Um novo Padre de Schoenstatt é ordenado no Brasil
Fernando Castilho Valderrama – A Igreja Matriz de São Bento, na cidade de Araraquara/SP, presenciou um momento sublime onde o céu tocou a terra. No dia 7 de agosto de 2021, a Família de Schoenstatt do Santuário Tabor Morada da Alegria Vitoriosa se une para celebrar a ordenação presbiteral do “filho da terra”, o Diácono Filipe de Freitas Araujo. Membros do Movimento de Schoenstatt, familiares e convidados puderam se agraciar com a beleza tanto arquitetônica da Matriz como ainda pela música e o momento sagrado em que nasce um novo sacerdote.
Logo ao início do rito de ordenação, Dom Eduardo Malaspina, administrador diocesano da Diocese de São Carlos/SP, os Padres de Schoenstatt e demais padres diocesanos tomaram seus lugares no altar e puderam levar a todos os presentes a importância e a graça do sacramento da Ordem. Dom Eduardo, por suas palavras, direciona-se ao então diácono Filipe e diz “confiar na sua vocação” e o recorda da “responsabilidade de pastor pelo exemplo, direção e condução do rebanho de Cristo”.
Durante o rito, o Diácono Filipe esteve com seus amigos e com irmãos de curso que fizeram a primeira leitura e salmos: José Rafael Bastos, amigo, e o Diácono Rafael Flausino, irmão de curso que também caminha para a ordenação sacerdotal na próxima semana. Na liturgia também participaram músicos da Juventude de Schoenstatt de Londrina/PR.
Após a leitura do Evangelho, o Pe. José Fernando Bonini, araraquarense que reviveu a sua ordenação sacerdotal há 27 anos neste mesmo lugar, hoje como superior regional dos Padres de Schoenstatt no Brasil, deu seu testemunho sobre o diaconato e a preparação de Filipe rumo ao presbiterato.
“Recordar, revisar e renovar o seu sim sacerdotal”
Dom Eduardo iniciou o rito da ordenação: sentou-se à frente do altar, Filipe foi conduzido à frente de Dom Eduardo. O bispo levanta-se e, em tom de capela, como se falasse intimamente com Filipe, cantou o seguinte verso: “Tudo por causa de um grande amor”. Só por este verso, não precisaria de mais uma palavra sequer, porém, Dom Eduardo continuou, de forma íntima, dizendo que é por isso que ele estava ali. Que constantemente Filipe deverá “recordar, revisar e renovar o seu sim sacerdotal”. Que por meio deste ato, Filipe deverá ser a Igreja de Cristo, no exemplo de seu sacerdócio. Dom Eduardo colocou a Filipe a seguinte situação: De que sacerdote nossos tempos precisa? Qual imagem de Cristo o sacerdote deve refletir? Qual o perfil de sacerdote temos que ser?
O amor acima de tudo
Dom Eduardo explana que o sacerdote deve “perscrutar as entranhas da Igreja”. Usando as palavras de Santa Teresa de Calcutá, Dom Eduardo coloca que “Um coração feliz é o resultado inevitável de um coração ardente de amor” e que o presbiterato de Filipe deverá ser com muito amor, pois este sentimento sobrepõe todas as virtudes. Que este amor deve ser exigente e testemunhal. E complementou com o pensamento de Jacques Lacan de que “Amar é dar o que não se tem a quem não o é”. Que o padre é compassivo com, vai com, sofre com, atribuindo o padre ao amoris officium de Santo Agostinho.
Em suas palavras, Dom Eduardo coloca ainda que devemos ser amigos de Cristo. Nesta amizade, Dom Eduardo relembra Tertuliano e expressa que “Não nascemos cristãos, tornamo-nos cristãos”. Assim, nossa amizade com Jesus é o vínculo que nos coloca no colo da eternidade. Para finalizar a reflexão, o Bispo traz a alegria como ato que vai contra as dificuldades, que só se pode ser alegre com simplicidade e amor e que a alegria deve ser o fruto do amor e da amizade com Cristo. Ainda lembrou que a partir desses três sentimentos, o padre é simplesmente um “vaso” e que Deus é o “perfume” que deve ser exalado.
Quero! Quero com a graça de Deus
Em suas promessas, Filipe é questionado por Dom Eduardo sobre seu compromisso e ação evangelizadora que deseja assumir e, por suas palavras, responde de forma singela e forte: “Quero! Quero com a graça de Deus”. Então se prostra e os músicos e toda a Igreja presente entoam a ladainha de todos os santos. Após as promessas e o seu compromisso firmado, Dom Eduardo e todos os padres presentes, um a um, impõe suas mãos ao neossacerdote. Os padres José Fernando e Alexandre Awi fazem a investidura do agora Padre Filipe.
Um momento marcante do rito da ordem, Pe. Filipe se ajoelha perante o bispo, que unge suas mãos com o óleo santo do Crisma. Com as mãos amarradas, Filipe se dirige à sua família, especificamente aos seus pais e, após ter as mãos desamarradas por sua mãe, Pe. Filipe dá sua primeira benção aos seus genitores e à sua avó que, com todos os esforços da idade avançada, presencia com seus olhos a santidade daquele momento.
Ao final do rito, Pe. Filipe agradece a infinidade de sentimentos que sentiu por aquele momento e todos aqueles que o acompanharam até ali: sua família, toda a Família de Schoenstatt, seus irmãos do Colégio Mayor e principalmente a Mãe de Deus, que despertou sua vocação por meio da Juventude Masculina de Schoenstatt.
A primeira missa. Um momento de muitas alegrias!
No dia seguinte, domingo, a Família de Schoenstatt, peregrinos e a comunidade se reuniram “à sombra do Santuário” para a primeira celebração do Pe. Filipe. Um momento marcante, visto as graças concedidas nesta celebração.
A leitura do Evangelho e a homilia ficaram por conta do Diácono Rafael Flausino, irmão de curso e companheiro de caminhada diaconal de Filipe. Em suas palavras, Flausino expressou todo seu carinho e admiração pelo amigo e irmão. Lembrou-se de momentos da infância de Filipe, sua adolescência e suas atividades durante o diaconato. Com os mais belos adjetivos, descreveu o amigo e o seu pedido por pintar a imagem de Cristo que estampou seu convite presbiteral e que estava emoldurada e presente ali.
Ao final da missa, a Família de Schoenstatt presenteou o neo-sacerdote com uma mala com os vasos sagrados para que ele pudesse consagrar Cristo no pão e no vinho por onde os seus passos forem conduzidos pela MTA e pelo Espírito Santo. Todos que ali estavam receberam a benção de Pe. Filipe que, um a um, carinhosamente concedeu, pedindo a intercessão de Jesus e de Maria sobre cada pessoa.
Sua trajetória de vida
Filipe Araújo nasceu em Araraquara, no dia 31 de outubro de 1989. É filho de Carlos Roberto de Araujo e de Silvia Regina de Freitas Araujo, casal da Liga de Famílias de Schoenstatt, e irmão de João Gabriel e Maria Beatriz. Em 2012 ele ingressou no Noviciado dos Padres de Schoenstatt, em Tupãrenda, no Paraguai, onde formou parte do curso Unum in Christo Sacerdote. Em 2013 realizou seu estágio social em Santa Maria/RS, no Lar Vila Itagiba. No ano de 2014, com seus irmãos de curso, mudou-se para o Colegio Mayor P. José Kentenich, em Santiago/Chile, iniciando os estudos de Teologia. Aí viveu até 2016, trabalhando no lar Acógeme, de María Ayuda, e com a Juventude Masculina de Schoenstatt. Em 2017, fez seu estágio pastoral em Londrina/PR, trabalhando com a Juventude Masculina do Regional Paraná e no Colégio Mãe de Deus. Fez seu terciado em Schoenstatt, Alemanha, em 2018, e nesse mesmo ano regressou ao Chile para terminar seus estudos. Nesse tempo, viveu com outros irmãos de seminário na Paróquia São Carlos Borromeu e na Capela “El Señor de la Misericordia”. Foi ordenado diácono no dia 14 de novembro de 2020, no Chile, junto a alguns irmãos de curso. Desde fevereiro de 2021 vive em Olinda/PE, onde atualmente exercia seu ministério de diaconato junto à Paróquia São Lucas e junto ao Santuário de Schoenstatt de Olinda e Recife.
Na contribuição generosa e amorosa ao Capital de Graças, Filipe Araújo escolheu, com as luzes do Espírito Santo, seu lema sacerdotal: “Para que minha alegria esteja em vós (Jo 15,11)”. E pediu a todos que rezassem por ele e com ele: “É feliz quem se abandona em ti, Senhor, com coração confiante. Tu nos guardas na alegria, na simplicidade, na misericórdia (Irmão Roger, de Taizé)”.