a si mesma e às Irmãs, dizendo: “O bom Deus quer dar-me algo muito melhor”. E: “Uma filha da Providência não se deixa abalar por nada. Quanta luz nos vem da Via Sacra de nosso Salvador e da Mãe das Dores, em nossos grandes e pequenos sofrimentos! Sim, Jesus e a Mãe das Dores são nossos grandes modelos e mestres na paciência”. Gostava de entregar-se ao Pai, muitas vezes, com a singela oração:
“Conheces o caminho que devo seguir, sabes o tempo no qual devo partir.
Teu plano já está pronto para ser realizado.
Espero-te em silêncio, pois creio em tua palavra, jamais ela me engana!
Tu sabes o caminho que devo seguir.
E isto me basta”.
Depois de seis semanas numa tração, Irmã Emílie precisou, por assim dizer, aprender novamente a andar. Quanta paciência e força sacrifical isso exigiu dela. Apesar de sua disposição temperamental melancólica, aceitou tudo com alegria, considerando os lados alegres da situação, mesmo quando era muito doloroso. Ela sabia: “Toda a nuvem escura, por mais pesada que seja, tem um lado de sol!” Assim, tudo o que lhe trazia dor, atuava purificando e transfigurando seu ser.
Aquele que tem tanta paciência com Deus e consigo mesmo também a terá com o próximo. Talvez fosse por este motivo que não se ouvia de Irmã Emílie uma palavra dura, impaciente, sem domínio. Não deixava de considerar as pessoas, pelo menos onde devia agir como educadora. Todos os que a conheceram como mestra de noviças ou do terciado, como superiora provincial ou conselheira geral, jamais poderão esquecer sua paciência. Ela sempre encontrava tempo para os outros, para ouvir, ajudar, aconselhar, sem tomar em consideração suas próprias dores e interesses. Pelo sofrimento, seu coração cresceu no amor para com todos os que dela precisassem.
A vida, não raras vezes, também exige de nós muito tempo de espera; uma espera silenciosa, quer se trate de um interesse pessoal ou do bem estar de outros. A solução de certas dificuldades depende de nossa paciência. E necessário, portanto, que não atrapalhemos, com nossa impaciência, a ação e intenção do Pai celestial! Ele sempre nos dá algo melhor quando precisamos esperar muito tempo para ser atendidos ou quando ele resolve a situação de maneira diferente do que esperávamos.
Propósito:
Hoje, cuidemos de não nos queixar, mas de exercitar a paciência, a fim de que o Pai celestial atenda os pedidos que lhe fazemos, por intercessão de Irmã Emílie.
“Ser cristão significa saber esperar!”
ORAÇÃO PARA CADA DIA DA NOVENA
Deus, nosso Pai, confiando filialmente em tua sábia e bondosa Providência, Irmã Emílie trilhou o caminho de sua vida. Mesmo no sofrimento e na insegurança ela pronunciou o “Sim Pai” aos teus desejos e à tua vontade. Desta forma, ela encontrou profundo abrigo em teu coração paternal, em meio a todos os temores e aflições. Nela manifestaste poderosamente teu amor e tua misericórdia.
Eu te peço a canonização de Irmã Emílie para a tua glória, para a honra da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt e para a bênção da humanidade. Por sua intercessão, atende os meus pedidos, assim como corresponde a tua bondosa Providência. Amém.