“As trevas passam e já resplandece a verdadeira luz.” (I João 2, 8)
Um dos lugares que mais surpreendem o peregrino, no Santuário Nacional de Aparecida, é a Capela das Velas, que parece uma sarça ardente, revelando a fé das pessoas e a presença de Deus. Pode estar frio ou calor, centenas de devotos acendem ali uma vela, em sinal de súplica ou agradecimento. Mas, como tudo isso começou? Que mensagem isso nos traz?
A primeira vela é acesa por Maria
Logo após ter sido encontrada pelos pescadores, em 1717, a imagem, que desde o começo recebeu o nome de Nossa Senhora Aparecida e ficou sob a responsabilidade de Felipe Pedroso, era solicitada pelas famílias que queriam rezar diante dela, em suas casas, e a “Santa” peregrinou pelas localidades próximas. Até que, em 1732, talvez não conseguindo mais atender a todos os pedidos, Felipe decide que é melhor construir um oratório e as pessoas virem ali para rezar. Para isso, ele entregou a imagem a seu filho Atanásio Pedroso, que, no mesmo ano, construiu o primeiro oratório aberto ao público. Silvana da Rocha, irmã de Felipe, coordenava a reza do terço, junto dos devotos.
O primeiro registro de milagre alcançado pela oração à Mãe Aparecida – após a pesca – é do ano de 1733. Numa reza do terço, no oratório, a imagem da santa é ladeada por duas velas. De repente, as velas se apagam e Silvana se levanta para acendê-las novamente. Mas, antes dela se aproximar do altar, as velas se acendem sozinhas.
Podemos quase visualizar os corações palpitantes e o brilho dos olhos dos devotos ali presentes, que irradiam espanto e fé: Ela está presente aqui! Foi tão forte esse impacto que a notícia rapidamente passou de boca em boca e, após quase 300 anos, estamos aqui a refletir sobre ele.
Foto: A12.com
Maria traz a luz que ilumina por fora e por dentro
Esse milagre de Maria ter trazido de volta a luz clareou não só o pequeno oratório, mas, acima de tudo o coração daquelas pessoas. Elas se tornaram portadoras da luz da fé no amor materno da Mãe Aparecida. Mais de cem anos depois, em 1874, a família de Gertrudes Vaz é também iluminada. Sua filha nascera completamente cega, e, ouvira falar dos milagres de Nossa Senhora Aparecida. Movida pela luz da fé dessa criança, Gertrudes faz uma peregrinação a pé, de Jaboticabal/SP até Aparecida/SP, pedindo a luz da visão. Após três meses, chegam no local da estrada, em que aparece ao longe as torres do Santuário de Aparecida. A menina para, olha fixo para o horizonte e exclama: “Olha, mãe, é a capela da Santa!”. Agora é Gertrudes que transborda de luz ao perceber que sua filha recebera a luz da visão. Chegando ao Santuário, ambas rezam em gratidão, ajoelhadas aos pés da Senhora da Luz, a Mãe Aparecida.
Esta é a missão de Maria: ajudar a luz de Cristo a iluminar vidas. Desde a Anunciação, ela leva Cristo, “a luz do mundo” (Jo 8,12), para iluminar os corações, clarear o que está nas trevas e conduzir as pessoas a Ele. Do Natal até a Páscoa, a luz indica a presença de Deus e seu amor que nos abraça. Jesus é “a luz para iluminar” (Lc 2,32) as trevas e todo que O segue “terá a luz da vida.” (Jo 8,12)
Tempos de trevas são tarefas
“Lancemos um olhar ao tempo atual,” diz o Pe. Kentenich, aqui no Brasil, em 18 de agosto de 1949. Ele continua: “Nós o conhecemos bem. Creio dever lhes dizer que vivemos num tempo de trevas. Mas, também vivemos num tempo de luz e, ainda, num tempo de portadores de luz… Vivemos num tempo de trevas, um tempo do príncipe das trevas e da escuridão, o demônio. Ele consegue espalhar trevas em toda a parte. Atualmente, o mundo encontra-se numa assustadora fuga de Deus…
Se o tempo atual foge de Deus, nós devemos procurar apaixonadamente a Deus. As dificuldades da época não devem abater-nos, elas são para nós tarefas dessa época, vitórias dessa época. Nós aspiramos à luz, procuramos encontrar em toda a parte o bom Deus. Não (queremos) a fuga de Deus, mas sim a paixão por Deus e queremo-la tão intensamente, que buscamos o bom Deus onde o mundo o renega: na vida de cada dia”1
Nossos vínculos iluminam
Pela Aliança de Amor, em Schoenstatt, a Mãe e Rainha continua os milagres da luz, realizados em Aparecida. Ela quer educar filhos que sejam portadores da Luz, para que o milagre da luz aconteça em todos os ambientes e vença as trevas do maligno que confunde pensamentos, que rompe vínculos e traz escuridão para a inteligência e para o coração.
Nossos meios pedagógicos que aprofundam o vínculo com Deus iluminam, pois “Deus é luz e nele não há treva alguma.” (I Jo 1, 5) Nosso vínculo com as coisas as iluminam, pois vemos nelas a grandeza, o amor e o poder de Deus, as colocamos a serviço de sua luz. Nosso vínculo ao próximo ilumina, pois, “se andamos na luz, como Ele mesmo está na luz, temos comunhão recíproca uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” (I Jo 1, 7)
O mundo precisa de portadores da Luz
“Ninguém acende uma lâmpada e a cobre com um vaso ou a põe debaixo da cama; mas a põe sobre um castiçal, para iluminar os que entram.” (Lucas 8,16) Nesse 12 de outubro levemos para a publicidade nossa fé e nosso amor à Mãe Aparecida. Levemos com fé a Mãe e Rainha aos lares, pois ela traz “consigo seu Filho Jesus, que é vida, caminho, verdade e luz”. O mundo pode iluminar-se por inteiro, se cada um de nós for um vivo Santuário, no qual, sob o olhar de Maria, a luz de Cristo se mantém sempre acesa.
1 Livro: Brasil Tabor: Filialidade Heroica – Conferências do Pe. Kentenich em 1949