Conheça a contribuição da Família de Schoenstatt brasileira para o Movimento na Itália
Karen Bueno – Centenas de italianos – você deve se recordar – embarcaram em direção ao Brasil, há mais de um século, buscando terras e novas oportunidades de vida. Eles, junto com as bagagens, trouxeram a fé, a piedosa devoção e seu grande amor à Madonna [à Mãe de Deus].
Já na vida da Ir. M. Ivone Zenovello, do Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt, essa experiência se deu ao contrário. Há 22 anos ela foi enviada do Brasil para a Itália, como missionária, levando consigo a imagem da Madonna Três Vezes Admirável e o desejo de tornar Schoenstatt presente neste país. Duas décadas de missão se passaram e a Ir. M. Ivone está de volta à sua terra natal. Após anos de trabalhos, apostolados, tarefas, ela retorna ao Brasil deixando na Itália um novo rosto de Schoenstatt que ajudou a construir e a consolidar.
Ir. M. Ivone passa a trabalhar, a partir de agora, com a Campanha da Mãe Peregrina, pelo Secretariado de Atibaia/SP. Em entrevista ela conta sobre os anos que passou e como foi sua experiência missionária na Itália, a partir da Aliança de Amor com Maria:
Por quanto tempo a senhora viveu na Itália?
No início do mês de setembro de 1999 – último ano em preparação para o grande jubileu de 2.000 – parti do Brasil como missionária de Schoenstatt na Itália. A convicção e a alegria de tornar Schoenstatt sempre mais conhecido e amado me acompanharam sempre nesses 22 anos de missão em terras italianas.
Como era a realidade do Movimento de Schoenstatt na Itália quando a senhora chegou ao país?
Quando cheguei à Itália, não encontrei Schoenstatt como Movimento. Isso, no entanto, não foi para mim uma desilusão, mas um chamado direto a não só fazer alguma coisa nesse sentido, mas dedicar inteiramente as minhas forças a serviço de uma grande missão.
Quais foram seus primeiros trabalhos lá e quais atividades a senhora exerceu ao longo dos anos?
Quanto aos primeiros trabalhos, o projeto era que eu atuasse na escola maternal e pré-escola na casa paroquial em Zelarino – Veneza. Ali as Irmãs de Maria de nossa Província já atuavam há cinco anos.
Porém, já no início do ano 2.000, houve uma mudança radical de projetos e outras portas se abriram com novas e desafiantes propostas para nós, assim que, em setembro, exatamente após um ano da minha chegada à Itália, a Filial foi transferida para Città della Pieve, na Região da Umbria. Então o meu primeiro trabalho foi a catequese em duas paróquias, onde atuei ajudando a preparar as crianças e os adolescentes para os sacramentos da confissão, comunhão e Crisma e aos poucos fui me tornando muito envolvida em outras atividades pastorais. Ali procurei de vários modos apresentar Schoenstatt por meio da Campanha da Mãe Peregrina. Muitíssimos acontecimentos marcaram a minha vida nesses 22 anos, que, sem dúvida, foram de grandes lutas, mas sempre acompanhados pela vitória da Mãe de Deus e com a bênção de nosso Pai.
Tem algum momento que guarda na memória com carinho?
Guardo com carinho no coração, e é digno de compartilhar, a imagem da Mãe Peregrina que levei comigo para a Itália em 1999. Logo que cheguei lá, já pude descobrir que em Mantova a Mãe Peregrina já tinha chegado e queriam mais uma imagem para as famílias. Então, deu-se a primeira viagem apostólica, sempre uma aventura maravilhosa, lugares e pessoas desconhecidas, a língua ainda não bem falada…
Depois descobri também que no ano de 1998 a Mãe Peregrina também já estava presente na Região da Puglia, no sul da Itália. Eram dez imagens que faziam parte do “Projeto 2.000”, em preparação ao grande jubileu. Nessa época, ninguém dava assistência e acompanhava a Campanha da Mãe Peregrina na Itália. Então, por meio do Secretariado Internacional, nos foi oferecido este trabalho apostólico. Foi aí que entrei em função diretamente com a Campanha da Mãe Peregrina, com um processo de organização e estruturação das imagens que aumentavam sempre mais e se desenvolviam de um modo extraordinário em todos os sentidos. Vimos nisso os planos da Divina Providência, um caminho aberto para tornar Schoenstatt conhecido em toda a Itália.
Como é Schoenstatt na Itália hoje?
Hoje Schoenstatt tem um nome e um lugar não só na Igreja italiana, mas, sobretudo no coração de inúmeras pessoas que conhecem, apreciam e amam a nossa Mãe e Rainha, que é presente nas famílias com seu Filho Jesus. Sem citar nomes, posso afirmar que os diversos Ramos que hoje existem (casais (liga e União de Famílias), mães, juventude e Apóstolas de Maria) são frutos da Campanha da Mãe Peregrina, que, conforme a última estatística, conta com mais de 1.500 imagens, em grupos de 10 ou 15 famílias.
A senhora teve a oportunidade de viver próxima a três papas. Foi possível vê-los pessoalmente com frequência?
No decorrer desses anos na Itália, vivi na proximidade de três papas. Com João Paulo II tive o privilégio de um encontro muito especial com ele, no nosso Santuário Cor Ecclesiae, em Roma, no dia 29 de dezembro de 2000. Ajoelhei-me diante dele e o cumprimentei; ele me deu a bênção e me presenteou um terço que trago até hoje como um dom precioso. Hoje posso dizer: estive ajoelhada diante de um santo!
Com Papa Bento XVI pude me encontrar diversas vezes, sempre na Basílica de São Pedro, e uma vez pude receber a santa Comunhão de suas mãos.
Com o Papa Francisco, bem no início do seu pontificado, pude participar uma vez da Santa Missa na capela da Casa Santa Marta. E, com as Irmãs da Filial Cor Ecclesiae, tivemos um encontro com ele e nesta ocasião eu lhe presenteei uma pequena imagem da Mãe Peregrina com o livro guia da Campanha; eu lhe disse que trabalhava no apostolado da Mãe Peregrina de Schoenstatt e pedi a sua bênção para todas as famílias que recebem a imagem nas suas casas. Ele recebeu com carinho a pequena imagem, me olhou e abençoou.
Naturalmente, durante esses anos participei com esses três Papas de diversas Santas Missas e tantas cerimônias litúrgicas nas Basílicas de Roma. Às vezes em lugares privilegiados, às vezes em meio à multidão de gente. Participei também da audiência no jubileu de 100 anos de Schoenstatt, organizando a participação de mais de 700 italianos vindos de todas as regiões da Itália.
Na sua opinião, de que modo a Família de Schoenstatt do Brasil contribui para o crescimento da Família de Schoenstatt da Itália?
A Família de Schoenstatt do Brasil, na minha opinião, é a que mais contribuiu e pode contribuir para o crescimento de Schoenstatt na Itália, porque nosso modo de agir e transmitir é muito vital. Isso posso afirmar, porque a Campanha da Mãe Peregrina na Europa, sua estrutura e forma de desenvolver a pastoral, se baseou muito no nosso trabalho na Itália que, por sua vez, tem suas raízes no Brasil.
O que podemos aprender com os italianos?
Com os italianos podemos não só aprender, mas compartilhar a mesma sorte de sermos um povo que ama Maria, um povo aberto ao religioso, onde Schoenstatt encontra abertura e colaboração.
Como a senhora resumiria essa experiência de mais de 20 anos na Itália?
Esses 22 anos de vida na Itália me enriqueceram muito. Aprendi que é na doação total , no colocar-se como instrumento pequeno, mas inteiramente disponível, que Deus pode atuar e realizar seus planos. Pedi sempre ajuda e a companhia de João Pozzobon e ele fez que eu pudesse experimentar o que é ser Maria, levando Jesus para as pessoas.
Muito emocionante quantas experiências de contribuir o seu aprendizado. Parabéns irmã Maria Ivone que Deus abençoe sempre sempre