Saiba como foram as Missões Universitárias da Juventude no Paraná
Beatriz Massarioli – De acordo com o dicionário, missionário significa “aquele que recebeu ou assumiu a incumbência de realizar determinada tarefa ou promover a sua concretização; aquele que se dedica a pregar uma religião, a catequizar e a trabalhar para a conversão de alguém à sua fé, esp. entre povos pagãos”. Pe. Heinrich Walter, quando coordenador da Presidência Geral da Obra, disse que “a razão de ser de Schoenstatt não está em si mesmo, mas no serviço missionário à Igreja e à sociedade” e é exatamente a partir deste objetivo que surgiu, em Londrina/PR, no ano 2003, as missões da Juventude de Schoenstatt, conhecidas como Missões Universitárias. Promovidas inicialmente pelo Jumas, as missões eram abertas e receptivas à todos os jovens, independentemente de carisma, movimento ou grupo. Assim, foram espalhando-se e, nos anos seguintes, já passaram a ser preparadas – e dominadas – por integrantes do Jumas e da Jufem, que mantém o evento e o espírito missionário desde então.
Em decorrência da pandemia, no ano passado, apesar da manutenção das Missões, o evento precisou passar por algumas adaptações, que visassem manter a espiritualidade e a convivência típica, para a forma remota e online. Em 2021, não foi diferente!
Então, entre os dias 14 e 18 de julho, foram realizadas as Missões Universitárias 2021, reunindo 135 jovens de dentro e de fora do Movimento de Schoenstatt.
Levando como tema a passagem bíblica do evangelho de São Mateus “Levanta-te, pega o Menino e sua Mãe!” (Mt 2, 21), deu-se início toda a preparação para que, mesmo online, essas Missões fossem muito especiais para a juventude, transformando-os para que carregassem consigo a emoção, a reflexão e, principalmente, a busca pelo colo da Mãe e Rainha e o amor de Deus.
Além do lema, 2021 é considerado o ano de São José, pois comemoram-se os 150 anos da proclamação dele como padroeiro universal da Igreja, então, por que não levar como inspiração para os momentos de formação e espiritualidade, uma figura tão importante na obra salvífica de Deus? No SIM e nos sacrifícios de São José durante sua vida, em função da criação de Jesus Cristo, e no seu exemplo de humildade e simplicidade, foi que as Missões Universitárias 2021 se basearam para a criação de conteúdos que incentivassem, cada vez mais, o SIM de cada missionário para o chamado de Deus.
Inscrições
As inscrições ofereciam duas opções diferentes de participação: a inscrição completa e a inscrição para conteúdo. A última opção foi criada e destinada àquelas pessoas que realmente não conseguiram encaixar a programação com a rotina, mas que tiveram acesso a todos os materiais da formação, com adesão de 27 jovens.
Já para inscrição completa, era requisitado maior disponibilidade de tempo, principalmente durante a manhã e à noite, para a realização das atividades síncronas. Além disso, durante o dia, eram liberados os conteúdos de formação, que podiam ser acompanhados da maneira que preferissem. Aqueles que escolheram essa opção foram divididos em três diferentes comunidades: Comunidade São José Forte, Comunidade São José Operário e Comunidade São José Puro. Além disso, todos os membros das comunidades eram divididos em trios para a realização de outras atividades.
É válido ressaltar que, para a realização da inscrição completa, era necessário o pagamento de uma pequena taxa. A arrecadação foi responsável por contribuir, em ato concreto, com uma Casa de Repouso em Ibiporã/PR.
O Ranking!
Para movimentar um pouco as comunidades, a fim de espalhar nelas o espírito de união, junto a uma pitada de competitividade, as Missões desse ano foram marcadas por um ranking. A competição baseava-se no número de ofertas ao Capital de Graças entregues por cada comunidade. Aquela que mais contribuísse com o Capitalário, era a equipe ganhadora. Ao todo, foram mais de 2500 ofertas entregues à Mãezinha, que resultaram na vitória da Comunidade São José Forte.
Para o controle dos presentes ao Capital de Graças, a equipe de TI’s, do grupo Missionário Magnificat, desenvolveu um web app que contava, além do Capitalário, com uma agenda, marcada com todos os horários de atividades síncronas, e uma aba com todos os materiais, principais e complementares, da formação.
Programação
O primeiro passo de uma missão é a missa de envio. É nela que, diante de Deus, os missionários se dispõem e pedem bênçãos para as tarefas que terão nos dias seguintes. Por isso, dando início oficial à MU 2021, foi realizada a missa de envio na noite de quarta, 14 de julho, transmitida do Santuário Tabor Esmagadora da Serpente, em Londrina. Logo após a celebração, a distribuição das comunidades foi publicada aos participantes pela conta do Instagram das Missões, juntamente com a divulgação da lista de trios. Em seguida, foram realizadas reuniões em grupos online, para uma breve apresentação dos membros, preparando todos para um espírito de comunidade, espiritualidade e oração.
Os dois dias seguintes já começavam com a celebração da Santa Missa, presidida pelo Pe. Clodoaldo Kamimura, em Londrina, às 6h30min, transmitida a todos os missionários. O dia seguia com a liberação de um vídeo para a Lectio Divina, preparado pelo trio da espiritualidade de cada comunidade, contendo a reflexão de um evangelho relacionado a São José e o tema das missões. Os trios também recebiam um material contendo o terço do dia, que seria rezado no momento em que preferissem. A noite, as comunidades eram reunidas, também online, para o momento de vivência com os responsáveis espirituais, a fim de refletir sobre os materiais de formação liberados durante o dia. Na sexta, houve a oportunidade de reunir alguns missionários em uma vivência presencial, também em Londrina, seguindo os protocolos de segurança. Porém aqueles que não puderam participar, acompanhavam toda a programação remotamente. Mais tarde, aqueles que se sentissem à vontade, ou que não fossem dominados pelo sono, permaneciam para os chamados “Ratos”, momento de descontração e integração dos membros da comunidade, em que podiam conversar sobre aleatoriedades ou jogar alguns jogos online.
No sábado, o dia começou um pouco mais tarde, às 9h30min, mas seguiu a programação habitual. Entretanto, durante a tarde, cada trio foi incumbido de realizar uma ligação para missionários do Movimento, de cidades como Caieiras/SP, Cornélio Procópio/PR, Ibiporã/PR, São Paulo/SP, Londrina/PR e Uraí/PR. A ligação teve o intuito de colocar em contato missionários da juventude e missionárias da Mãe Peregrina, para que conversassem sobre as dificuldades e adaptações realizadas perante a pandemia e o impacto gerado por elas no serviço de evangelização, também em sua relação com Deus, enquanto afastadas momentaneamente da Igreja. Muitos relataram carinho, aprendizado e gratidão por esse momento que, mesmo não costumeiro, foi muito especial na formação e transformação de cada missionário.
No domingo, dia 18, como forma de despedida da semana de Missão, a manhã teve início com a oração, realizada pelas comunidades, e seguida pela partilha. Esse foi um momento em que cada jovem teve a chance de compartilhar suas expectativas com o evento e suas experiências concretas ao longo dos últimos dias. Por fim, encerrando as missões, às 11h30min foi realizada a missa de encerramento, também, no Santuário de Londrina. A celebração contou com transmissão, e presença de alguns missionários, que puderam pular ao som do hino de Franz Reinisch como comumente fazem em toda missão.
O que nos dizem os missionários
As Missões Universitárias 2021 foram capazes de surpreender e inovar, tanto para aqueles que pertencem ao Movimento, quanto para aqueles que são de fora. Byancah Moimaz, da Jufem de Uraí/PR, conta: “É impossível descrever tudo o que vivenciei nesses dias de missão. Schoenstatt tem um diferencial na forma de entrega, no acolhimento, na paz que cada um que pertence transmite. Jesus se faz presente em nosso meio todos os dias, mas, diante as dificuldades, nós acabamos nos questionando e nos esquecemos que temos um Pai que nunca nos abandona e que se faz presente – e eu pude sentir essa presença! Além de tudo isso, esse é o ano de São José, o qual eu tanto sou devota. Nessa intimidade eu fui ficando cada vez mais leve, pois eu aprendi a deixar o passado de lado para viver o hoje! O sentimento que define isso é gratidão por essa missão que tanto me edificou”.
E não foi só ela que se surpreendeu com as missões online deste ano. Mariana Mazaro, que teve seu primeiro contato com Schoenstatt, também conta: “Eu me inscrevi nas missões universitárias tendo como base as experiências de pessoas próximas a mim. Confesso que, à princípio, estava um pouco apreensiva, já que não conhecia o Movimento Apostólico de Schoenstatt e a maioria das pessoas envolvidas. Contudo, esse primeiro sentimento foi sendo substituído por outro, o de acolhida. E posso afirmar que a divisão em trios foi fundamental para que isso acontecesse, já que permitiu uma melhor comunicação entre um pequeno grupo de pessoas e favoreceu a criação de vínculos. Outras questões imprescindíveis que deixaram as missões sendo uma experiência única foram a escolha do tema, a qualidade dos materiais e a maneira extremamente atual com que esses últimos foram divulgados”.
Gabriel Lenharo, do Jumas de São Paulo/SP, comenta: “A missão foi acontecendo. Em certos momentos, realmente eu me esquecia que estava sentado em frente ao computador, eu conseguia me imaginar em um ‘Santuário Missão’. Tudo aquilo que achava que uma missão online não podia ter, teve, com suas particularidades, mas teve. Sempre saímos para outras cidades, mas, dessa vez, trouxemos outras cidades para nossa casa”.