Entrevista com o postulador da Causa, Pe. Eduardo Aguirre
Karen Bueno – Julho é um mês especial para celebrar e agradecer a vida do Venerável Mario Hiriart. No dia 23 recordamos seu nascimento terreno e hoje, dia 15, o nascimento para a eternidade do céu. Entre os membros do Movimento Apostólico de Schoenstatt, o Processo de Beatificação de Mario é um dos mais adiantados em Roma.
Acompanhe abaixo uma entrevista com o postulador da Causa de Beatificação, o Pe. Eduardo Aguirre Cancino, que fala sobre o momento atual do Processo:
As virtudes heroicas de Mario Hiriart foram reconhecidas pelo Papa Francisco e, de “Servo de Deus”, ele passou a ser chamado “Venerável” pela Igreja a partir do dia 22 de fevereiro de 2020. O que aconteceu depois disso em relação ao Processo de Beatificação?
O fato de Mario ter sido declarado “Venerável” significa que a Igreja considera que ele viveu, seja a nível pessoal, profissional ou apostólico, deixando-se animar pelo Espírito Santo e que seu atuar foi guiado pela fé, animado pela caridade e sustentado pela esperança. Isso também implica que ele praticou as virtudes cardeais e as demais virtudes de maneira exemplar e heroica. Ou seja, que segundo seu estado de vida e de acordo com as suas tarefas, frente aos desafios do tempo e do ambiente em que devia atuar, viveu as virtudes cristãs de forma constante e fiel.
Assim, a Igreja já reconhece e afirma que Mario tem “madeira” de santo e que sua vida cristã é exemplar para todo cristão, especialmente para os leigos, no meio do mundo.
Atualmente, falta apenas a comprovação de um milagre ocorrido pela intercessão de Mario (o que implica todo um novo processo de investigação) para que possa ser declarado beato e possa ser venerado como tal na Igreja. Com um segundo milagre ele poderá ser canonizado e, portanto, celebrado e invocado como santo em toda a Igreja universal. Podemos dizer, então, que o Processo de Mario está à espera de que se comprove um milagre. Entretanto, é importante divulgar a sua fama de santidade e motivar as pessoas a conhecerem a vida de Mario, a recorrerem a ele nas suas orações e a confiar-lhe as suas intenções.
Pe. Eduardo Aguirre
Existe algum possível milagre sendo estudado atualmente, que possa elevar Mario aos altares?
Até o momento não foi apresentado algum possível milagre que corresponda às condições exigidas para o início de um processo de investigação. Sim, muitas orações ouvidas são relatadas, o que é importante para divulgar a fama de santidade e tornar Mario conhecido.
O que é feito atualmente para que ele seja mais conhecido na vida da Igreja?
Acredito que, no momento, a iniciativa que mais contribui para divulgar a pessoa de Mário e sua fama de santidade é um grupo de WhatsApp no Chile, ao qual muitas pessoas de outros países estão conectadas. Também existem novenas relacionadas a Mario, algumas biografias (em espanhol, alemão e português) e outros escritos … mas talvez não sejam muito conhecidos. De vez em quando, como agora, matérias sobre Mario aparecem na mídia de Schoenstatt. Mas espero e desejo que surjam mais iniciativas para motivar sua veneração.
Em sua opinião, por que é importante canonizar Mario? Que mensagem ele traz para o nosso tempo?
Penso que o reconhecimento, por parte da Igreja, sobre a santidade de Mario para o nosso tempo nos oferece um grande estímulo e um exemplo notável de vida laical no meio do mundo, na aspiração aos ideais e no compromisso com a missão, segundo o carisma de Schoenstatt.
Mario identifica-se plenamente com a missão de Schoenstatt e assume-a como sua missão de vida. Isso o leva a consagrar-se como leigo, na comunidade dos Irmãos de Maria, como instrumento nas mãos da Mãe. Mas, para toda a Igreja atual e a do terceiro milênio, Mario é um exemplo de leigo consciente do papel dos leigos na vida da Igreja e no cumprimento da sua missão evangelizadora. É um leigo santo que vive e no qual se realizam as orientações do Concílio Vaticano II.
De Bellavista/Chile, em 8 de julho de 1956, Mario escreveu ao Padre Kentenich:
“Querido Pai e Fundador: […] O caminho de minha vocação, tal como o vejo hoje, foi a minha convicção pessoal de que o cristianismo do nosso tempo exige de maneira imperiosa um grau extraordinário de santidade laical; esta santidade laical deve traduzir-se em uma decidida vocação a uma profissão e uma missão no mundo laical, sublimada por uma concepção perfeitamente cristã e teocêntrica da vida laical e realizada com um heroísmo igual, ou ainda maior, que o dos maiores mártires da Igreja… O estado de vida laical também deve ser uma via ordinária de santificação…”.Mario tem uma clara percepção dos desafios do tempo e da missão que a Igreja tem para evangelizar a cultura de hoje. Ele se identifica totalmente com a visão profética do Pe. Kentenich, de que o tempo atual requer santos leigos que, com seu atuar e compromisso, santifiquem a sociedade e a cultura.
Pouco antes da morte de Mario, em Milwaukee/EUA, o Pe. Kentenich comenta com o Pe. Günter Boll: “Mario é um homem extraordinário, eu diria que é o ideal do homem viril, aquele que queremos formar em Schoenstatt; claro na inteligência, forte na vontade e com uma profundidade na vida afetiva e, sobretudo, com uma profundidade de alma, penetrado pela graça de Deus”.