O que têm a ensinar os pais de João Batista?
Paulina e Diógenes Lawand – A história de Zacarias e Isabel, narrada com beleza por São Lucas, será nossa inspiração para que descubramos como inaugurar também em nós o momento de percebermos o respeito, dedicação e amor mútuo dos pais de João Batista.
É de supor, pois, que o casal Isabel e Zacarias, citados por São Lucas como “justos diante de Deus”, viviam o diálogo matrimonial, companheirismo e respeito.
Quando o texto começa a apresentar os pais de Zacarias (Lc 1,5-6), vemos dois currículos invejáveis. Zacarias é descrito como sacerdote, ou seja, aquele responsável por unir o povo a Deus. Isabel era descendente de Aarão, o maior sacerdote que já existiu! O texto emociona o leitor ao descrevê-los como justos, irrepreensíveis e fiéis aos mandamentos do Senhor.
Isabel é idosa e estéril, sendo que na cultura judaica da época, a esterilidade era causa de marginalização. Zacarias poderia ter se eximido de sua responsabilidade. Na sociedade daquela época, a esterilidade era um motivo comumente aceito para o divórcio. Ele poderia ter se livrado dela, ter se casado com uma mulher mais jovem e ter filhos com esta, tirando aquela terrível maldição de suas costas. Muitos outros teriam tomado esse caminho. Mas não Zacarias. Em vez disso, ele orou (Lc 1,13). Ele entregou o caso para a única pessoa que poderia fazer alguma coisa. E, embora não possa provar, imagino que ele tenha orado junto com Isabel, o que significa que ele ministrava às necessidades dela. Dois anciãos no Templo de Jerusalém. Zacarias era um homem à frente de seu tempo, que amava e respeitava sua esposa e que juntos superavam os problemas pela oração e companheirismo.
Podemos nos perguntar se hoje, como casal, estamos dispostos a superar juntos as dificuldades vividas por um dos cônjuges?
Reservamos um tempo diário juntos para oração?
Outro ponto marcante na vida de Zacarias é a circuncisão, quando Isabel interfere, no momento da escolha do nome do filho. Zacarias confirma, na presença de todos, a decisão de sua esposa Isabel, de colocar o nome do filho de João. Algo que não era próprio da cultura judaica, pois a mulher não tinha o poder de decisão sobre o nome do filho.
O parágrafo acima nos leva a refletir de como está o diálogo matrimonial e o respeito entre os cônjuges frente as decisões que necessitam ser tomadas.
Na História da Salvação, vemos a valorização da dignidade do homem e da mulher no amor conjugal para todos os tempos, é um estímulo para os cônjuges viver a beleza da vocação matrimonial. Quando o amor é verdadeiro, desenvolve-se e produz frutos com o tempo: a semente torna-se uma grande árvore.